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Artigos

 
  • Rendição de um desleal covarde

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 29/08/2004

    Minha primeira profissão, iniciada aos 17 anos, foi o jornalismo, motivo de grande orgulho. No meu tempo, não havia escola de comunicação, a gente se formava no tapa mesmo. Não sou diplomado, mas tenho a carteira do Ministério do Trabalho, velhusca porém digna, onde meu registro profissional é consignado. E uma das coisas que a gente logo aprende é que a convivência da imprensa com o poder é problemática. O poder, principalmente em países de tradição autoritária como o nosso (é isto mesmo o que estou dizendo), é muito melindroso quanto a qualquer crítica feita pela imprensa e, por ser amiúde corrupto ou delinqüente, costuma não ter grande apreço por uma imprensa livre.

  • O integralismo revisitado

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 28/08/2004

    Duas novelas ou minisséries da TV Globo, a pretexto de apresentar o cenário ideológico vigente na primeira metade do século passado, fizeram referência ao integralismo fundado por Plínio Salgado, mas com manifesta má-fé, como é hábito dos chamados "esquerdistas", até o ponto de apresentá-lo como simples variante do hitlerismo, com gangues atuantes com deliberada e constante violência.

  • Agosto de 1954 - meio século depois

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 25/08/2004

    Ele chegara ao poder, em 1930, no bojo de uma revolução libertária que iria interromper o círculo vicioso de uma alternância do ''café com leite'', entre São Paulo e Minas, enterrando os ossos de 40 anos do liberalismo republicano, que ele considerava perempto, falido e ultrapassado. Superou várias tentativas para depô-lo: as revoluções constitucionalista de 32 e a comunista de 35, além do putsch integralista de 38. Conseguiu sair de todas cada vez mais forte.

  • Navegar é preciso

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 24/08/2004

    Navegar é preciso, sem dúvida. Como também escrever é preciso. Mapa da Europa, no fim do século XV, nos mostra Portugal como om "fim do mundo", uma verdadeira "finisterra", além da qual tudo era mistério. A latinidade ali se espremia - e também se exprimia - e terminava diante do mar. Para vencer aquele obstáculo, era preciso navegar.

  • O malthusianismo estudado

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 24/08/2004

    A teoria de Malthus vem sendo exaustivamente estudada. Inúmeros são os seus adeptos e inúmeros os contrários. Não há concordância entre um e outro lado, pois a população do mundo aumenta cada vez mais. Imagine-se que o Brasil já possui quase 180 milhões de habitantes, os Estados Unidos conta cerca de 100 milhões a mais, e a China tem a alucinante cifra de 1,3 bilhões de seres humanos, que precisam ser alimentados, vestidos, casados e ainda terem algum lazer.

  • 50 anos

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 24/08/2004

    Rádio e TV ligados, não senti a noite passar. A crise política fervia, dizia-se que o presidente iria renunciar, forçado pelos militares que o responsabilizavam por um atentado em que morrera um major da Aeronáutica. Nas primeiras horas da madrugada, um aparente alívio na tensão. O ministério divulgara uma nota em que o presidente pediria licença de seu mandato desde que fossem mantidas a ordem e as instituições.

  • Martinho e a cultura negra

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 22/08/2004

    O Brasil aprendeu a gingar em Angola e sofreu influências variadas, que passam por Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Portugal. É natural que não queira (e nem deva) se desprender das suas raízes, apesar de tudo o que isso representa em sofrimento, escravidão e miséria.

  • Realismo nacional

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 22/08/2004

    Vivendo e não aprendendo. Volta e meia, se bem deva ressaltar que é nas ocasiões em que me acho provocado ou convocado, tenho uns ataques de indignação a que dou vazão por escrito. E aí, no dia da publicação, retorna a sensação que me acompanha desde que peguei experiência em jornalismo: coisa mais besta, não adianta nada ficar falando ou reclamando, nunca adiantou. Sim, claro que, em oportunidades especiais (ou “tópicas” - tenho lido muito esta palavra e não sei bem o que querem dizer com ela, mas soa chique e resolvi usá-la, também sou filho de Deus), escrever sobre algum problema ajudou a resolvê-lo. Mas somente o problema, não a situação que o causou ou o estado de coisas em que sempre vivemos, embora piorado nos últimos anos. (Não estou falando mal do governo agora; olá, pessoal que adora ler nas entrelinhas, não tem entrelinha nenhuma, não estou falando mal do governo, estou falando da vida em geral nos anos mais recentes, garanto a vocês.)

  • Brasil no Olimpo, sem futebol

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 20/08/2004

    A bola da vez é a Olimpíada. Não temos ganhado medalhas, mas estamos felizes dentro das competições, e nossos locutores, de pulmão cheio, proclamam: "O Brasil não é só o país do futebol, mas de Olimpíada", embora a nossa equipe campeã mundial tenha sido eliminada.

  • Deitando e rolando

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 18/08/2004

    Um depoimento pessoal sobre os conselhos de redação, que ali por volta dos anos 70/80, graças à eficiente militância petista no meio jornalístico da época, tentaram tomar o poder nos jornais e revistas. É evidente que havia um pretexto nobre, os salários baixos, que tornavam as greves recorrentes, não precisando haver uma crise específica para um confronto com as empresas.

  • A imagem do nazismo

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 18/08/2004

    Quem lê, ainda hoje, a história da formação do partido nacional socialista dos trabalhadores alemães, ou, simplesmente, na abreviatura alemã, nazismo, tem o conhecimento seguro da submissão da nação alemã ao partido. O partido se sobrepôs à nação e passou a dominá-la em todos os sentidos. Nada se fazia sem ordem do partido e Hitler, todo poderoso, no alto da hierarquia do mando, tinha as mais barulhentas dentre as idéias que um chefe poderoso pode ter.

  • Poesia, mito, palavra

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 17/08/2004

    Deseja o autor destas linhas informar, antes de tudo, que há muito esperava fosse este livro - "A deusa branca" ("The white goddess"), de Robert Graves - traduzido no Brasil. Trata-se de um estudo completo sobre a existência da poesia. Pois há poucas semanas "The white goddess" foi aqui publicado em português. Numa de suas primeiras páginas o autor pergunta: "Qual é a utilidade da poesia hoje? A função e o uso permanecem os mesmos, apenas sua aplicação se alterou".

  • Agora só falta um ato institucional

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 15/08/2004

    Em episódio que não sei mais se se estuda na História do Brasil, pois nem mesmo sei se ainda se estuda História do Brasil, nos contavam, às vezes com admiração, que D. Pedro, o da Independência, irritado com a primeira Assembléia Constituinte brasileira, por ele considerada folgada e ousada, encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo Estado. Decerto a razão não é esta, é antes um sintoma, mas vejo aí um momento exemplar da tradição de encarar o Estado (que, na conversa, chamamos de “governo”) como nosso mestre e os nossos direitos como por ele dadivados. Os governantes não são mandatários ou representantes nossos, mas patrões ou chefes.