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Artigos

 
  • Democracia e maratona na praça

    O que foi que levou à renúncia de Mubarak, após a maratona do vaivém entre as cheias e o quase cansaço do povo, da Praça Tahirir? A queda do regime não nasceu de nenhuma arquiconspiração, nem de um trabalho missionário de elites, nem de uma catequese que chegasse ao seu ponto de ignição. Funcionou, sim, o exemplo tunisiano, num quadro mimético, mas que acendeu uma profunda exaustão com o regime. Os protagonistas decisivos da mudança vieram a ser essas forças armadas, profundamente coesas, com um treinamento de elite, e que, desde a saída, com o assentimento presidencial, negaram-se a coibir, pela violência, a manifestação popular, Esta se fazia com toda a espontaneidade de um primeiro protesto, que encontrava, também, em outra experiência virgem, nestes trinta anos de governo, a ausência de repressão. A Praça Tahrir tornava-se o local de um plebiscito vivo e continuado. Ou, até mesmo, em estratégias de mobilização, do que fosse a massa, no contra ou pró-Mubarak. Esta, indiscutivelmente, nascida de organizações governamentais, apostando, inclusive, num primeiro cansaço do povo na Praça. O estopim recrudesceu, pela retórica de novos protagonistas, liberado das prisões iniciais, pelo jogo continuado do não-intervencionismo das forças armadas. Deixou-se à perseverança da presença popular o desfecho final, do que fosse o sustento do regime para a mantença da ordem.

  • Uns tirinhos no Egito

    Neste mundo globalizado, de informação em tempo real, o contágio e a imitação fazem com que nada fique isolado e tudo se propague, se expanda como um rastilho de fogo. A internet livre e sem fronteiras fez com que o desejo de sacudir o jugo dos domínios partisse da Tunísia para Egito, Argélia, Jordânia, Barein, lêmen e agora Líbia. Não sendo profeta, apenas vejo que a Arábia Saudita é a próxima vítima ou protagonista.

  • Um pé de amoreira

    As fábulas podem ou não nos trazer lições.Mas, como nos adverte Jorge Luís Borges, bastam as fábulas, por nos levarem as lições de um inadequado moralismo.Pois a fábula já é a lição. Como não há que falar na ponte, se estamos no rio.

  • Estipular, definir e delimitar a ação do Estado

    Por que alguns governos democráticos têm bom desempenho e outros não?, indaga o cientista político Robert Putman na obra "Comunidade e democracia", cujo objetivo é contribuir para a compreensão do modo como as instituições formais influenciam a prática da política e do governo. Disso decorrem outras perguntas: "Mudando-se as instituições mudam-se também as práticas? O desempenho de uma instituição depende do contexto social, econômico e cultural? Se transplantarmos as instituições democráticas, elas se desenvolverão no novo ambiente, tal como no antigo? Ou seria que a qualidade de uma democracia depende da qualidade de seus cidadãos e, portanto, cada povo tem o governo que merece"?

  • Sobre o Holocausto

    Em 1/11/2005 a Assembleia-Geral da ONU aprovou por consenso resolução copatrocinada pelo Brasil que criou o dia internacional da comemoração das vítimas do Holocausto. Designou 27 de janeiro como a data para essa celebração, dia em que, no ano de 1945, as tropas soviéticas libertaram Auschwitz. A visualização dos horrores desse campo de concentração fez do nome de Auschwitz o símbolo do ineditismo do mal que o Holocausto, promovido pelo regime nazista, encarnou ao levar adiante, de forma organizada e deliberada, a preconceituosa e gratuita descartabilidade, em larga escala, de seres humanos (judeus, mas também ciganos, homossexuais, doentes mentais e deficientes).

  • Sobre as dez razões de um cronista

    Numa primorosa crônica, Luiz Fernando Veríssimo apresentou dez razões para aceitar de conhecido empresário um milhão de dólares. No meu caso, ouso apresentar dez razões para a rejeição dessa oferta:

  • O fogo se espalha

    "A ideia da liberdade não morre nunca" - esta frase foi do herói grego Leônidas, que, mesmo morto, indagado pelo seu inimigo Xerxes, disse esta eterna verdade. Oriente Médio, Golfo Pérsico, Mar Vermelho, Mediterrâneo - diga-se Egito, Líbia, Iêmen, Tunísia, Argélia, Bahrein, Marrocos - há muito tempo preocupam o Ocidente.

  • Orquestra e coro

    Primeira viagem oficial da presidente Dilma, a Sergipe, e o anúncio de um novo ministério que vai se somar aos 37 já existentes, que ela herdou da administração passada. O gigantismo do Executivo torna-se suspeito.

  • Direito à educação de qualidade

    Foi um enorme sucesso o I Simpósio"Direitos Humanos na Educação que Transforma", realizado no Teatro Raul Cortez,em Duque de Caxias. Com mais de 500 professoras inscritas, o objetivo da secretária Roseli Ramos foi plenamente alcançado: a realização de um amplo debate para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.   

  • A severa lua de mel presidencial

    Debruça-se, sôfrego, o País, sobre as diferenças entre os governos Dilma e Lula, ainda na lua de mel com o poder da presidente. Desponta o rigor com a premissa fundamental da distribuição de renda, expressa no valor do salário mínimo. Não se deu conta a oposição da contundência da aprovação da importância de R$ 545,00 pela Câmara, mas, sobretudo, da passagem de todas as futuras fixações desse salário à decisão do Executivo. Eliminou-se o último poder de barganha congressual no que seja, daqui para diante, o montante que o Planalto queira emprestar a esses valores, sem desgastes demagógicos com o tucana-to, ou pressões sindicais. 

  • Uma lição para comentário

    De onde teria saído essa lição que condena o uso de ‘da’ por ‘de a’ em construções que já comentamos aqui, como ‘É tempo da pessoa descansar’,em vez de ‘É tempo de a pessoa descansar’?  

  • Moacyr Scliar

    Ao longo de muitos anos no ofício, raríssimas vezes comentei os livros lançados no mercado editorial. Não faz muito, abri uma exceção para Moacyr Scliar, escrevi sobre seu último romance, "Eu vos abraço, milhões". Partindo de um verso de Schiller na "Ode à alegria", o mesmo poema que Beethoven aproveitou para compor sua "Nona Sinfonia", ele contou a história de uma geração atraída pelas conquistas sociais do comunismo romântico que se espalhou pelo mundo após a revolução soviética de 19l7. A mesma geração que mais tarde de desencantou e se arrependeu de ter queimado o "Dom Casmurro" -um "romance burguês para burgueses". Uma geração que não  chegou a ser perdida, como o próprio Scliar nunca se perdeu em sua honesta e brilhante trajetória humana e intelectual.

  • Nabuco nas ruas

    Joaquim Nabuco vai instalar-se, feito em bronze, definitivamente na praça em frente à Academia Brasileira de Letras, ao lado de Manuel Bandeira. Pernambuco não poderia almejar mais. Seu grande poeta e seu grande escritor-político, imagens protegidas em bronze, ficam juntos, como espécie de guarda suprema da Casa de Machado de Assis.

  • Eu não morri

    A frase do título foi do meu conterrâneo Gonçalves Dias, quando, naquele tempo da navegação à vela, em que as notícias iam pelo vento, os jornais do Rio de Janeiro noticiaram a sua morte.