
Ocorre com a pessoa
[2]Citei várias vezes o padre Antônio Vieira, uma nota de psicologia humana, que vemos, com, freqüência reproduzida, principalmente na vida pública, no Estado-espetáculo que é o característico da política de nosso tempo.
Citei várias vezes o padre Antônio Vieira, uma nota de psicologia humana, que vemos, com, freqüência reproduzida, principalmente na vida pública, no Estado-espetáculo que é o característico da política de nosso tempo.
O "ABC da literatura", de Ezra Pound, está entre o que de melhor produziu e ensaística literária do século XX. Em matéria de aferimento poético, principalmente, poucos outros livros os nossos tempos chegaram ao nível deste. Vale a pena, por exemplo, acompanhar o pensamento de Pound sobre Arnaud Daniel, o grande poeta do século XII.
Flor tem moda como roupa de mulher. E as plantas do tempo antigo, flores, folhagens e ervas de cheiro, ninguém as cultiva mais. Agora são só aqueles estúpidos fícus italianos que parecem feitos de plástico, os antúrios e até tulipas.
É com palavras que se fazem poemas. Com palavras e com letras, sons, riscos, traços, mas também com o silêncio. Há um silêncio que segura versos, cesuras, ritmos, tornando-os mais significativos. Sob esse aspecto, a boa prosa e a boa poesia se ligam intimamente quando buscam pelo ser.
Tenho cá minhas dúvidas sobre a eficácia da transição que se opera toda vez que um governo substitui outro. Na rotina burocrática ela é necessária, para que os novos governantes saibam onde estão os botões, as válvulas, os intrincados subterrâneos do Estado, que deveriam estar a cargo de um funcionalismo técnico de caráter permanente.
É assim mesmo. Morreu Antônio Carlos Vilaça, no sábado, 28 de maio. Apenas uma pequena informação, na seção dos anúncios fúnebres, noticiando o seu falecimento, providência de anônimos que o admiravam. Estava abrigado no asilo São Luís, destinado a idosos sem família e sem recursos, em fase de doença terminal. Durante algum tempo, por iniciativa de Marcos Almir Madeira, ocupava um quarto na sede do PEN Club do Brasil. Com a morte de Madeira, acho que foi despejado e foi parar num asilo.
Engraçado, a gente. Do que tem medo, escarnece e põe nome feio. Morte, por exemplo. Verdade que a própria palavra morte, não sendo bela, tem, contudo a sua dignidade; tanto ela como as que dependem do seu radical: morto, mortal, mortalidade. Porém, todos os demais vocábulos que com a morte se relacionem, quando não são o simplesmente horrível, são ligeira ou pesadamente sobre o grotesco. Defunto, cemitério, cadáver, esqueleto, caveira, cova, sepultura, múmia, embalsamar, velório, funeral, moribundo, ossuário, verme, formol, fantasma, necrotério, viúvo e a mais repugnante de todas: papa-defunto. E não adianta apelar para as formas eruditas, porque ainda fica pior: necrópole, sarcófago, inumar, exumar, necrológio, exéquias, parca, féretro.
As enchentes são desses assuntos que, entra ano e sai ano, são presentes na vida dos paulistanos desde a chegada dos jesuítas ao planalto predestinado, que é este, onde vivemos.
Terminada a apuração dos votos da última eleição, com a vitória espetacular de Luiz Inácio Lula da Silva, verifico que tinha razão quando em artigo anterior (28/9) concluía que, ante um cenário político multifacetado, devido ao baralhamento das posições ideológicas e partidárias, o eleitor não podia senão votar em razão das qualidades pessoais atribuídas a seus candidatos.
Uma frase pronunciada pelo presidente Lula durante um jantar na embaixada do Brasil em Tóquio quase provocou outra tensão diplomática entre Brasil e Argentina. O principal jornal do país vizinho, o "Clarín", reproduziu informações da coluna do jornalista Fernando Rodrigues, na Folha, de que o presidente brasileiro disse a interlocutores que "temos de ter saco para aturar a Argentina". A frase, entretanto, foi traduzida pelo diário como "hay que tener bolas para bancar a los argentinos", o que pode ser interpretado não no sentido que tem a expressão em português, de ter paciência, mas sim algo parecido com "temos de ser machos para agüentar os argentinos". Folha Brasil, 31.05.2005
Pela décima vez consecutiva (foi lançado em novembro de 1993), chega o movimento "Paixão de Ler" a uma abrangência que engloba toda a cidade numa série de iniciativas que aproximam crianças e adultos do livro como objeto mágico e do hábito da leitura como necessidade básica do ser humano. É principalmente através do livro que saímos de nós mesmos porque neles se acha a raiz inteira do pensamento e da emoção: a palavra. Não só a palavra pura e simples (pensada ou falada), mas a palavra escrita, que preserva a memória dos tempos e das pessoas.
Os acadêmicos Evanildo Bechara, Arnaldo Niskier e Josué Montello desfraldaram no plenário da ABL uma bandeira honrosa e nobre: a bandeira da defesa da língua portuguesa. Porque a verdade é que ela está correndo sérios riscos, desde quando, nos currículos escolares, foram extintas disciplinas que enriqueciam a cultura humanística dos nossos estudantes.
Como faz todos os anos, o Ciee/SP, em parceria com o jornal "O Estado de S. Paulo, entrega a uma personalidade brasileira o troféu "Guerreiro da Educação". Este ano, a láurea coube ao professor Hélio Guerra, ex-reitor da Universidade de São Paulo e figura eminente da Escola Politécnica da USP.
Às 16 horas de hoje, no calçadão da Avenida Atlântica do Rio de Janeiro, será inaugurado um monumento a Carlos Drummond de Andrade, semelhante ao de Fernando Pessoa num café de Lisboa. Uma estátua do nosso poeta nacional, de tamanho natural, mostrar-se-á sentada num banco do Posto 6, o mesmo que o poeta usava, diante do mar.
Nos bondes de antigamente, a figura máxima, autoridade suprema, era a do cobrador. Equilibrava-se precariamente nos estribos superlotados, vestia farda de casemira com colete de infinitos bolsos, sua função - como o nome indicava - era cobrar. Cobrar o preço das passagens.
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