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Artigos

 
  • Jogo roubado

    Há muitos anos, lá em Itaparica, todos os presentes a uma seleta mesa no bar de Espanha mostraram grande surpresa e mesmo incredulidade, quando, convidado a participar de um joguinho de biriba, Zé de Honorina se recusou e fez uma revelação de impacto.

  • A demência do Quixote

    Dificilmente uma obra de ficção terá tido mais repercussão em nossa cultura do que o Dom Quixote, que, em matéria de número de traduções, só é superado pela Bíblia. E no entanto o propósito de Miguel de Cervantes Saavedra ao escrever o livro era relativamente modesto; não pretendia mais do que satirizar os romances de cavalaria então muito populares.

  • Como uma língua funciona

    Helena, que trabalha na área da Engenharia, encantada com Ciências Humanas, nos pede que comentemos como as línguas funcionam. A indagação de nossa leitora nos oferece a oportunidade de dizer algumas coisas de interesse aos demais leitores desta nossa coluna. Comecemos por lembrar que nosso primeiro gramático, Fernão de Oliveira, já em 1536, afirmava que os homens fazem a língua, e não a língua os homens. Isso nos leva a concluir que uma língua é essencialmente um objeto cultural, conquista da inteligência e labor dos seres humanos. Este passo nos pennite lembrar outra lição de Oliveira, que as línguas são o que os homens fazem dela; isto significa, portanto, que as línguas acompanham os acontecimentos históricos, de glória ou de fracasso, por que passam as comunidades que as falam. A língua é patrimônio de cada indivíduo, mas também patrimônio de cada comunidade em que cada um está Inserido. Isto significa que todo Indivíduo tem limitado seu poder de criatividade; seu sucesso vai depender da aceitação do grupo a que pertence, porque a língua é também um fato social. 

  • Um livrão no Planalto

    Há três dias a Fundação Joaquim Nabuco lançou, no Palácio do Planalto, um livro que se destina a ser raro e fazer escola: dois volumes de entrevistas com os chefes de comunicação da Presidência da República, desde JK a Lula. É, no fundo, a primeira publicação sobre os segredos do poder presidencial, como se tomam decisões, e os bastidores de como elas chegam ao público. Foi uma inovadora iniciativa do ex-porta-voz André Singer com fotos de Orlando Brito. As entrevistas são excelentes e revelam a tensão permanente entre o governo e os comunicadores, jornalistas em síntese. 

  • A valorização do ensino técnico

    A leitura do livro do educador paraibano Itapuan Bôtto Targino, "100 Anos do Ensino Industrial Brasileiro", mostra a necessidade de repensar a profissionalização no nosso país, através dos seus fundamentos.

  • Não para a escola,mas para a vida

    Se o jovem médico de saúde pública que um dia eu fui lesse a manchete da Zero Hora do dia 28 de agosto, “IBGE alerta para obesidade de adolescentes na Capital”, simplesmente não acreditaria; rotularia o anúncio como algo do gênero ficção científica. Porque, durante muito tempo, o problema básico do Brasil foi a desnutrição, não a obesidade.

  • O Aleph

    William Blake costumava dizer: "podemos ver o infinito em um grão de areia, e a eternidade em uma flor". Na verdade, basta um simples momento de harmonia interior para que isso aconteça. O grande problema reside aí: quase nunca nos permitimos atingir este estado - o momento presente em toda a sua glória.

  • Satã entre nós

    Diversas vezes comentei neste espaço que os recentes episódios da política nacional continuam dando motivo para a indiferença (ou o nojo) de grande parte da população.

  • Inclusão digital em escolas públicas

    Uma das frequentes observações que se faz, no mundo da educação brasileira, é o fato de que convivemos com realidades rigorosamente distintas.  De um lado, escolas beneficiadas, sobretudo nos grandes centros urbanos, com uma qualidade que nada fica a dever às nações pós-industrializadas. O Enem é bem uma realidade disso.   De outro lado, escolas paupérrimas, principalmente no interior do país, sem condições de contribuir para o desenvolvimento local.

  • Olha, mamãe, sem as mãos

    Esses dias, o ator Francisco Cuoco, da Globo, levou um tombo de bicicleta. Nada grave, ele teve só escoriações, mas seu orgulho provavelmente ficou abalado. Ciclista que se preza não cai da bicicleta nem se acidenta; este é um veículo que, mesmo tendo só duas rodas, a gente consegue controlar, e existe até quem faça nele arrojadas acrobacias.

  • Zecamunista fecha com Dilma

    Sou do tempo do furo de reportagem e, embora há muito tempo afastado das redações, ainda vibro com a oportunidade de dar uma notícia em primeira mão, o que agora faço através do título acima, ao qual não resisti adicionar um ponto de exclamação. É a pura verdade. De volta a Itaparica, depois de sua temporada de inverno, em consagradoras rodadas de pôquer com magnatas até de Santo Antônio de Jesus, Zecamunista apareceu inesperadamente no bar de Espanha, durante o happy hour das 10 da manhã, e anunciou a abertura do Comitê Eleitoral Tamos com Ela.

  • Monotonia temática e certezas óbvias

    O último debate dos presidenciáveis não demonstrou apenas a pobreza polêmica do entrevero mas, sobretudo, de que forma a temática de um programa de governo não sensibiliza a nova ida às urnas. Não é só o fato consumado da vitória de Dilma que vem à frente, mas esse quase consenso, do que há a fazer daqui para diante.

  • Construção da paz e realpolitik

    A pergunta sobre política externa dirigida por Serra a Dilma, no último debate televisivo, inquieta quanto à estreiteza da visão tucana do nosso País lá fora. Não há que extremar um repúdio a Lula pela retórica de aproximação com o Irã, frente aos objetivos, a largo prazo, do nosso horizonte internacional. Trata-se, sim, da mais clara realpolitik, e é dela que, por paradoxo, exatamente se alcança um novo conceito de paz para os nossos dias. Aliás, não foi em outra dimensão que Dilma respondeu a Serra, precisando o quanto superfra-ses, ou meias palavras, valem sempre para reabrir o clima de debate e diálogo, indispensáveis à quebra do mundo das hegemonias e seus preconceitos.  

  • Ovo de Colombo

    Simbolismo é coisa que ao ovo não falta. Por causa de sua forma, lembra-nos o próprio planeta que habitamos. O ovo contém a semente da vida, e é por isso um símbolo de fertilidade, da potência até (o ovo de codorna é particularmente famoso neste sentido), do ciclo vital. Não por outra razão se tornou um emblema da Páscoa, a festa da ressurreição de Cristo. Finalmente vamos lembrar que, quando Colombo colocou um ovo de pé sobre a mesa, quebrando um pouco da casca, criou uma metáfora para lembrar que dá para fazer coisas inesperadas mediante a inteligência.