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Artigos

 
  • As Guerras Púnicas

    - Há quem admire ou inveje os cronistas que dispõem de espaços na mídia, podendo escrever ou abordar assuntos fora da pauta dos editores e até mesmo das características essenciais do veículo, seja jornal, revista, rádio ou TV.Ledo e ivo engano! Trabalho nesta praia há muitos anos e até hoje não consegui emplacar um assunto de minha preferência: as Guerras Púnicas.

  • Previsões previsíveis

    Na campanha eleitoral que, a despeito das aparências, transcorre no momento, tenho sentido falta de previsões de pais de santo, videntes, astrólogos e outros que enxergam o futuro.

  • O sacerdote e o filho

    Durante muitos anos, um sacerdote brâmane cuidava de uma capela; quando precisou viajar, pediu a seu filho que se encarregasse das tarefas diárias até o seu retorno. Entre essas tarefas, o menino devia colocar a oferenda de alimento diante da Divindade, e observar se Ela comia.

  • Voto e fatalismo cívico

    A fatalidade da vitória de Dilma não acarreta, apenas, um desinteresse crescente à campanha, implica uma completa deserção das temáticas do futuro governo, e leva a candidata até a descartá-los como fator de mobilização do voto para o 3 de outubro. De toda forma, é de se esperar uma manifestação clara sobre a negativa de qualquer Assembléia Constituinte para obter-se a decantada e utópica reforma política nacional.A consciência pública já se deu conta do novo escapismo que representaria a proposta suscitada por Marina, na contramão das prioridades do "que-fazer" brasileiro.

  • Pronúncias daqui e de lá

    O jovem universitário Enio Reis, de Salvador, pede-nos que  explique a razão da pronúncia da variante europeia do português, que em sua opinião é “muito má”. Tal solicitação nos oferece a oportunidade de trocar ideias sobre certas opiniões distorcidas que o falante comum tem de sua própria língua,distorções que o levam a sérios enganos.

  • A candidatura Dilma e a política externa

    “Nunca, jamais, na História deste país” - para evocar o bordão preferido do presidente Lula - um chefe de Estado se dedicou a mobilizar tantos recursos para favorecer a sua candidata numa eleição presidencial. Na campanha, o tema recorrente do presidente tem sido a importância da continuidade do que entende ser a inédita qualidade do seu governo. Essa continuidade a candidata Dilma Rousseff, por ele ungida como um seu Outro Eu, teria o dom de levar adiante, até mesmo em matéria de política externa. Assim, no debate democrático sobre as opções que o País tem pela frente, cabe uma discussão sobre a qualidade da diplomacia lulista.

  • Cartão amarelo

    Na crônica anterior (“A dúvida e a dívida”), lamentei sinceramente a crise que bagunçou o coreto da Casa Civil, já bagunçada por episódios escandalosos até agora não explicados e punidos. Embora não votando nos candidatos principais à sucessão de Lula, eu achava que o eleitorado estava bem servido com Serra e Dilma, que se equivalem em méritos e em moralidade.

  • O preço da felicidade

    Para saber até que ponto dinheiro compra felicidade, estatísticos analisaram um banco de dados gigantesco. A renda é um dos fatores que tem aí peso importante. Diz Daniel Kahneman, da Universidade Princeton: "Uma renda pequena exacerba as dores emocionais associadas a problemas como divórcio, doença ou solidão". As condições para a felicidade são: ser religioso, não ser jovem, ter plano de saúde, ter curso superior, ser casado, ter filhos, e ganhar mais de R$ 6.800 por mês.Folha.com

  • As aparências enganam. E muito.

    No excelente Milênio (GloboNews), Lucas Mendes recentemente entrevistou Paul Bloom, psicólogo norte-americano, professor da Yale, cuja área de interesse é muito atual, e pode ser sintetizada no título de um de seus livros: How Pleasure Works: The New Science of  Why We Like What We Like (Como Funciona o Prazer: A Nova Ciência de por que Gostamos Daquilo que Gostamos).Ao contrário do dito popular, o professor Bloom acha que gosto se discute, sim, e quer saber o que está atrás de nossas escolhas em várias áreas, que vão desde a arte até as coisas do cotidiano. 

  • O livro dos livros

    Embora contra a vontade, respondo a um amigo que me pede uma relação de livros que eu gostaria de reler, caso dispusesse de tempo. Em minha resposta, incluiria alguns livros que realmente gostaria de reler — não por serem bons ou necessários, mas apenas por fidelidade pessoal. Estanharam que eu incluísse Michel Zevaco e Alexandre Dumas, deixando de relacionar Shakespeare, Homero ou Dante. Ora, senhores, livros há que necessariamente obrigam a que se arranje tempo e vontade para a releitura. No caso de Shakespeare, por exemplo, qualquer folga na minha rotina e eu pego o "Otelo". Por modéstia, não vou dizer aqui os livros que obrigatoriamente leio todos os anos. Posso adiantar alguns, como "Tartarin de Tarascon", "Asia", "Memórias de um Sargento de Milícias", a Constituição do Brasil e o Código Nacional de Trânsito. São leituras pias e úteis, a que me obrigo por dever e gosto, tentativas frustradas de me tomar um bom cidadão. Stendhal lia todas as semanas o Código Civil em busca de um estilo seco, despojado, perfeito.

  • A vã e ingênua reforma política

    Fenômeno inédito depois do disparo de Dilma é a desaparição de Serra nos cartazes de candidatos de oposição. Aí estão imagens novinhas, despojadas do nome do presidenciável tucano. Mas esse quadro de abandono das esperanças ao Planalto não se acompanha de subida da onda petista capaz de abalar as duas candidaturas decisivas na composição do poder político após as eleições. Por mais que dobre o apoio a Mercadante, a vantagem final de Alckmin parece garantida, e Anastasia já se antecipa ao candidato petista em Minas. O efeito Aécio parece equilibrar a longo prazo uma hegemonia de Dilma no Planalto.

  • A alternativa

    Não parece, mas a crônica anterior, publicada na quinta-feira, sobre as Guerras Púnicas, gerou inesperado retorno dos leitores, que se manifestaram em e-mails, todos a favor. Menos um, que preferia assunto mais recente e mais empolgante, como o caso da Receita Federal versus a filha do Zé Serra.

  • A agonia do JB

    O Jornal do Brasil nasceu em 1891, fundado por Rodolfo Dantas, filho do Conselheiro Dantas, lendária figura do Império, para combater a República. Eram os viúvos da Monarquia, como dizia Nabuco, que formavam sua equipe de enfrentamento.

  • Onde estava o povo?

    Mesmo antes da fotografia, cenas importantes da história dos povos eram retratadas por artistas famosos. Que usavam tanto o conhecimento do que havia acontecido como sua própria imaginação. A distorção da realidade era inevitável, mas, de qualquer modo, trata-se de obras importantes. No caso do Brasil, permitem uma sempre oportuna reflexão sobre a relação entre povo e poder. Três quadros são, neste sentido, paradigmáticos, a começar por A primeira missa no Brasil, do catarinense Victor Meirelles de Lima (1832-1903). De origem humilde, Victor Meirelles teve, no entanto, seu talento logo reconhecido, tornou-se aluno da Academia Imperial de Belas Artes, aperfeiçoou-se na Europa, especializou-se em pintura histórica. Seu quadro mostra a primeira missa rezada em nossa terra. Vemos ali, diante de um improvisado altar, um padre, no momento em que eleva no ar o cálice com o vinho. Próximos a ele, frades e os descobridores, alguns com couraça e armas. Na periferia, sentados no chão, ou sobre árvores, os índios, aparentemente espantados com o que estão vendo. O segundo quadro é obra do artista paraibano Pedro Américo, que, como Victor Meirelles estudou em Paris e era um respeitado representante da arte acadêmica no Brasil. Em 1888, e a pedido do governo imperial, pintou uma gigantesca tela, de quase 8 metros de largura por 4 metros de altura, que atualmente está no salão nobre do Museu Paulista da USP. A denominação original era Independência ou Morte, mas a obra ficou conhecida como O grito do Ipiranga. Além de Dom Pedro, os personagens principais são os garbosos cavaleiros da comitiva; formam um semicírculo à direita e à frente do grupo principal. À esquerda, Pedro Américo não colocou cava leiros; mas, e até por questões de simetria, algo, ou alguém, tinha de aparecer ali. O artista então optou por uma solução que, se não chega a ser inusitada, pelo menos chama a atenção. O que temos ali, à esquerda, é um homem do campo, conduzindo uma carreta com toras, um espectador absolutamente casual que olha a comitiva com óbvia curiosidade e até espanto.