A multidão da Praça da Catalunha, em Barcelona, e da Praça Real, em Madrid, nos dois últimos meses, manifestou uma revolta profunda com os procedimentos democráticos tradicionais para o avanço das liberdades do bem-estar do nosso tempo. Põe em causa, e imediatamente, o fracasso das mediações políticas vividas pelo Ocidente desde a Revolução Francesa e Americana. Retoma-se o questionamento de si, as maiorias congressais exprimem um conformismo dominante, e, por aí, as visões da mudança exigem a presença contínua das minorias na decisão política. Tal, sobretudo, quando a opinião pública ou a comunicação social expõem-se aos controles midiáticos ou, sobretudo, ao tribalismo da internet e das novas sociedades fechadas, no intercâmbio desses grupos e de sua visão da realidade. Antes de se esvaziar, a Praça da Catalunha constituiu-se em grupos e subgrupos, divididos não só entre as prioridades de um que fazer, mas sob a própria dúvida da chegada a qualquer consenso. Ou, mais ainda, à visão ampla das contradições em que irrompe a nova década.