
A hora é essa
Desde criança que não entendo o mundo em que vivo. E agora, muito menos. Penitenciei-me no último fim de semana lendo os programas dos candidatos presidenciais da eleição de 2010, sobretudo o de Dilma.
Desde criança que não entendo o mundo em que vivo. E agora, muito menos. Penitenciei-me no último fim de semana lendo os programas dos candidatos presidenciais da eleição de 2010, sobretudo o de Dilma.
O Brasil tende a aderir aos principais países ocidentais e reconhecer o Conselho Nacional de Transição da Líbia como o verdadeiro governante do país, mas só depois que a Liga Árabe e outros países da região como o Egito, a Tunísia e a Autoridade Palestina deram seu "apoio pleno" aos rebeldes líbios.
Li que, na Inglaterra, estão pensando em criar um filtro para controlar a comunicação pela internet -que está sendo acusada de incentivar distúrbios e distorções que prejudicam a sociedade e os cidadãos. Não deixa de ser uma tentativa de censura, mas o furo é mais em cima.
Mais uma vez a reação da chamada sociedade civil organizada consegue reverter uma decisão no mínimo polêmica dos políticos de Brasília. Desta, os deputados indicados por PT e PMDB para a presidência e a relatoria da comissão que vai estudar as mudanças no Código de Processo Civil "desistiram" da indicação depois que a OAB e várias outras associações protestaram.
Ao final da conferência sobre Érico Veríssimo, para alunos da rede municipal de ensino, o filólogo e Acadêmico Evanildo Bechara foi demoradamente aplaudido. O ato fazia parte da bem-sucedida Maratona Escolar promovida pela Secretaria Municipal de Educação, com o apoio da Academia Brasileira de Letras. Há diversas razões para a reação entusiástica da plateia. Uma delas certamente é o prestígio de Bechara, no cultivo da língua portuguesa. Outra é a forma da sua apresentação aos jovens. Pegou um trecho do romance Clarissa, em que Érico Veríssimo homenageou sua filha, colocou na tela e fez uma cuidadosa análise do significado do estilo desse autor e de tudo o que estava nas entrelinhas do seu texto. Aí é que residiu o fator principal do sucesso da conferência.
O trabalho paralelo que o ex-presidente Lula vem fazendo no seu instituto, despachando com ministros e recebendo políticos para montar estratégias eleitorais, inclusive para a disputa da Prefeitura de São Paulo no ano que vem, acabará se transformando em um apêndice do governo Dilma, naturalizando uma interferência que deveria ser rejeitada pela presidente de direito, mas que é até bem-recebida.
Celebra-se, neste mês, o centenário do general Golbery do Couto e Silva. Confronta-se um dos reptos mais instigantes, do que seja o recado final da pessoa ao vencer todos os estereótipos fáceis do vulto crítico do governo militar de 64. Fundador do SNI, foi o responsável pelo avanço determinado de uma tecnocracia autoritária.
Semana passada, o "The Economist" dedicou matéria importante ao surto de corrupção que está marcando os primeiros meses do novo governo brasileiro. Entre considerações gerais, algumas gerais em excesso, classificou Brasília como um "pântano", terreno movediço que em pouquíssimo tempo tragou ministros, autoridades, lobistas e, de certa forma, vem impedindo que os bons propósitos da recente campanha presidencial sejam levados a sério, pelos menos até agora.
Leio as fartas notícias da exposição de Carlito Carvalhosa, no MoMA de New York. Dá-me orgulho, dá-me saudades. Orgulho e saudades de Marcantonio, o nosso TOM, meu e de Carmo.
Acabo de passar os olhos nos jornais e, naturalmente, li muito sobre corrupção, mas bem menos que em dias anteriores. É natural, não só foi feita uma faxina, ainda que meio estranha, como, principalmente, o assunto começa a ficar velho. Da mesma forma que em relação a um produto qualquer, cansamos do velho e queremos novidades. O noticiarista tem de matar um leão por dia, se quiser continuar tendo leitores. E aí vem esse papo de corrupção, espocam notícias e fofocas irrequietas e todo mundo entra no bonde, mas não completa a viagem, que acaba ficando chata mesmo, de tão repetitiva.
Vimos falando com nossos interessados leitores, conversando e discutindo sobre o texto do novo Acordo Ortográfico, suas normas, seus silêncios (como no caso do prefixo 'sub'-), de modo que cremos ter chegado o momento de ver este documento mais de perto, penetrar na sua história e esboçar-lhe o provável futuro vitorioso, se seus usuários decidirem levá-lo a bom termo, em benefício da Língua como patrimônio político e cultural de tantas nações.
Semana passada, contei neste canto que fui abordado por um sujeito na calçada da Academia Brasileira de Letras que me perguntou por que eu não fazia nada contra a corrupção reinante. Ele me olhou escandalizado e deduzi que, na opinião dele, o Brasil não ia pra frente por causa de tipos como eu.
Durante alguns anos, mantive crônica num jornal carioca subordinada ao título "Da arte de falar mal".
Peguei pelo meio um bom debate sobre a liberdade de expressão quando os cobras dos cobras falaram sobre o assunto, principalmente no que diz respeito à internet.
Na Maratona Escolar de 2011, promovida pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, com o apoio da Academia Brasileira de Letras, o escolhido para motivar os trabalhos dos alunos do 6º ao 9º ano foi o escritor gaúcho Erico Veríssimo. Ao falar na XV Coordenadoria de Educação, em Santa Cruz, que abrange 90 mil alunos, abordei aspectos marcantes do autor de "O tempo e o vento", a começar pelo saudável hábito de ler com profusão autores nacionais e estrangeiros. Daí ter se' tornado "um pintor de palavras".