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Artigos

 
  • Quando falha a memória

    Outro dia, homenageou-se no Rio a memória do grande pensador San Tiago Dantas. Eram 40 anos da sua morte. Dele pode-se recordar uma frase lapidar: "O pré-requisito básico da cultura é a memória."

  • Faixa de ouro

    Há quem considere dramática a falta de assunto na mídia em geral. Evidente que há fatos e situações que merecem noticiário, comentário e até mesmo polêmica, como a lambança do PT e do governo, o que ocupa a mídia há mais de seis meses e, embora arrefecendo a cada dia, ainda dará caldo por outros tantos, pelo menos até a campanha eleitoral engrossar.Desastres pessoais ou coletivos e crimes de repercussão também se desdobram, às vezes à exaustão. Dirão: a mídia não tem culpa, a realidade é assim mesmo, chata e, quando não é chata, é dramática. Que fazer?

  • O céo é o limite

    Vejamos. Sim, muita coisa a comentar. Que é que está mesmo anotado aqui? Não escrevo à mão e, quando escrevo, não entendo nada no outro dia, já tenho direito a pelo menos um grau honorário de médico. “Primeira-dama: Nel mezzo del Cammin”, que diabo tem a ver Dante com a primeira-dama? No meio do caminho... Ah, sim, claro. No meio do caminho de sua vida, a nossa primeira-dama recebeu passaporte italiano. Temos alguma coisa a ver com isso? Segundo li, a primeira-dama tirou passaporte italiano para si e para os filhos, “para um caso de necessidade”. Justo, justo, nunca se sabe. Mais uma vez, damos um belo exemplo de pioneirismo, pois devemos ser o único país onde a esposa do presidente pegou uma cidadaniazinha extra, para o caso de necessidade.

  • Dois autores em Azevedo

    A obra de Aluísio Azevedo ganha, finalmente, edição à altura de sua importância com a publicação, pela Nova Aguilar, da ficção completa do autor, em dois alentados volumes, contendo doze romances e um livro de contos, num total de 2488 páginas.

  • Crimes & crimes

    Evito comentar livros que estou lendo ou que acabei de ler. Mas é inevitável: acabo sempre falando de alguns, por admiração ou repúdio. "As Entrevistas de Nuremberg", de Leon Goldensohn, não me causou uma coisa ou outra. Médico psiquiatra, o autor entrevistou os 19 réus que chegaram ao tribunal e algumas testemunhas.

  • Uma obsoleta cultura da paz

    O fim do ano registrou, como um bordão já da cultura do medo, quase a mesma quota de mortes em Gaza ou Jerusalém, de explosões de homens-bomba em Bagdá ou Tikrit, e os massacres de sudaneses no Cairo. Um novo realismo, nas atuais proclamações do Papa Bento XVI, entrevê o quanto o próprio anúncio da esperança reclama ouvidos diferentes. Sobretudo, a consciência do que já é visto com descrédito, no clássico apelo ao desarme dos espíritos, diante do clamor de suspeita universal, inaugurado com o 11 de setembro e a queda das torres.A recém-terminada conferência da Comissão de Alto Nível da Aliança das Civilizações, da ONU, em Majorca, atentou profundamente a este problema, e ao modo pelo qual os discursos oficiais de nosso tempo sobre a volta à paz chocam-se com a expectativa dos movimentos sociais efetivos, e mesmo com o cinismo arraigado das novas gerações em todo o mundo. Ou, pior ainda, como notam os sociólogos europeus, com o inquietante neodireitismo que, no centro da Europa, começa a acenar às velhas reminiscências fascistas, frente ao caminho sem volta das hegemonias em nosso tempo.

  • Uma leitura de Juscelino

    A minissérie na televisão sobre o presidente Juscelino Kubitschek desperta curiosidade sobre sua figura humana e sua participação na história do Brasil. A linguagem do cinema e da TV é uma leitura diferente. A realidade é uma outra ficção.

  • Ano eleitoral: palpite infeliz

    Embora nada entenda de política e muito menos de eleições, acompanhando a vida nacional de longe e, ultimamente, com tédio e, não raras vezes, com indignação, atrevo-me a um palpite infeliz neste início de ano eleitoral. Para dizer que não estou, aliás, nunca estive otimista sobre os caminhos que desconfio estarem em gestação.

  • De Fidel Castro

    Assisti na legendária Catedral de Notre Dame, em Paris, às exéquias de François Mitterand. Todos os chefes de Estado, de governo ou presidentes de Senado ou Câmara, do mundo inteiro, estavam presentes na formidável nave, homenagem de pedra e arte à Notre Dame, mãe de Deus.

  • Anatomia das crises

    Mais uma vez contrario a maioria dos entendidos em crises políticas. Pelo que ouço e vejo, nunca houve crise maior do que a provocada pelos escândalos do PT e do governo. Dou de barato que se trata de uma crise assombrosa, que fez e talvez ainda faça estragos por aí, sendo que o maior deles já foi feito e dificilmente será reparado: a quebra da vestalidade do Partido dos Trabalhadores. Por extensão, a perda de substância moral de seu fundador e presidente de honra, que, por acaso, é o atual presidente da República.

  • Bravo à Bolsa!

    Está sendo eleito pela baraca o presidente da Bolsa de Valores, Raymundo Magliano Filho, responsável pela administração de uma das mais brilhantes carreiras na respeitada e venerável instituição.

  • Um carioca da gema

    Marques Rebelo cometeu a imprudência de nascer no Rio de Janeiro. Resultado: a posteridade deu seu nome a um beco. E não um beco familiar e pequeno-burguês, mas um vexatório beco na Lapa. Como ele foi o romancista de Marafa, é possível que tenha acudido à Prefeitura Municipal homenageá-lo perto das prostitutas, boêmios e marginais de sua ficção cruel e fagueira. Se tivesse nascido no Ceará, como José de Alencar, teria ganho uma estátua. Gaúcho, como Érico Veríssimo, haveria de abrir-se para ele a glória de uma avenida de primeira água, na Barra. Mas Edy Dias da Cruz - este era o seu nome de certidão, desativado para dar nova oportunidade a um obscuro clássico português - nasceu em Vila Isabel.

  • Ação e reação

    Nunca tivemos um presidente que falasse tanto e tamanhamente como Lula. E que tanto e tamanhamente reclamasse da mídia pelas críticas e boicote que alega estar sofrendo. Diz, repete à exaustão, que tudo está no melhor dos mundos, garante que dará futuro paradisíaco ao Brasil e que nunca na história houve um governo tão eficaz, de tanta ação benéfica como o dele.Seguindo as linhas do seu fundador e mestre, o PT sadio, aquele que não participou da lambança, declara-se perplexo e até mesmo indignado com o mau tratamento que vem recebendo da mídia. Em tempos outros e recentes, o partido era o queridinho da mídia, podia-se tudo nas redações, menos criticar o PT.

  • Sucesso de Ministro

    Era o Brasil um país medíocre como exportador, até um passado recente. Teve melhora nos últimos governos, inclusive nos militares, mas não se destacou nesta área, pois éramos exportadores de produtos primários, dentre os quais sobressaía o café, e não de produtos industrializados ou os produtos do famoso agrobusiness . Ao tomar posse, o presidente Lula convidou para o Ministério do Desenvolvimento o vitorioso empresário Luiz Fernando Furlan e para o Ministério da Agricultura o não menos vitorioso fazendeiro Roberto Rodrigues.