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Artigos

 
  • A palavra de Rui

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 16/05/2002

    No prefácio da Queda do Império, escrito em 1921, disse Rui Barbosa, com o peso de sua experiência e sua formidável erudição: "O mal grandíssimo e irremediável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas, o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado em regra, pela mediocridade". Palavras sábias, contra as quais não há o que opor, pois são a expressão da realidade, sobretudo neste país.

  • Educação na Nova Inglaterra

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 30/04/2002

    As economias são distintas. As populações também. Uma é rica e poderosa. A outra está à procura do seu melhor caminho, sem deixar de ser emergente. É claro que, em tais circunstâncias, qualquer comparação peca pela base. Referimo-nos à educação comparada de nível médio dos Estados Unidos e do Brasil.

  • O vento da história

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 27/04/2002

    A vitória de um extremista da direita nas eleições francesas está assustando quem já devia estar assustado. Embora não seja um quadro definitivo, uma vez que no segundo turno Chirac deverá herdar os votos de Jospin, o fato é que estamos diante de um ressurgimento do conservadorismo, e, em alguns casos, do reacionarismo.

  • Nação goitacá

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 10/04/2002

    A reedição do primeiro romance de José Candido de Carvalho, feita agora, joga-nos de volta ao fim dos anos 30, quando a ficção brasileira dava inesperadas reviravoltas, no encerramento de uma das décadas mais novidadeiras da nossa literatura. Aquele "Olha para o céu Frederico!" vinha marcar uma verdadeira mudança de rumo.

  • A realidade do show

    Jornal do Comércio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 06/04/2002

    Não me dei ao respeito de assistir a nenhum desses shows da realidade que entraram em moda na TV de alguns países, Brasil inclusive. Nada tenho contra eles, apenas as realidades que eles mostram não me interessam. Não me comovo com elas, nem me revolto pelo fato de um cara dormir de boca aberta ou fechada, de determinada mulher ser assim ou assado. A realidade deses programas é óbvia, e a interação que provocam, excitando o público a torcer por um ou por outro, é primária. Ou como se dizia antigamente, "de quem não tem nada que fazer".

  • Israel e Palestina

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 06/04/2002

    Agrava-se, cada vez mais, a guerra entre israelenses e palestinos, sem que se visualize no horizonte das duas nações um acordo que tenha efetiva duração e permita que as duas partes em conflito possam viver e trabalhar em paz. Israel, é, evidentemente, mais forte do que os árabes palestinos. Com suas dimensões do nosso Estado de Sergipe, Israel é uma potência mundial, não só pelos judeus espalhados pelo mundo, prolongando a diáspora, como pela alta qualidade de sua educação e meios científicos.

  • Mártires e heróis

    Folha de São Paulo em, em 03/04/2002

    Guerra, qualquer guerra, é acima de tudo uma estupidez. Mas ela faz parte da civilização e, mais do que isso, faz parte da dinâmica histórica.

  • A organização da inconsciência

    O GLOBO em, em 01/04/2002

    Foi por volta de 1940 que li sobre opinião "inconsciente", expressão lançada pela psicologia renovada. Mas o que eu não poderia nem de leve prever é que aquela denominação, aparentemente extravagante, fosse cientificamente abonada e viesse ajustar-se ao quadro eleitoral brasileiro de um passado recente.

  • Viajar, viajar

    O GLOBO em, em 24/03/2002

    Estou em Paris e sou um fenômeno. Pagaram minha passagem, deram-me ajuda de custos e aqui estou eu. Dirão vós: que há de tão fenomenal nisso? Afinal, alguns brasileiros, talvez em número bem maior do que estimamos, já estiveram ou estarão em Paris. Verdade, verdade, mas meu caso é raro, pois que sou o único que se queixa de viajar a uma cidade sem rival e, com perdão da má palavra, imperdível, ainda por cima sem gastar praticamente nada do parco dinheirinho que ganho escrevendo coisas sem as quais o mundo permaneceria tal e qual. Verdade, verdade, mas encaro minhas viagens como uma sina, porque detesto viajar e cada vez detesto mais. Conto-vos por quê, na esperança de encontrar alguma compreensão.

  • O diálogo contra a Cruzada

    Jornal do Comércio (RJ) em, em 15/03/2002

    Realiza-se neste começo de março o primeiro diálogo entre o Islã e o Ocidente, na resposta com que a Academia da Latinidade acolheu o pedido do presidente Khatami, para descompressão do fechamento das fronteiras da cabeça no mundo contemporâneo.

  • Cenário reinaugural

    Jornal do Comércio (SP) em, em 12/03/2002

    Tudo não passou, como disse, com uma ponta de cinismo, o presidente da República, de uma gota d'água, e vai se arranjar, com o tempo. É o clássico dar tempo ao tempo. Não deixa de ter razão e os próceres do PFL, também, de sua parte, têm razão. Não podem viver longe do poder, e vão deixar passar o tufão Roseana, tufão que sempre tem nomes de mulheres para se acomodarem de maneira a serem e não serem adeptos de FHC, nestes últimos meses de seu governo.

  • Ovinos pela própria natureza

    O Globo em, em 10/03/2002

    Longe de mim aceitar a velha tese de que o Brasil é um país onde os conflitos sociais são resolvidos em paz, na base do jeitinho e assim por diante. Nossa História, de Canudos ao Contestado, está aí mesmo e não me deixa mentir. Ao mesmo tempo, é óbvio que nos comportamos - nós, a chamada classe média - como uma carneirada sem rival. Resignamo-nos a tudo, até mesmo a sermos governados de maneira condescendente e, ao mesmo tempo, autoritária, entre mentiras, fraudes, hipocrisia e falsas alegações. Fico assim achando que, no fundo, estamos é satisfeitos com o que ocorre em nosso destino coletivo. Acostumamo-nos, por exemplo, à violência urbana e até aceitamos a tese de que ela tem exclusivamente raízes econômicas. Não é inteiramente correto. Tem raízes econômicas, certo, mas também tem raízes culturais muito fortes, eis que, se pobreza e miséria gerassem necessariamente criminalidade, a Índia e Bangladesh, para ficar somente em dois exemplos, seriam matadouros humanos, onde se assaltariam até templos religiosos, como já aconteceu aqui no Brasil - e vive acontecendo, com os geralmente chiques ladrões de imagens enriquecendo suas coleções à custa da pilhagem de igrejas.

  • Aprender para a vida

    Jornal do Comércio (SP) em, em 09/03/2002

    Uma das características do taylorismo era o trabalho até os limites permitidos pela fadiga. Quando ela se pronunciava, trocava-se o trabalhador por outro, sem a menor contemplação. Não havia jornada de trabalho, aposentadoria, licença-maternidade, nada disso. E não foi há tanto tempo assim (menos de 100 anos).

  • A palavra no poder

    Tribuna da Imprensa em, em 06/03/2002

    O uso da palavra pelos que estão no poder - isto é, da palavra que influi, que muda uma comunidade e abre caminhos - é um de seus aspectos em que às vezes menos prestamos a atenção. Dos políticos recentes - a partir da Revolução de 30, digamos - lembro-me sempre de Otávio Mangabeira, não só o parlamentar, mas também o acadêmico. Quem quer haja estado presente à sessão solene promovida pela Academia Brasileira de Letras em 1958, para comemorar o cinqüentenário da morte de Machado de Assis, não terá esquecido a mistura de leveza e força que Mangabeira utilizou, ao falar, de improviso, sobre nosso maior escritor, cuja cadeira Otávio ocupava.