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Artigos

 
  • Da experiência jurídica à filosofia

    Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 17/08/2002

    Hans Kelsen, nos primórdios de sua Teoria Pura do Direito, ao mesmo tempo que beneficamente alargava o espectro do conceito de norma jurídica, libertando-nos do predomínio absoluto da norma legal, lançava as bases de um normativismo integral que implicava a identidade da Teoria do Direito com a Teoria do Estado, ou, por outras palavras, a redução da atividade política à atividade jurídica. Entendia ele que somente desse modo se alcançaria uma democracia como pura expressão da vontade popular, sem a interferência deformadora do poder governamental, sempre sujeito a contínuos desmandos.

  • Um prato de feijão

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 17/08/2002

    Eu nunca me meti nesse assunto de distribuição de terras, porque imagino que cada caso é um caso, ou, pelo menos, que cada região é uma região. No meu tipo de Nordeste (o Sertão Central do Ceará) não temos ou, então, não tínhamos (agora é assunto nacional) o problema do lavrador que não consegue terra para plantar. Lá as culturas são pequenas; ainda havia alguma fartura nos tempos em que se plantava algodão.

  • Cultura de encomenda

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/08/2002

    Desde 1964 têm editoras brasileiras lançado coleções de livros subordinados a temas. Das primeiras foi a de Guimarães Rosa, Otto Lara Resende, Carlos Heitor Cony e outros. Assunto: os sete pecados capitais. De então até hoje outras coleções vieram provar a atração que uma literatura temática exerce sobre grande número de leitores. De repente, surgem contestações: o escritor não deve aceitar encomenda.

  • A tradição tem seu lugar

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 11/08/2002

    O problema é antigo e até foi muito citado, quando houve no Brasil, nos idos de 68, a chamada Reforma Universitária. Criou-se no ensino superior o 1º Ciclo, que seria uma espécie de revisão necessária de conhecimentos indispensáveis, básicos, para que o aluno pudesse se encontrar de forma natural com as lições próprias do ensino superior.

  • Por fora das notícias

    O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 11/08/2002

    Participei, na qualidade de fedelho recém-saído da adolescência, patrulheiro, intolerante e panfletário destemperado, do tempo em que a palavra “alienado” era das mais usadas para quem quer que falasse em outra coisa que não o imperialismo norte-americano, a existência ou não de uma burguesia nacional e a caracterização da realidade política rural como feudalismo, além de uns poucos assuntos correlacionados. Era difícil endereçar insulto intelectual mais desdenhoso ou mesmo contundente, a ponto de haver gente que saía no tapa depois de ser chamada de alienada. Como a maior parte da turma, no fundo, só pensava de verdade em mulher, alguém acabava não agüentando e falando em mulher mesmo, mas tinha que ser cuidadoso.

  • Alfazema, velhice e mocidade

    Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 10/08/2002

    Todo mundo sabe: já não se namora mais como antigamente. Se a palavra é a mesma, o sentido é outro. Dantes era todo aquele ritual cortês - primeiro os olhares que se encontravam de longe, começando intermitente e furtivo, ia depois ficando mais fixo (na minha longínqua infância esses olhares se chamavam "tirar linha", - lembrai-vos anciãs contemporâneas?) Do olhar se passava ao sorriso, em manobras que poderiam levar horas e até dias consecutivos. Depois era tentar um encontro: passar perto, olhar sem falar, pois a moça quase nunca andava só. Após um infinito de tempo, chegava-se então à abordagem. Por exemplo, o rapaz subia ao estribo do bonde, pedia licença para sentar no banco em que ela vinha. Licença dada, ele enxugava a testa e fazia a declaração. Aceito o dito de amor, começa propriamente o namoro.

  • Política em declínio

    Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 09/08/2002

    Quem estuda a História do Brasil - ou quem a estudava, em outros tempos, quando era obrigatório o estudo - vê-se diante de um fato notório, o declínio da República, a mediocridade apavorante das instituições e dos homens e mulheres que devem gerir a herança dos antepassados, que no dia 15 de novembro de 1889 prometeram mundos e fundos para o povo brasileiro, ou para os magotes de povo que, sem nada compreenderem, apoiavam gritos esparsos de viva a República.

  • Crise no ar

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 08/08/2002

    Usuário do transporte aéreo, já tive medo dos aviões, mas em tempos idos. Viajando todas as semanas num deles, o hábito e o cansaço venceram o medo.

  • Heidegger e a linguagem

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 07/08/2002

    A presença de Martin Heidegger na filosofia do século passado obrigou o homem de nossa época a alterar posições e repensar diretrizes. Se o existencialismo de Kierkegaard possuía um caráter de angustia intensamente exprimida (e talvez por isso mesmo fosse mais intensamente existencialista), faltava-lhe um método para que suas idéias se enfeixassem num sistema ao agrado das correntes filosóficas normais.

  • O big four

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/08/2002

    Não estranhem o título em inglês. Na Barra da Tijuca tudo está escrito em inglês e na TV já aparecem programas como Big Brother, Classic, People & arts etc.

  • Por falar em retórica

    O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 05/08/2002

    O conceito de retórica, citado em artigo de Luiz Paulo Horta nesta página, tem sido desfigurado, ainda mesmo entre pessoas de escolaridade confiável. Neste vocábulo, há quem veja algo de pejorativo ou de inferiorizante.

  • O fim da impunidade

    O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 04/08/2002

    Aposto que vocês ainda não sabem do triste caso de Bingo. Procurei comentá-lo com vários amigos e ninguém tinha ouvido falar de nada sobre o assunto, para mim palpitante e talvez um marco em nossa realidade. Como eu já disse aqui, às vezes parece que sou o único a ler certas coisas, a ponto de recear ser tido como mentiroso. E, de fato, de vez em quando eu conto uma mentirinha, mas é caso raro, perfeitamente compreensível para um ficcionista e nunca suficientemente sério para justificar essa fama. Mas o caso não é inventado, é um drama da vida real e estou com o recorte na mão, para mostrar a quem duvidar da história comovente de Bingo, que, apesar de seus aspectos talvez melancólicos e certamente controvertidos, acaba por abrir caminho para vários progressos, em que o país, mais uma vez, poderá servir de exemplo para o mundo e alento para os brasileiros já descrentes das instituições, como acho que está a maior parte de nós.

  • Variações sobre a poesia

    Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 03/08/2002

    Pelo fato de ter quatro livros de versos, perguntaram-me se me considero poeta, a pergunta mais embaraçante que até agora me foi feita.

  • Uma espécie em extinção

    O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 03/08/2002

    A moça, estudante de letras, me perguntou o que eu achava da avassaladora invasão de neologismos no nosso idioma. Bem, acho que da nova linguagem que acompanhou e acompanha a era dos computadores, é muito difícil escapar. Ninguém vai ficar inventando traduções para coisas que não fomos nós que inventamos e a maioridade nós mal sabemos do que se trata. Deletar, por exemplo, não tem um sentido muito mais amplo do que simplesmente apagar? Mas não quero me arvorar nessa discussão de filólogos, mormente que não me entendo com computador. Aliás, fora esses, que vêm no bojo das novas tecnologias, neologismos, principalmente os de gíria, têm quase sempre nascimento humilde. As pessoas mais cultas, ou escutam as palavras difíceis na sua própria casa ou as consultam nos dicionários. O ignorante comum tem seu próprio dicionário na cabeça, restrito, é verdade, muito faltoso na conjugação dos verbos, mas dono de um toque pessoal iniludível.

  • Antinotícia

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 25/07/2002

    Todos os dias, mal acordo, abro a porta da copa e recebo os jornais que acabaram de chegar. Estou sonolento, ruminando os sonhos bons ou maus que tive, vontade de nada fazer, de mandar tudo àquela necessária parte que todos conhecemos.