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Artigos

 
  • A grande farra

    Reclamam do cronista o pessimismo em relação à democracia representativa como ela vem sendo exercida em quase todo o mundo, sobretudo no Brasil, onde não há partidos que representem qualquer coisa. No passado, o PCB e, até bem pouco tempo, o PT eram exceções relativamente tíbias, mas funcionavam: sabia-se quem e o que pensavam e queriam os que votavam nos dois partidos.

  • Pavor antigo e terrorismo novo

    Apetrecharam-se os canais de televisão americanos, há poucos dias, para dar a notícia da eliminação de Abul Zahuri, segundo potentado na cadeia da ignomínia de Bin Laden, como ameaça em vão do terrorismo islâmico. Reprimiu-se a notícia na garganta mediática, tanto os disparos caíram sobre uma aldeiota, violando as fronteiras do Paquistão, em toda a desenvoltura com que a "civilização do medo" não tem limites frente ao anonimato da ameaça e a instantaneidade da resposta.

  • A China e a verticalização

    As brumas começam a dissipar-se. O claro-escuro das eleições desaparece. Toda a área política estava imobilizada e sem estratégia porque a regra que mais afetava o processo eleitoral ainda não estava definida: a verticalização. Essa palavra e esse fantasma passaram a surgir no vocabulário político a partir da última eleição. E surgiu como uma bomba quando o Tribunal Superior Eleitoral determinou que os partidos tinham que casar no civil e no religioso, isto é, nacionalmente e no âmbito estadual. Foi uma confusão dos diabos e só serviu para tumultuar as eleições e criar todas as infidelidades.

  • Sociedade, mídia e autocrítica

    Está na moda falar em sociedade. Durante o regime militar, era comum a alusão à sociedade civil, em oposição a outro tipo de sociedade, a do sistema totalitário, que incluía alguns civis, mas era predominantemente gerenciada, tutelada e policiada por integrantes das Forças Armadas.

  • O professor ideal

    Estamos vivendo uma curiosa fase dos “quase”. O escritor Carlos Heitor Cony lançou o seu “Quase Memória”, para muitos uma obra definitiva. Mais recentemente, tivemos o “Quase Danuza”, em que a jornalista desnuda suas dores e alegrias, pessoais e profissionais, pormenorizando sobretudo os históricos casamentos com Samuel Wainer e Antônio Maria.

  • A sombra do voto nulo

    O dado em que dobramos o ano não é, tanto, o da alegria com a possível penetração do desalento com Lula no país de base - seu eleitor pétreo e contumaz. O grave, sim, e o novo, é o aumento sombrio do voto nulo crescendo em todos os setores do eleitorado.

  • De burro e dos burros

    O lugar-comum garante que somente os burros se admiram de alguma coisa. Devo ser burro o bastante para sempre me admirar de tudo, e cada vez mais. Não diante dos palácios e castelos, que não os admiro como a tradição afirma que os burros o fazem, certamente por falta do que admirar nos homens e nas demais coisas do homem.

  • Informação ao presidente

    Os colaboradores diretos do presidente Lula deveriam convocar ao Palácio seis conhecedores da singularidade da burocracia, das praxes burocráticas, dos trâmites de tempo com datas marcadas, dos orçamentos e das liberações orçamentárias, das verbas e suas origens e seu destino, em suma, toda complexidade da máquina burocrática. Seriam eles, esses assessores especiais, que dariam ao presidente noções seguras do que é administração pública e, em especial, do crime administrativo que poderá levar o titular do poder a um impeachment .

  • Alma e corpo do Rio

    A alma e o corpo do Rio de Janeiro todo inteiro, do Rio de Janeiro indo ao norte até Atafona e Itabapoana, e ao sul até Paraty, e ao oeste até a fronteira com Minas Gerais, é o que aparece no livro-álbum Rio de Janeiro, estado maravilhoso, cuja história é contada através de imagens colhidas pelas fotos de Pércio Campos.

  • Terrorismo velho e medo novo

    Frente a Angela Merkel, Primeira Chanceler da Alemanha, Bush perguntado, sem rebuços, sobre o escândalo de Guantanamo, também sem papas na língua tornou muito claro que o assunto não é da humanidade, mas, sim, e acima de tudo, da segurança do povo americano. Será indefinida como nos prazos de Kafka, a espera por esse processo, nem há a cogitar-se de que uma Comissão Política Internacional possa visitar o presídio da península cubana. E, no enorme alarido que cresce no Congresso contra o presidente, a denúncia das torturas em Abu Ghraib ou dos vôos secretos da CIA na Europa, ou da escuta sem permissão judicial de todo telefone suspeito não chega ainda à detenção indeterminada dos prisioneiros vindos da primeira onda da guerra do Afeganistão.

  • O leite derramado

    Fui mexer numa pasta antiga, procurando um texto que o Otto Maria Carpeaux escreveu e não conseguiu publicar num dos suplementos literários da época. Devolveram-lhe o artigo com um conselho: que o autor mudasse de opinião sobre determinado livro que acabara de ser lançado.Não encontrei o texto (estava em outra pasta), mas um recorte de revista (também daquele tempo), com a pesquisa de uma universidade norte-americana revelando que um homem comum, vivendo a média de 68 anos (expectativa de vida na época), teria direito a 1.850 relações sexuais bem-sucedidas, não explicitando o tipo de relação, se homo ou heterossexual, anal, oral ou convencional.

  • Astrojildo, um brasileiro

    Se houve um brasileiro que, desde a juventude, tenha marcado seu nome com o selo de uma atitude que o fixou para sempre na cultura de seu e nosso povo, este brasileiro foi Astrojildo Pereira. Aos 17 anos de sua idade, soube aquele jovem estudante que Machado de Assis se achava à morte, na mesma hora dirigiu-se para a casa do Cosme Velho e pediu para ver o escritor. À porta, José Veríssimo, que ali se achava, perguntou-lhe o nome e deixou-o entrar. No quarto se aproximou de Machado, que morreria naquela mesma tarde, ajoelhou-se e beijou-lhe a mão. Comovido, Euclides da Cunha, que lhe viu o gesto, publicou um artigo em jornal dois dias depois contando a visita do jovem, declarando ver, naquele imberbe admirador, o próprio símbolo da força de Machado na cultura de nosso povo.

  • O senhor Cartola

    Não tenho tempo e, mesmo que tivesse, não teria interesse em saber quantas horas e em quantos lugares o presidente da República permanece em palanques, improvisados ou não, falando bem de si mesmo e falando mal dos outros. Semana passada, num só dia, inaugurou coisas já inauguradas em três Estados do Nordeste, cumprindo a liturgia primária dos comícios eleitorais e não o cerimonial administrativo.

  • Mulheres na política

    Tem o latino-americano, ou mais apropriadamente o latino, a fama de ser falocrata. É uma fama antiga, que entra ano, sai ano, persiste em se manter, embora a ascensão da mulher a cargos políticos da administração pública seja cada vez mais evidente e com mais possibilidades de se repetir em países ainda avessos ao feminismo triunfante.