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Artigos

 
  • Por uma federação de fato

    Malgrado o Estado brasileiro ser, como é notório, uma República Federativa, ainda sofre de grande centralismo em tomo da União e elevado grau de competitividade entre os Estados, Distrito Federal e municípios. Sem querer penetrar no DNA de nossa federação, poderia afirmar que ela padece de "debilidade congênita". Diversamente do que ocorreu nos Estados Unidos da América do Norte, cuja Constituição inspirou, e muito, aos homens públicos brasileiros, nossa federação não é filha de um genuíno 'pacto federativo", para usar expressão tão em voga. Fácil é concluir: possuímos uma federação legal, não uma federação real. Convém não deslembrar, talvez por constituirmos Pais de grande expressão territorial, que a descentralização, leia-se a organização do Brasi! sob a forma federativa, foi aspiração que permeou muitos dos movimentos significativos de nossa história, da qual são exemplos a Inconfidência Mineira e os de 1817 e 1824 ocorridos em Pernambuco.

  • A marca notável das academias de letras

    Quando me perguntam para que servem as academias de letras, o primeiro pensamento que me ocorre é sobre os objetivos de sua existência. Seguramente não é só para que nelas se sirva, uma vez por semana, o gostoso chá de que tanto se fala, às vezes até maldosamente. Não! A marca notável das academias está sintetizada na palavra convívio. Não é incomum, nos discursos de posse, a referência ao fato de que “agora, estamos condenados a conviver para o resto da vida”, o que implica a renúncia a personalismos ou ao exercício de atitudes de arrogância ou prepotência.

  • À casa torno

    Estou de volta a solo pátrio. Novamente pela TAP, que desta vez, apesar de a reserva da volta ter sido feita antes da viagem de ida, me botou em standby na troca de avião em Lisboa e tive problemas não só para embarcar como, depois disso, para conseguir sentar junto a minha mulher. Talvez alguém na companhia haja com isso se vingado do que contei aqui na semana passada, sobre a comida que acabou, no voo de ida. Que é que vou fazer, não é calúnia, é a pura verdade. Havia três opções no menu: lasanha, filé de badejo e cassoulet de carne mas, mas as nossas poltronas eram as últimas e, quando chegou a nossa vez, tanto a lasanha quanto o badejo tinham acabado. Imagino que, se isso acontece com frequência, o diálogo entre a comissária de bordo e o passageiro ameaçado de jejum, deve ser assim:

  • Entender o sistema ortográfico

    Um inteligente leitor desta coluna escreve-nos para declarar que a ele e a muita gente a imposição a todos os usuários do idioma de uma reforma ou de um acordo ortográfico proposto  por um pequeno grupo de pessoas significa “uma atitude de extrema arrogância”.

  • "Ateou fogo às vestes"

    Não sei se o sinal é bom ou mau. Em princípio, acho que é bom, mas não tenho certeza. Outro dia, citei aquela frase de Machado de Assis "no meu tempo já existiam velhos, mas poucos".

  • Cabra parida

    George Orwell, quando, em 1949, publicou o seu famoso livro "1984", imaginou uma sociedade com um ministério da verdade para zelar por condutas morais "corretas".

  • Demasiadamente humano

    A crônica que escrevi para a Ilustrada na última sexta-feira ("O homem terminal") provocou, como eu esperava, muitas mensagens, algumas a favor, outras contra o assunto que abordei. Destaco e transcrevo a mensagem via e-mail recebida do leitor Gilberto de Mello Kujawski, autor de "Machado de Assis por Dentro":

  • Couro duro

    Bastou o ex-presidente Lula recomendar que os ministros acusados de corrupção tivessem "couro duro" e resistissem às denúncias antes de jogarem a toalha, para que os últimos envolvidos em escândalos ensaiassem uma resistência patética. O ex-ministro do Esporte Orlando Silva esperneou muito antes de pedir para sair, e o máximo que conseguiu foi um enterro de primeira classe, com direito a salva de palmas e a declarações estranhíssimas da própria presidente, que afirmou que não perdera a confiança nele, mas, no entanto, abria mão de sua preciosa colaboração não se sabe bem por quê.

  • Rocinha e Alemão

    O economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas do Rio, está lançando um estudo comparativo entre as duas maiores favelas da cidade, a Rocinha e o Alemão, e os efeitos da implantação nelas das UPPs. Ele faz parte de uma geração de economistas "cariocas" que, na sua própria definição, começou "a se debruçar sobre os caminhos e descaminhos da nossa própria terra".

  • Sinais de alerta

    No momento em que universidades tunisianas entraram em greve contra a influência islâmica, após religiosos radicais terem ocupado um campus para pedir a separação entre estudantes homens e mulheres, anuncia-se o adiamento da apuração da eleição no Egito, com informações oficiosas de que a Irmandade Muçulmana teria obtido nas urnas cerca de 45% dos votos, resultado acima do que seus próprios dirigentes previam.

  • Cenas de outro tempo

    Caí na asneira de ser jornalista antes do tempo, quando era moço, nada conhecia da vida e da profissão, nem a vida e a profissão me conheciam, nem tinham necessidade disso. Só me recuperei bem mais tarde, quando as coisas mudaram no mundo e em mim mesmo. E verdade seja dita, se o mundo e a profissão mudaram para pior, eu mudei para bem pior.

  • Cansaço das esquerdas e velhice das direitas

    A derrota do Partido Socialista espanhol é muito mais que acidente de percurso, é um réquiem para a esquerda europeia. Cai o governo que, desde 2004, derrubara o regime de Astiz, visto, então, como a  mais decidida implantação de uma direita no continente. A vitória de Rajoy surge como a torna do sistema, com toda carga ideológica da mantença do modelo capitalista, inclusive em etapa de crise geral do que se via, há uma quarentena, como a mola do mundo e da prosperidade Ocidental.

  • Um país sem drogas

    Não se trata propriamente de uma geração perdida, mas a extensão do problema é altamente preocupante. Referimo-nos ao uso crescente de drogas, por parte da nossa juventude, sem que se vislumbre solução a curto prazo. Quem pensa que isso é coisa recente, engana-se. No final da década de 70, na direção de um importante colégio da Zona Sul do Rio de Janeiro, fomos alertados para a saída, "por motivo de saúde", de um jovem de 15 anos, toda quinta-feira. Horas depois, ele era visto lépido e fagueiro à porta da escola, vendendo drogas aos seus colegas de ambos os sexos. Naturalmente foi expulso", mas isso gerou um escândalo, pois os pais ficaram inconformados. Não reconheciam a culpa do filho.

  • Disciplina e fé

    Há pelo menos uma coisa em comum na vitória dos partidos islâmicos no Egito, na Tunísia e no Marrocos, os países que fizeram eleições no rastro da Primavera Árabe: prevaleceu a disciplina dessas organizações políticas, em detrimento do voluntarismo dos partidos oposicionistas e dos movimentos da sociedade civil.