
O respeitável público
Pode-se medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade pela maneira como seus líderes políticos são tratados quando caem doentes?
Pode-se medir o grau de desenvolvimento de uma sociedade pela maneira como seus líderes políticos são tratados quando caem doentes?
Bastou o ex-presidente Lula recomendar que os ministros acusados de corrupção tivessem "couro duro" e resistissem às denúncias antes de jogarem a toalha, para que os últimos envolvidos em escândalos ensaiassem uma resistência patética. O ex-ministro do Esporte Orlando Silva esperneou muito antes de pedir para sair, e o máximo que conseguiu foi um enterro de primeira classe, com direito a salva de palmas e a declarações estranhíssimas da própria presidente, que afirmou que não perdera a confiança nele, mas, no entanto, abria mão de sua preciosa colaboração não se sabe bem por quê.
O economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas do Rio, está lançando um estudo comparativo entre as duas maiores favelas da cidade, a Rocinha e o Alemão, e os efeitos da implantação nelas das UPPs. Ele faz parte de uma geração de economistas "cariocas" que, na sua própria definição, começou "a se debruçar sobre os caminhos e descaminhos da nossa própria terra".
No momento em que universidades tunisianas entraram em greve contra a influência islâmica, após religiosos radicais terem ocupado um campus para pedir a separação entre estudantes homens e mulheres, anuncia-se o adiamento da apuração da eleição no Egito, com informações oficiosas de que a Irmandade Muçulmana teria obtido nas urnas cerca de 45% dos votos, resultado acima do que seus próprios dirigentes previam.
Caí na asneira de ser jornalista antes do tempo, quando era moço, nada conhecia da vida e da profissão, nem a vida e a profissão me conheciam, nem tinham necessidade disso. Só me recuperei bem mais tarde, quando as coisas mudaram no mundo e em mim mesmo. E verdade seja dita, se o mundo e a profissão mudaram para pior, eu mudei para bem pior.
A derrota do Partido Socialista espanhol é muito mais que acidente de percurso, é um réquiem para a esquerda europeia. Cai o governo que, desde 2004, derrubara o regime de Astiz, visto, então, como a mais decidida implantação de uma direita no continente. A vitória de Rajoy surge como a torna do sistema, com toda carga ideológica da mantença do modelo capitalista, inclusive em etapa de crise geral do que se via, há uma quarentena, como a mola do mundo e da prosperidade Ocidental.
Não se trata propriamente de uma geração perdida, mas a extensão do problema é altamente preocupante. Referimo-nos ao uso crescente de drogas, por parte da nossa juventude, sem que se vislumbre solução a curto prazo. Quem pensa que isso é coisa recente, engana-se. No final da década de 70, na direção de um importante colégio da Zona Sul do Rio de Janeiro, fomos alertados para a saída, "por motivo de saúde", de um jovem de 15 anos, toda quinta-feira. Horas depois, ele era visto lépido e fagueiro à porta da escola, vendendo drogas aos seus colegas de ambos os sexos. Naturalmente foi expulso", mas isso gerou um escândalo, pois os pais ficaram inconformados. Não reconheciam a culpa do filho.
Há pelo menos uma coisa em comum na vitória dos partidos islâmicos no Egito, na Tunísia e no Marrocos, os países que fizeram eleições no rastro da Primavera Árabe: prevaleceu a disciplina dessas organizações políticas, em detrimento do voluntarismo dos partidos oposicionistas e dos movimentos da sociedade civil.
No início do século 20, o Rio permanecia o mesmo dos tempos derradeiros do império. A República mal completara sua primeira década -e na austeridade própria dos regimes que decidem instaurar uma nova era, quase nada ou nada se fazia pela cidade, ex-capital de um reino e do império e, sempre, uma aldeia de feição colonial, mesquinha, suja.
O ano, para surpresa ou susto de muitos, acabou. Claro, ainda virão a comemoração do Natal e as festas de ano-novo (antigamente se dizia também “ano bom”; porque será que isto caiu em desuso?), mas a árvore da Lagoa já cintila e já há um cheiro de fim de ano no ar. O sorriso e o calor no peito trazidos pelo 13.º se irradiam entre as multidões que vão e vêm diante das vitrines, os táxis ficam um pouco mais difíceis, o gerente da padaria entrega sorridente seu calendário para os fregueses fiéis, com um Cristo louro, de olhos azuis revirados, ilustrando máximas judiciosas e conselhos pios.
Relatos graves de violência e pressão político-religiosa nas universidades tunisianas indicam uma ofensiva de grupos islâmicos radicais na tentativa de se impor na sociedade após a revolução, embora, ao contrário do Egito, esses grupos não tenham conseguido obter votação expressiva na eleição de outubro passado.
Ainda hoje vamos nos deter em expressões correntes no idioma sob a chancela de nossos melhores escritores, mas que o excesso de logicismo de severos críticos tem posto no banco dos réus e passam a ser injustamente substituídas ou eliminadas.
Mais alguns dias e Dilma Rousseff estará completando o primeiro ano de governo. É cedo ainda para uma perspectiva crítica, mas tempo bastante para alguns comentários.
Agora ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi deixou um bilhete justificando seu pedido "irrevogável" de demissão transferindo suas culpas para um suposto "ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo", assim mesmo, com letra maiúscula.
Encerrado ontem o segundo turno da primeira de três fases das eleições parlamentares, o Egito se vê diante de uma realidade política inesperada: os partidos islâmicos começaram o processo eleitoral recebendo cerca de 60% dos votos, proporção que deve ser confirmada nas próximas etapas, mesmo com uma participação menor do eleitorado.