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Artigos

 
  • Ainda avionando

    É claro que aquele papo da semana passada, sobre saudades dos tempos do bom e velho DC3, é meio fantasioso. Talvez para poder achar que a vida foi melhor do que efetivamente foi, a gente filtra as lembranças, amenizando as más e romantizando as boas. Mas a verdade é que não desperta muita saudade recordar o bom,  o velho DC3 baloiçando ao vento debaixo de chuva, com a senhora ao lado deitando os burros n'água não tão discretamente, a boca colada num saquinho de papel. E as viagens longas eram muito chatas, apesar do serviço de bordo extraordinariamente caprichado sob qualquer ponto de vista, muito especialmente os padrões de hoje. Faziam tudo para entreter os passageiros (cinema a bordo era quase ficção científica), até mesmo a festa da diplomação dos que estavam cruzando o equador pela primeira vez. Recebiam um diploma personalizado, assinado por Netuno, champanhe ilimitada de graça e bagulhinhos sortidos.

  • Acordo por dentro e por fora (IV)

    O elemento co- teve uma vida acidentada de 1911 a 1945 nos respectivos formulários ortográficos. Gonçalves Viana preparou, para exemplificar a reforma de 1911, o ‘Vocabulário Ortográfico e Remissivo da Língua Portuguesa’, saído em 1912, e nas edições em vida (falecido em 1914), além das subsequentes até onde pudemos consultar, só registra ‘coabitar’ (e derivados), ‘coerdar’, ‘coerdeiro’.      

  • 11/9/2001, recordações e reflexões

    “A fecundidade do inesperado excede em prudência do estadista.”Essa observação de Proudhon, realçada por Hannah Arendt, foi a que me ocorreu em 11 de setembro de 2001. Naquela ocasião estava em São Paulo participando, na Fiesp, de um seminário internacional sobre a agenda econômica externa do Brasil, à qual vinha atribuindo grande relevo desde minha posse no Itamaraty em janeiro daquele ano.   

  • Outros tempos

    Passando pela avenida Atlântica, vi um helicóptero descer na praia, numa operação que me pareceu de treinamento. Lembrei-me de Juscelino Kubitschek. No dia seguinte ao de sua posse, às 7h30 da manhã, ele desceu em frente ao Copacabana Palace. Sem qualquer combinação prévia, foi buscar Richard Nixon, vice-presidente dos EUA, que viera para as solenidades que terminaram com uma recepção no Itamaraty.

  • O lado certo

    Tanto no Congresso como na mídia está em discussão uma legislação que possa punir os abusos (ou os crimes) praticados na ou pela internet. A nudez da atriz Scarlett Johansson está sendo considerada uma invasão da privacidade a que todos temos direito. E há casos mais escabrosos, como acessos a contas bancárias, pornografia infantil etc. Pergunta: uma lei resolverá o problema?

  • Jogo de pôquer

    A disputa pelos royalties está caminhando para um acordo entre estados produtores e não produtores que colocará o Executivo contra sua própria base congressual, na defesa dos interesses da Petrobras e das demais companhias que exploram o petróleo brasileiro.

  • O caminho do PSDB

    O PSDB precisa revalorizar sua trajetória, fixar seus valores diante da sociedade e apresentar propostas que abram espaço para esta mobilidade social que está sendo registrada nos últimos anos, que o eleitorado já identifica com as primeiras iniciativas do partido, com o Plano Real.

  • O Sesc e os leitores

    Quem conhece de perto a instituição pode aquilatar com muita propriedade o empenho do Sesc na defesa dos nossos melhores valores culturais. A sua biblioteca volante é muito popular em cidades do interior do país, variando de bairro em bairro a cada 15 dias, sempre com muito sucesso de público.

  • Revolução educacional

    O senador Cristovam Buarque, que marca sua atuação na política brasileira pela defesa da melhoria da educação, tendo ficado conhecido como o candidato "de uma nota só" - coisa que muito o orgulha, aliás - quando se apresentou na disputa pela Presidência da República em 2006, tem uma nova utopia: a ampliação da rede de escolas públicas federais, hoje com cerca de 300 unidades (Pedro II, escolas técnicas, colégios militares, institutos de aplicação).

  • Geleia eleitoral

    O encontro do ex-presidente Lula com representantes de alguns partidos da base aliada, tendo o vice-presidente Michel Temer como principal interlocutor do PMDB, gerou alguma ciumeira entre partidos que não foram convidados - PP, PR e PTB, a direita da coalizão governamental. E também deixou no ar uma proposta de misturar o voto em lista fechada defendido pelo PT e o "distritão" que o PMDB quer, tudo para viabilizar o financiamento público de campanha, que parece ser o grande objetivo de Lula na sua pregação pela reforma política.

  • "Na Carícia de um Beijo"

    Televisão nunca foi minha praia, mas os azares ou ironias do destino me fizeram, um dia, superintendente da teledramaturgia da antiga Rede Manchete. Numa seara difícil, sem condições de concorrer com a gigante do setor, optamos inicialmente por novelas de época, começando com "Marquesa de Santos" e "Dona Beija", ambas estreladas por Maitê Proença. Deu para o gasto, em algumas noites chegávamos à liderança no horário.

  • O Congresso dos fatos consumados

    Celebramos o cinquentenário da renúncia de Jânio e, ao mesmo tempo, da crise que levaria à desestabilização do regime, facilitando o golpe de 64. José Augusto Ribeiro vem de nos dar o trabalho monumental, em dois volumes, tecendo o romance do gesto desastrado, e, nele, da ação de José Aparecido contra a obsessão golpista de Carlos Lacerda. Recorda-nos a interrupção das iniciativas do presidente, no apoio à reforma agrária do projeto José Joffily, nas diretrizes sociais e descentralizadas, trazidas ao Banco do Brasil, ou no começo de uma comissão de planejamento nacional. Mas é na linha da afirmação da política externa, resultante da cooperação de Afonso Arinos, desde a viagem de Jânio a Cuba, que se atenta ao quanto prometia a volta de Jango da China, na abertura desta nova atitude' internacional. Dever-se-ia muito ao vice-presidente na capacidade de ouvir e de induzir consensos, ao transformar uma missão comercial do empresariado brasileiro, numa nítida visita de Estado, na direta interlocução com Mao Tse-Tung.  

  • Sesc/mais leitores para o Brasil

    Quem conhece de perto a instituição pode aquilatar com muita  propriedade o empenho do Sesc na defesa dos nossos melhores valores culturais. A sua biblioteca volante é muito popular em cidades do interior do País, variando de bairro em bairro a cada 15 dias, sempre com muito sucesso de público. Além disso, desde 1946, quando foi fundado, o Sesc procura incentivar o gosto pela leitura junto ao seu público, predominantemente de comerciários. Tem sacolas ambulantes, salas de leitura e a maior rede privada de bibliotecas, hoje com 303 unidades espalhadas em nosso imenso território. Do acervo, sempre renovado, constam obras de literatura brasileira para adultos, jovens e crianças; literatura traduzida para o português; livros didáticos; biografias; jornais e revistas. Segundo o educador Danilo Santos de Miranda, diretor geral do Sesc /SP, "esse é um dos mais importantes segmentos das atividades do Serviço Social do Comércio, procurando suprir nossas carências culturais." Com esse propósito foi inaugurada mais uma unidade do Sesc, desta feita no bairro do Bom Retiro/SP, numa região marcada pelos desvios da cracolândia. Numa área renovada de 14 mil metros quadrados, os profissionais do Sesc colocaram à disposição dos jovens inclusive uma sala digital, equipada com 14 computadores, onde está funcionando o projeto Internet Livre, para alfabetizar digitalmen-te a população que vive ou trabalha no entorno. Para Abram Szajman, presidente da Fecomércio, "nossa nova biblioteca conta com mais de 5 mil títulos e crescerá sempre, pois temos a intenção de mudar o perfil dos jovens daquela região, onde o comércio tem uma força enorme." Disse-nos que pretende formar leitores críticos, divulgar a produção literária local e incentivar a existência de novos escritores.  

  • Pobreza americana

    O crescimento da pobreza nos Estados Unidos em 2010, em consequência da crise econômica, recentemente revelado por pesquisas oficiais, fez voltar um debate que chegou a ter até mesmo um pitoresco lado internacional. Ao mesmo tempo em que, no Brasil, o ano de 2010 marcou a ascensão da classe C, a classe dominante tanto em número de pessoas quanto em poder de compra, abrigando mais de cem milhões de brasileiros, nos Estados Unidos houve o inverso, fazendo com que alguns ufanistas considerassem que o Brasil, finalmente, sobrepujara os Estados Unidos.