
Ainda avionando
É claro que aquele papo da semana passada, sobre saudades dos tempos do bom e velho DC3, é meio fantasioso. Talvez para poder achar que a vida foi melhor do que efetivamente foi, a gente filtra as lembranças, amenizando as más e romantizando as boas. Mas a verdade é que não desperta muita saudade recordar o bom, o velho DC3 baloiçando ao vento debaixo de chuva, com a senhora ao lado deitando os burros n'água não tão discretamente, a boca colada num saquinho de papel. E as viagens longas eram muito chatas, apesar do serviço de bordo extraordinariamente caprichado sob qualquer ponto de vista, muito especialmente os padrões de hoje. Faziam tudo para entreter os passageiros (cinema a bordo era quase ficção científica), até mesmo a festa da diplomação dos que estavam cruzando o equador pela primeira vez. Recebiam um diploma personalizado, assinado por Netuno, champanhe ilimitada de graça e bagulhinhos sortidos.