
De profundis
Lembrei recentemente o episódio do sujeito que precisava enterrar a mulher e encontrou os cemitérios sob intervenção federal devido ao roubo de estátuas e sepulturas.
Lembrei recentemente o episódio do sujeito que precisava enterrar a mulher e encontrou os cemitérios sob intervenção federal devido ao roubo de estátuas e sepulturas.
Como previsto, já arrefece o mais recente debate sobre corrupção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição de uma deputada que foi filmada recebendo um dinheirinho suspeito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses casos, como o precedente poderia expor os pescoços de vários outros deputados. O que o deputado faz enquanto não é deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá.
Certamente não foi por acaso que o ministro Gilberto Carvalho, percebido como o representante de Lula no Ministério de Dilma, passou a dizer nos últimos dias que o PT não deve cultivar saudosismo do ex-presidente, e sim trabalhar para criar as condições para que a presidente possa se candidatar à reeleição em 2014.
Pelo que vimos no artigo anterior, o Acordo Ortográfico de 1990, já em plena atividade no Brasil e em boa parte da imprensa portuguesa, é um produto muito intimamente ligado ao Acordo de 1945, vigente na tradição ortográfica lusitano-africana, e que tem, por sua vez, fortes ligações com a reforma que Portugal implantou em 1911, considerada pelos especialistas do ramo a mais acreditada proposta ortográfica até hoje vinda à luz.
Recebo vigorosa espinafração de um leitor a propósito de crônica em que, incidentalmente, contei uma piada sobre Portugal, reconhecendo antecipadamente que se tratava de um texto politicamente incorreto, e até mesmo não recomendado pelos manuais da Redação dos jornais de todo o mundo.
Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores tenta retomar a discussão sobre o que chamam de "controle social da mídia" ou sua "democratização", que na verdade significa a tentativa de controlar os meios de comunicação que se pautam por uma postura independente em relação ao governo.
Participei na segunda-feira de um debate sobre o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e vários pontos que estão sendo questionados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foram abordados pelo presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Benjamin Zymler, que, embora ressalvasse não estar dando a posição institucional do TCU, se mostrou bastante favorável às inovações do RDC, que considera "um excelente regime no seu maior percentual", que aperfeiçoa a Lei 8.666, que rege as licitações.
Cada vez que cinco ou seis líderes petistas se reúnem, sob qualquer pretexto, o assunto mais recorrente é a necessidade de controlar a mídia. Se houve partido nacional que, durante anos, se beneficiou da imprensa foi justamente o PT.
O dia nublado me deu preguiça de ir à praia. Como já estava no carro, peguei o túnel e fui à zona norte rever o cenário de minha infância. Faço isso esporadicamente, de seis em seis ou de sete em sete anos. Intencionava tirar uma foto da casa onde nasci, levei a máquina fotográfica -a filmadora estava sem bateria.
Ao falar em São João de Meriti, num seminário promovido pelo Agora-Sistema de Ensino, o professor José Arnaldo Favaretto foi categórico, ao afirmar que “o futuro começa hoje”. Logo depois, na cidade capixaba de Aracruz, no Congresso Conhecer 2011, abordamos o tema Educação do Futuro, mostrando que nossas perspectivas dependem basicamente do que for possível construir na atual geração. Ou seja, temos que melhorar substancialmente a qualidade do ensino, em todos os graus, para que possamos almejar um futuro de mais conforto para os nossos filhos e netos.
Amanheci no dia 11 de setembro de 2001 em Maringá (PR). Na véspera, fizera palestra numa faculdade local.
Vou fazer umas viagens longas de avião e, como aparentemente em relação a tudo de uns tempos para cá, fico matutando em como estou velho. Por exemplo, tenho certeza de que somente os mais velhos (tudo bem, menos moços) terão visto ou ouvido o verbo “avionar”. Deixaram de tentar impingi-lo acho que quando eu era ainda adolescente. Escreviam artigos mostrando como os tempos hodiernos exigiam esse neologismo, sem o qual a comunicação contemporânea ficaria impossível em português, ou contaminada pelos então inaceitáveis estrangeirismos. Houve um certo esforço em implantá-lo, mas acho que todo mundo se sentia meio fresco, quando dizia “vou avionar ao Rio de Janeiro”.
Vai, adiante ou não, a faxina de Dilma, e até onde? O problema - diz tão bem o senador Jarbas Vasconcellos -não é de voluntarismo, nem de um desassombro inflexível no ir-se adiante. Os freios estão no inconsciente coletivo e na sua lentidão tectônica. Dele dependerá o passo adiante de uma consciência social, ou o acomodar-se, de volta, no que é a trama de interesses, e a Cosa Nostra a definir sempre um status quo. As virtudes da dita "ordem social", via de regra, confundem-se com a estabilidade dos regimes de exploração, ou do que, já em pleno avanço da mudança social, se expõe às bactérias antigas da corrupção. Brotaram no regime petista, na prática do mensalão, ao lado das tolerâncias de sempre, que veriam, como mero pecadilho, as caronas de governantes, nos jatinhos das empresas fornecedoras das obras públicas. A propina incorporada, já sistematicamente, às comissões desses contratos, rola no silêncio azeitado às condições de mercado, nos percentuais acordados entre os competidores. E tanto é, hoje, maior a complexidade destes fornecimentos, tanto a partilha múltipla do bom bocado se incorpora, consentida, à dinâmica da dita prosperidade nacional.
A Líbia não estava na linha de tiro dos Estados Unidos nem da Otan. Com o Iraque, depois de longos anos de guerra fria, todos previam, sem nenhuma contestação, que o desfecho seria um confronto armado. Para prepará-lo houve longa divergência, com etapas que envolveram desde as acusações de possuir o Iraque armas de destruição em massa e produção de armas nucleares, além do lado passional que a questão passou a ter para os americanos depois que Bush filho anunciou que "Sadam queria matar papai".
Para o trabalho de implantação do Acordo de 1990 na 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) de 2009, a equipe técnica da ABL que assessora a Comissão de Lexicologia e Lexicografia teve de levar em conta, além do texto oficial, como seria esperado, a tradição ortográfica que se vinha fixando desde a reforma de 1911 e dos sucessivos Acordos Acadêmicos a partir de 1931, conforme historiamos nos dois primeiros artigos desta série.