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Artigos

 
  • O promíscuo excesso democrático

    Jornal do Commercio (RJ), em 17/10/2008

    Sabemos agora, no confronto entre Paes e Gabeira, que um usa botinas marrons de cano alto, e outro, mocassins pretos; um, camisa azul Royal, e outro, azul clara; paletó abotoado um, fechado outro, o terno príncipe de Gales contra o monotonamente preto. Não temos precedente nesses detalhes para a eternidade, do embate do Rio, nesses detalhes cruciais, em que a irrelevância chegou à melhor retórica do grotesco. Fiquem os engodos da percepção com que a contenda veio à mídia, numa repetição exausta, mas que aposta de toda forma nesta fome política para que acordou no país, e especialmente o Rio de Janeiro, no papel que o voto carioca terá nesse passo à frente para a nossa modernização.

  • A cara da América

    Folha de S. Paulo (SP), em 12/10/2008

    RIO DE JANEIRO - Resisti até agora a cometer qualquer tipo de comentário a propósito das próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos. E se agora o faço, é de forma oblíqua, marginal, pior do que superficial. Desde que uma certa senhora foi indicada para vice-presidente na chapa dos Republicanos, a mídia internacional, em peso, caiu em cima dela, satanizando-a, promovendo a até então desconhecida governadora do Alasca ao papel de besta negra da vez.

  • Não tem problema, a gente paga

    O Globo (RJ), em 12/10/2008

    Esse negócio de sermos colonizados é muito mais sério do que se imagina. Até eu, que já pensei muito no assunto e sou observador viciado de suas manifestações, vejo uma novidadezinha todo dia. Recentemente, tenho certeza de que, ainda nos dias em que o nosso presidente estava curtindo com a cara do presidente Bush por causa da crise de lá, que nem o Atlântico atravessaria (não precisou, é cabotagem, aqui mesmo pelas beiradas da gente), havia um pessoal meio chateado porque a crise não tinha chegado, ou, muito pior, não ia chegar ao Brasil. Mais uma vez de fora, eles lá se esbaldando numa crise desenvolvidíssima, cheia de siglas e frases feitas em inglês chiquíssimo e nós aqui, como nativos de uma ilha primitiva.

  • Ciclos e círculos

    Folha de S. Paulo (SP), em 10/10/2008

    Seguindo sua história e sua formação, a humanidade vive em permanente mudança. É o ser vivo de James Lovelock, a Gaia que vive palpitando, morrendo e nascendo. Reage e interage conforme o tempo e a circunstância.

  • Lula e a tentação do segundo turno

    Jornal do Commercio (RJ), em 10/10/2008

    Lula distanciou-se das eleições municipais, deixadas cuidadosamente aos palanques locais, e à emergência de novas lideranças para o Brasil de após o mensalão, o Bolsa-Família e a chegada dos excluídos aos supermercados.

  • Um filho sem mãe

    Jornal do Commercio (RJ), em 09/10/2008

    Tinha de acontecer comigo. Em ida banal a uma repartição para revalidar um documento, preenchi um cadastro que me exigia a filiação. Nunca tive problemas nesse quesito. Escrevi o nome dos meus pais como sempre os escrevi. O funcionário que me atendeu tirou de uma pasta um outro documento e engrossou:

  • Palavra semente, palavra credencial

    Diário de Pernambuco (PE), em 08/10/2008

    Quinhentos e oito anos depois que aquele "frol de mancebia jovem", no dizer de João de Barros, vencera o mar, mistérios e objetivos, desde o embarque no Restelo à chegada em Porto Seguro, estamos mais uma vez a cuidar da palavra. Cuidar da semente da linguagem e da credencial que identifica e promove.

  • Os bastidores da ciência

    Zero Hora (RS), em 07/10/2008

    O Nobel de Medicina não costuma provocar sensação, ao menos entre o público em geral – nada que se compare ao Oscar, por exemplo – mesmo porque na maioria das vezes são premiados cientistas que se distinguem por pesquisas básicas, importantíssimas, mas que escapam ao entendimento do comum das pessoas.

  • Memória de Amélia

    Tribuna da Imprensa (RJ), em 07/10/2008

    Perdemos na semana passada, aos 96 anos de sua idade, a escritora Amélia Sparano, que deixou a Itália na juventude, no decorrer da Segunda Guerra Mundial do século XX. Tornou-se aqui uma escritora também brasileira. Precisamos lembrá-la como poeta e ficcionista brasileira, dominando nossas palavras como o fizera antes com seu belo idioma italiano.

  • Dessa vez, vamos

    Jornal do Commercio (RJ), em 07/10/2008

    Para ficar nas duas grandes cidades brasileiras, São Paulo e Rio, sabemos, com a certeza possível que a história nos dá, que ambas são quatrocentonas, têm mais de 400 anos nas costas e nas ruas. A primeira é de 1554. A segunda, de 1565 (se alguém duvidar dessas datas, faça o que acabei de fazer: consulte o Google).

  • Mérida e a releitura da América Latina

    Jornal do Commercio (RJ), em 06/10/2008

    A Academia da Latinidade realizou o seu XVIII Encontro em Mérida, valendo-se da froça simbólica do Yucatán para a busca das identidades culturais profundas da América Latina. Em tempo das hegemonias, e ao mesmo tempo de sua ruptura, mais que nunca as periferias se dão conta de até foi o Ocidente na expropriação da sua subjetividade. O terrorismo do século XXI pode ser a resposta deste rapto da alma coletiva, levando as afirmações errantes, pela violência e o confronto sem volta. O mundo muçulmano foi a primeira-vítima desta toma de consciência tardia e vindicante, que envolve a visão crítica do progresso dos dois últimos séculos, e do seu saldo efetivo de vantagem para as periferias. Mais grave hoje, na banda latino-americana, é ver-se até onde as próprias representações sociais que recebemos com a independência, qual o Estado-nação tradicional quebram-se, hoje, e apontam a novas afirmações identitárias. O mais importante é assinalar o quadro de pseudos antagonismos pelos quais se logra a busca da autenticidade coletiva frente ao turbilhão de pseudos confrontos.

  • Vamos cumprir essa formalidade

    O Globo (RJ), em 05/10/2008

    Tomara que não esteja fazendo um dia enfarruscado, ventoso e frio, como os que têm aparecido ultimamente, por aqui onde moro. Afinal de contas, é mais uma repetição da única ocasião em que, no governo desta assim chamada democracia, somos convocados a dar algum palpite - e assim mesmo porque convém a eles, os que mandam em nós. Sei que há argumentos sérios em favor do voto obrigatório, mas ele existe mesmo é para dar representatividade aos eleitos. Se o voto não fosse obrigatório, cada eleito poderia ostentar apenas alguns poucos votos e não poderia abrir a boca para, também em seu próprio benefício, gabar-se de representar milhões ou centenas de milhares de cidadãos. Isso mesmo, mas, de qualquer forma, é a parte que nos cabe neste latifúndio e, assim, desfrutemos dela o quanto possamos, para o que um dia ensolarado e jovial contribuiria muito.

  • Sempre uma festa

    Folha de S. Paulo (SP), em 05/10/2008

    RIO DE JANEIRO - Mais uma eleição em nível municipal. Não deixa de ser uma festa toda vez que o cidadão exerce o seu direito de votar. Não sou exatamente um devoto da forma pela qual são escolhidos os representantes do povo, espero que a criatividade do gênio humano descubra um sistema democrático que supere os trancos e barrancos do financiamento das campanhas eleitorais – ponto de partida e de chegada dos mil acidentes da nossa vida pública.

  • Os homens e seus medos

    Zero Hora (RS), em 05/10/2008

    Homens têm medo. Melhor dizendo, homens têm medos, vários tipos de temores. Não apenas os habituais: medo da morte, medo da doença, medo de assalto, medo do toque retal para exame da próstata. Homens têm medos mais sutis, muitos deles relacionados às mulheres. Poderia parecer um paradoxo, visto que as mulheres são habitualmente rotuladas como frágeis. Mas mulheres estão longe de ser frágeis, sobretudo as mulheres de hoje, valentes, determinadas, mulheres que lutam por seu lugar no mercado de trabalho e que inclusive vivem mais que os homens. Os homens têm medo de se envolver com mulheres, têm medo da intimidade, têm medo de perder o mítico poder masculino. Este medo, às vezes, é patológico, é uma fobia e tem nome(s): ginefobia, fobia de mulheres, e caliginefobia, medo de mulheres bonitas. E, porque têm medo, os homens têm fantasias.

  • A nova e subversiva latinidade

    Jornal do Brasil (RJ), em 02/10/2008

    Desdobram-se as visões da América Latina, no desponte da quebra hegemônica e, de vez, de um governo diferente em Washington. A recém-terminada conferência da Academia da Latinidade em Mérida, na província de Yucatán, no México, debruçou-se sobre, ao mesmo tempo, o futuro das dominações de há menos de um lustro frente às novas multipolaridades e, sobretudo, a crise do Estado-nação entre nós, expressa pelos riscos do establishment da Bolívia e da mesma ameaça que começa no Equador.