Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Artigos

Artigos

 
  • O rinha zero vai dar certo

    O Globo (Rio de Janeiro), em 31/10/2004

    Ultimamente, como devem ter notado os pacientíssimos leitores que visitam este espaço, dei para me preocupar com os entrelinhistas, o pessoal que lê nas entrelinhas. Espero tratar-se de um surto passageiro, que vá embora depois do segundo turno eleitoral. O entrelinhismo, afinal, é uma postura filosófica ou metodológica arraigada em muita gente e, se quiser continuar a escrever e publicar, vou ter que conviver com ele o resto da vida. Mas hoje, particularmente, faço questão de deixar claro aos entrelinhistas que, além de não ter recebido oferta de suborno nenhuma, não posso ser acusado de defensor das brigas de galo e Itaparica está aí, para não me deixar mentir.

  • Canoa furada

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/10/2004

    Desvio de formação e gosto, tenho uma atração fatal: a de embarcar em canoas furadas. Detesto chutar cachorro atropelado e, se não dou razão aos crucificados, tenho simpatia e respeito por eles.

  • O terrorismo prostituído

    Jornal do Commercio (RJ), em 29/10/2004

    Os dois jornalistas franceses desaparecidos nas cercanias de Mossul foram presos por bandidos, literalmente, de beira de estrada, sabedores do preço pagável pelos invasores do Iraque, e países estrangeiros a eles assimilados, para recuperar os seus nacionais. À margem de bandeiras e avisos, toda carne forasteira é fisgável e oferecida à venda no leilão do horror pós-Saddam. Dias após, arrebentam manchetes idênticas sobre duas italianas capturadas.

  • Os republicanos à direita de Deus

    Folha de S. Paulo (SP), em 28/10/2004

    A quinzena antes da eleição americana trouxe o primeiro abalo real à crença de que Bush se reelegeria fatalmente. Era certeza quase mineral, diante do começo morno de Kerry e da desproporção dos poderes de fogo das máquinas eleitorais.

  • Os sapatos do coronel

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/10/2004

    Insisto na imagem que aprecio: uma borboleta bate as asas na Tailândia e um furacão destrói metade da Flórida e de Cuba. Nem sempre a causa é proporcional ao efeito. Citando esta filosofia de almanaque, entro no assunto.

  • Os nossos campeonatos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 28/10/2004

    Somos, já, os campeões do mundo, pela quinta vez, no futebol. A esses campeonatos podemos acrescentar outros. Por exemplo: temos uma Passionária em São Paulo, enraivecida por estar ao alcance de suas vistas a derrota no dia das bruxas, no halloween . E vamos com outros campeonatos, como o de uma democracia com muitas qualidades e muitos defeitos, pois a plantinha tenra de que falava Otávio Mangabeira continua raquítica, não crescendo forte e altiva como a queremos.

  • O medo e a esperança

    Jornal do Brasil (RJ), em 27/10/2004

    O mundo debruça-se sobre o desfecho da refrega Kerry-Bush. Mas a consciência da gravidade do dilema, no próprio país, vai só aos democratas, na tradição do comportamento político dos Estados Unidos. O eleitorado de quem já está na Casa Branca só se interessa em 30% pelo que se passa lá fora e acha que problemas de governo não devem perturbar as fortalezas domésticas. Mas tal quadro, por uma vez, se alterou sensivelmente: a guerra do Iraque virou o tópico crucial do debate e Bush logrou envolver pela ''civilização do medo'', o país a que oferece seu pulso firme para vencer todo novo espectro da queda das torres. São duas Américas a votar em opções diversas sobre o paradoxo de um superpoder, que paradoxalmente é visto, pelos republicanos, como permanentemente ameaçado. O armamento máximo não deixa o país menos frágil a um novo 11 de setembro, e o caminho da paz, na outra opção, passa por um desarme do terrorismo só logrável com o auxílio da Comunidade Internacional. Não há outra saída para vencer o preconceito de hostilidade entre as culturas, a que se volta a proposta Kerry. Mas sem iludir ninguém, quanto ao prazo desta erradicação de fundo, nem de como ela exigirá, de saída, um dispositivo militar inexorável de parte dos Estados Unidos e a sua decisão para comandá-lo.

  • Castro Alves, nós e a poesia

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 27/10/2004

    Não é de hoje que se registra que o poeta é um pastor de almas. Por que não se pode afirmar o mesmo do professor? Só que este tem uma ação sistemática sobre o seu público cativo, que são os alunos, enquanto os vates operam de acordo com a sua inspiração - e para um público difuso, embora cada vez mais numeroso.

  • Saque sem fundo

    Tribuna da Imprensa (São Paulo), em 27/10/2004

    Estamos assistindo, graças a sra. Marta Suplicy, a invectivas contra a integridade da democracia, para fazer levar o seu vício à demagogia, de que aquele e esta se ocupou o velho Aristóteles. Mas a demagogia - a sra. Marta Suplicy não sabe - é uma faca de dois gumes - perdoem-me ao lugar comum -, pode virar-se contra seu autor e, no caso de uma eleição, levá-lo a perder votos preciosos, quando se está na rabeira da corrida para a conquista de um cargo.

  • Quem fiscaliza os fiscais?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/10/2004

    A hipocrisia é condenada por todos, mas é nela que se baseia a sociedade humana, da qual todos são defensores, menos eu, que de mau grado pertenço a ela. A consideração pode parecer rabugenta, e o é, de fato. Mas como reagir à inspeção nuclear que uma comissão veio fazer no Brasil para ter certeza de que não estamos produzindo uma bomba atômica?

  • Ouvir estrelas

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 26/10/2004

    Ora, direis, ouvir estrelas... Desejo, contudo, lembrar-vos que as estrelas de Bilac têm uma presença da maior solidez na literatura brasileira e no imaginário nacional. E agora passam também a existir num romance-verdade (para usar uma expressão de Truman Capote) que é o livro de Ruy Castro, "Bilac vê estrelas". Reerguendo toda uma época de nossa literatura, e escolhendo Olavo Bilac e José do Patrocínio como personagens principais de seu enredo, desenvolve o autor uma narrativa de espionagem com tons surrealistas.

  • Carta inútil

    Diário do Comércio (São Paulo), em 26/10/2004

    Li que a governadora do Estado do Rio de Janeiro vai dirigir uma carta ao governo inglês protestando contra o jornal The Independence pela reportagem sobre a cocaína e a criminalidade na cidade que governa, com seu marido e outros amigos e colaboradores. Tempo perdido, que poderia ser usado em outros assuntos. Se há um país no mundo que respeita a imprensa, esse país é a Inglaterra. É a própria pátria da liberdade de informação.

  • Os direitos do galo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/10/2004

    Se tinha dúvidas, elas acabaram. Sempre me considerei um ignorante, que nada sabia de nada, mas vez por outra, como ser humano sujeito aos mil acidentes da carne, tinha a veleidade de achar que não era bem assim, talvez soubesse alguma coisa, nada de importante, como o todo é maior do que a parte e quem parte leva saudade de alguém.

  • A enfermeira do futuro

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 25/10/2004

    No 7º Congresso Brasileiro dos Profissionais de Enfermagem, evento realizado em Fortaleza, sob os auspícios do Cofen, discutimos o tema "O inefável poder do intelecto e capital humano da enfermagem: eis o caminho." Certamente, para o aperfeiçoamento do sistema, devemos conhecer os meandros da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e as modificações que estão ocorrendo na educação profissional, seus desafios e possibilidades.A começar pela sensibilidade do presidente Lula, que assinou o Decreto nº 5.154, anulando ato discricionário e antipedagógico do governo passado. Volta a ser permitida a articulação do ensino técnico de nível médio com o ensino médio.