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Artigos

 
  • O falso espião

    Diário do Comércio (São Paulo), em 18/10/2004

    Nunca eu poderia imaginar, conversando na Academia Brasileira de Letras, da qual somos membros, que meu caríssimo confrade e amigo tinha sido um contra-espião para desvendar, com sua inteligência, domínio do castelhano e profundo conhecedor dos meandros diplomáticos, era Sérgio Corrêa da Costa, descendente do poeta Raymundo Corrêa, autor de As pombas e outros sonetos . Foi uma surpresa. Li com prazer e curiosidade a reportagem de Veja com o maior interesse. Um belo furo da revista.

  • Sobrevivendo legal

    O Globo (Rio de Janeiro), em 17/10/2004

    Hoje eu ia escrever novamente sobre o assunto do momento, o qual, goste-se ou não de política, é a eleição em São Paulo. A prefeitura da maior cidade do país já é importante em si e foi transformada por “eles” em mais importante ainda. A disputa, pelo menos na minha modestíssima opinião, se federalizou, virou queda-de-braço nacional. Tudo obra “deles”. Não sei bem quem são “eles” e, aliás, já falei bem mais do que acabei decidindo falar, que era nada. Preciso resolver certas questões éticas preliminares, tais como conspirações e esquemas nos quais me disseram que estou envolvido, mas, talvez por contar entre meus inumeráveis defeitos a distração excessiva, não tinha notado. No momento, acho que me encontro enredado em tramas cavilosas com o núcleo da novela de não sei bem que horas da Globo. Preciso de mais informações, estão me escondendo alguma coisa, acho que o núcleo da novela está me desprestigiando e não me chamou para qualquer sessão de conspiração ainda. E, o que é pior, ninguém me deu dinheiro nenhum até agora.

  • Em andanças pelo mundo

    O Globo (Rio de Janeiro), em 17/10/2004

    CERTA VEZ, NO INVERNO DE 1981, EU caminhava com minha mulher pelas ruas de Praga, quando vimos um rapaz desenhando os prédios à sua volta. Embora eu tenha verdadeiro horror de carregar coisas enquanto viajo (e havia ainda muita viagem pela frente), gostei de um dos desenhos e resolvi comprá-lo. Quando estendi o dinheiro, reparei que o rapaz estava sem luvas, apesar do frio de cinco graus negativos.

  • Machado e Johnny Bravo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/10/2004

    Houve tempo em que minha auto-estima andava lá em cima. Comprara um carro do ano, importado, o carro fazia sucesso, e minha estima pelo auto chegou às nuvens. Vivendo hoje mais modestamente, com carro nacional já velho de dois anos, não tenho motivo para estimá-lo, embora o trate bem e ele me retribua com excelente tratamento, nunca me deixando na mão.

  • Mal necessário

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/10/2004

    O Papa é infalível. Assim estabeleceram Pio 9º e o Concílio Vaticano 1º em 1870. Mas o Papa também é um homem e João Paulo 2º acrescenta a suas virtudes ser um pensador. Gosta de escrever, de publicar livros que vão do teatro à poesia. Agora está sendo anunciado o lançamento de seu novo livro - "Memória e Identidade" -, no qual, segundo divulgam os jornais, consta a tese de que "o comunismo foi um mal necessário, permitido por Deus para render oportunidades para o bem".

  • Hegemonia e diferença subversiva

    Jornal do Commercio (RJ), em 15/10/2004

    Não nos demos conta, talvez, internacionalmente, do quanto a vitória de Kerry no primeiro debate reabriu uma perspectiva de possível derrota de Bush em 2 de novembro próximo. O segundo debate criou uma situação de inércia, entre os pontos ganhos e perdidos de ambos os contendores, e passa-se a jogar tudo no encontro de Arizona. A pesquisa imediata do Gallup deu uma contundente vitória ao democrata, de 55% contra 39%. E de imediato se acirrou o radicalismo republicano, diante do vigor redobrado da ameaça. Um liberal, como Kerry, passa a ser o fantasma para o status quo: o candidato foi acusado por Bush - como quem diz um palavrão - de ser o mais "esquerdista" dos senadores.

  • Perto do lingüicídio?

    O Globo (Rio de Janeiro), em 14/10/2004

    Há muitos brasileiros preocupados com o destino da língua portuguesa, ainda hoje inculta e bela. Se há um propósito deliberado de assassinar o português, não se pode garantir que o caminho inexorável seja o nosso improvável lingüicídio. Até porque registram-se reações muito importantes ao aparente descaso com que a matéria é tratada.

  • Governar para si mesmo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/10/2004

    Entre as muitas coisas que não entendo (na realidade, cada vez entendo menos de tudo) estão as previsões e análises eleitorais dos entendidos na matéria, os profissionais da política, os cientistas políticos e os colunistas especializados no assunto.

  • Impostos excessivos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 14/10/2004

    Somos penta campeões do mundo no futebol. Provavelmente, seremos o hexa possuidor da taça próxima. Mas onde ninguém nos tira a posição que conquistamos é na coluna dos impostos. Chegamos ao campeonato mundial em lugar de relevo, com 38,11% do PIB sobre as costas de todos os brasileiros, uma carga para grande quantidade de muares e, assim mesmo, insuportável para as nossas fracas poupanças.

  • Fernando Sabino

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/10/2004

    Sempre que lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, Fernando Sabino respondia: "Quero ser criança". Uma boa resposta, que ele não conseguiu realizar ao longo da vida. Pois nunca deixou de ser um rapaz, um bom rapaz. E, como bom rapaz, foi campeão de natação no Minas Atlético Clube, casou, teve filhos, escreveu livros, tocou bateria, viajou muito, estava sempre pronto para um papo inteligente e divertido.

  • A singularidade de ser plural

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 13/10/2004

    Numa sociedade desigual como a nossa, as chamadas ações afirmativas podem ser fundamentais para garantir oportunidade para quem sempre ficou de fora. É claro, porém, que num sistema em que há o vestibular, a simples importação de uma política de cotas gera distorções sérias e precisa ser discutida. Já está sendo e não é isso o que vou fazer aqui. 

  • Salim Ribbentrop e Molotov da Silva

    Jornal do Brasil (RJ), em 13/10/2004

    As comemorações dos 40 anos da morte de Santiago Dantas tiveram o tom de um novo percutir na memória nacional de nossas personalidades canônicas ou exemplares. Não se trata só de quem exprimiu o sentido do seu tempo, ou mesmo o antecipou. Sentem os seus contemporâneos que o sinete de um exercício limite, da inteligência sem concessões, nem desculpas, nem arrogância. O desempenho tornava-se uma proeza, por si mesmo, para o ator, desengastado de platéia. Deparamos, talvez, um desses casos extremos de uma moral de performance a ter, no fundo, um único e exatíssimo expectador. Não calha o lugar comum, de ver a biografia de Santiago como a obra de arte, dos clássicos chavões em que falamos, com licença quase promíscua, da aparição entre nós, de figuras Renascentistas.

  • A verdade da ficção

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 12/10/2004

    No contexto dos 80 anos de Lêdo Ivo e do lançamento de sua poesia completa, reunida num só volume, apresentado há pouco na Academia Brasileira de Letras, desejo falar hoje do romance do mesmo autor traduzido na Inglaterra.

  • A questão do Prata

    Diário do Comércio (São Paulo), em 12/10/2004

    Tenho escrito várias vezes sobre a Questão do Prata, mas como sua solução parece longe de ficar paralisada, no enlace de uma entente cordiale dos dois países, volto ao meu ritornelo , acentuando que o faço por admirar a Argentina, suas instituições culturais, seus costumes, a beleza de suas cidades, principalmente da mais bela capital da América, Buenos Aires. Sou, portanto, insuspeito de patriotismo exagerado, contra um vizinho da altura da Argentina.

  • Se eu fosse Maluf

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/10/2004

    Não sou Paulo Maluf, nem paulista, nem paulistano. Mas gostaria de ser, pelo menos até a véspera do segundo turno, quando se conhecerá o prefeito da capital. Poucos seres humanos, ao longo da história, estarão vivendo um estado de graça absoluto como ele.