
Casos à parte
[2]Entendendo cada vez menos de política, tampouco compreendendo a vida pública, não posso responder aos leitores que me cobram um comentário sobre a crise provocada por mais um escândalo que motivou a criação de uma CPI.
Entendendo cada vez menos de política, tampouco compreendendo a vida pública, não posso responder aos leitores que me cobram um comentário sobre a crise provocada por mais um escândalo que motivou a criação de uma CPI.
Os xiitas do PT pretendem decretar a morte de Regina Duarte enquanto personagem do mundo artístico. Manifestação explícita do patrulhamento, que começou no período totalitário e que agora ameaça voltar, no melhor estilo da "não-pessoa" que vigorou nos tempos mais duros do stalinismo.
Ninguém discutirá que o maior trunfo até agora do Governo Lula é o do novo protagonismo internacional do Brasil. Largou-se, de vez do Prata, empolgou a América do Sul, chega até à mediação das Farc, contém e apóia Chavez, e se lança ao maior desdobramento intercontinental. Mas fica fora de tudo isso o México e este novo portento que, na prática, criou uma condição cada vez mais bipolar - senão contraditória - nesta latinidade do novo mundo. Tem demorado o contato do presidente com esta Norte-América talvez a esperar a mudança do Governo Fox, e a eventualidade de que seu amigo de décadas, Cuauhtémoc Cárdenas, represente um outro caminho entre o PRI e o liberalismo de Salinas, herdado pelo atual regime. Ou que dependa o futuro do avanço do prefeito da megalópole, López Obrador, figura também a ganhar uma outra dimensão de identidade e mobilização que a do populismo ou das máquinas de poder em que se cristalizou a enorme força sindical do país.
É dizer como o outro: já que o homem não vai ao livro, que vá o livro ao homem. Multipliquem-se as feiras de livros pelas praças da cidade, e não só desta, como de todas as cidades do interior. Ah, o interior! As livrarias são poucas, a distribuição das editoras não é boa. Nunca se pisa em cidade do interior sem escutar dos interessados a queixa de que livro de fulano, que está muito falado, não apareceu à venda na terra. Talvez fosse um êxito inesperado a inauguração de feiras de livros por este Brasil afora: o pessoal ver os livros assim de cara como a farinha e os legumes. Poder mexer, palpar, olhar as figuras, se interessar. Seria talvez uma revolução.
Em 11 de outubro, foram inauguradas pelo primeiro ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, as novas instalações, onde funcionará, em Mindelo, junto ao Instituto Isidoro da Graça, a Universidade Candido Mendes. No seu Centenário, a instituição dá início a uma política de expansão internacional naquele arquipélago, em meio ao Atlântico. No ato de sábado último, o Governo caboverdiano definiu a envergadura do esforço que o associa cada vez mais ao Brasil e, ao mesmo tempo, define a maturidade com que encarna a implantação do sistema integrado de educação no país. Tanto se inaugurava, junto ao pioneiro Instituto caboverdiano, a Ucam, quanto se acolhia um esforço educacional privado para prover, localmente, a fome da especialização no terceiro grau do ensino. Santos Neves mostrava como a inovação vinha de par com a formal promessa de se instalar a primeira universidade pública, ainda no presente Governo, em primeiro ano de exercício.
Correspondente do "Washington Post" no Chile entre 1972 e 1978, John Dinges acaba de lançar "Os Anos do Condor - Uma Década de Terrorismo Internacional no Cone Sul", cuja tradução foi recém-lançada no Brasil. Além da experiência pessoal no próprio olho do furacão, Dinges teve acesso a documentos tornados públicos durante o governo de Bill Clinton (1993-2001).
Neste ano , há uma concentração de invocações com algumas saudades que julgávamos mortas. É este ano de 2005 o centenário de Aliomar Baleeiro, de Adauto Lúcio Cardoso e de Afonso Arinos de Melo Franco. Afonso, marco poderoso da inteligência brasileira, visitou todos os campos do conhecimento. Mas evoco o Afonso Arinos, meu mestre e amigo, o parlamentar, aquele que, num discurso memorável e eterno, precipitou o fim do governo Vargas. E também aquele que, ao saber que Getúlio se matara, chorou e encheu-se de remorso. Falava como se desse aulas de saber, de espírito público, de dignidade.
O MST ficou conhecido pelo desrespeito à Lei Magna do país, a Constituição de 88, do que pelo programa de reforma agrária. Suas escolas, sobretudo a última, dedicada a antigo professor da USP, e o culto de Che Guevara, mais a violência do campo, com a participação de urbanos até na indumentária, fez a sua figura para a opinião pública.
O presidente da República e sua equipe econômica estão reclamando daquilo que chamam de especulação. Entenda-se por especulação a norma existente em qualquer mercado que visa ao lucro maior e mais rápido. É uma das leis irrevogáveis, como a da gravidade e da própria globalização, sob as quais somos obrigadas a viver.
"Nossa experiência cotidiana mostra que o setor das decisões políticas mais afastado do debate público, que caracteriza as democracias, é o dos assuntos internacionais. A política externa é mantida como esfera reservada ao Poder Executivo, de fato, se não de direito...", observava Norberto Bobbio, em "Três Ensaios Sobre a Democracia". Afortunadamente, a discussão da política externa já está há muito inserida na agenda da sociedade brasileira, mormente os temas que envolvem nossa circunstância.
Aproveita-se a traição, mas despreza-se o traidor. O ditado é antigo, do tempo das cavernas, mas será sempre atual. É o caso de W. Mark Felt, ex-agente do FBI, que agora assumiu ser o Garganta Profunda, informante principal da dupla de jornalistas do "Washington Post", responsável pela série de reportagens sobre o caso Watergate, que provocaria a renúncia do ex-presidente Richard Nixon, em 1972.
Li num de nossos periódicos cotidianos cartas de leitores, uns defendendo e outros acusando as feiras livres. Os primeiros, de que são úteis aos consumidores e os segundos que atrapalham a já caótica cidade de São Paulo de Piratininga.
Como base primeira e mais forte da memória, costuma a infância povoar, com sua mistura de encanto, mistério e medo, uma boa parte das narrativas que o homem faz para inventar a vida. Ou entendê-la. Quem reler o livro de James Joyce, "Retrato do artista quando jovem", descobrirá (às vezes, a primeira leitura não é suficiente para tanto) o muito que se concentra nos movimentos iniciais do corpo e da mente jovens, em busca do entendimento de si mesmos e do resto do mundo. As palavras do começo da história são claramente infantis e fazem pensar que o livro se destina a crianças (o que não deixa de ser verdade). Ei-las:
Falaram, falam e continuarão falando horrores das pesquisas. Quem as inventou? Para quê? Em época eleitoral, elas influenciam os indecisos? Em suma: elas são um bem ou mal?
A permanência do capital político de Lula independe dos anticlimaxes, da falta de resultados concretos, e até mesmo de novas idéias-força para manter a expectativa eleitoral. A convicção se arraigou nesta quase que inexpugnabilidade do apoio ao presidente, já claramente vertido para toda probabilidade de ganho nas próximas eleições. O vai-e-vem da nova e possível comissão de apuro das fraudes nos Correios, na verdade, não abala esta convicção de fundo.
Links
[1] https://www.academia.org.br/academicos/carlos-heitor-cony
[2] https://www.academia.org.br/artigos/casos-parte
[3] https://www.academia.org.br/artigos/patrulhas-nunca-mais
[4] https://www.academia.org.br/academicos/candido-mendes-de-almeida
[5] https://www.academia.org.br/artigos/outra-america-latina
[6] https://www.academia.org.br/academicos/rachel-de-queiroz
[7] https://www.academia.org.br/artigos/livro-televisao-internet
[8] https://www.academia.org.br/artigos/universidade-brasileira-em-cabo-verde
[9] https://www.academia.org.br/artigos/novas-revelacoes-sobre-o-regime-militar
[10] https://www.academia.org.br/academicos/jose-sarney
[11] https://www.academia.org.br/artigos/um-pouco-de-nostalgia
[12] https://www.academia.org.br/academicos/joao-de-scantimburgo
[13] https://www.academia.org.br/artigos/submissao-ao-mst
[14] https://www.academia.org.br/artigos/o-dolat-e-rosas
[15] https://www.academia.org.br/academicos/marco-maciel
[16] https://www.academia.org.br/artigos/politica-externa-e-o-mercosul
[17] https://www.academia.org.br/artigos/fonte-e-traicao
[18] https://www.academia.org.br/artigos/feiras-livres
[19] https://www.academia.org.br/academicos/antonio-olinto
[20] https://www.academia.org.br/artigos/e-assim-era-e-foi
[21] https://www.academia.org.br/artigos/pesquisando-pesquisas
[22] https://www.academia.org.br/artigos/o-letargico-fascinio-de-lula
[23] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2178
[24] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2175
[25] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2176
[26] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2177
[27] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2180
[28] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2181
[29] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2182
[30] https://www.academia.org.br/pesquisar?page=2183