O governo Rajoy vem de autorizar a dessindicalização do proletariado espanhol. Não se conhece, contemporaneamente, maior golpe ao que se sempre viu como uma conquista definitiva da democracia, independentemente de governos de esquerda ou direita. Do dirigismo, ou da torna aos modelos liberais do fim do século, até como se voltássemos ao mais crasso "salve-se quem puder" pelo emprego, em que o choque de 2088 continua a minar as condições de estabilidade econômica mínima do país. E é nesse despenhadeiro de incertezas que a campanha presidencial de Sarkozy se alinha à direita nas teses, inclusive mais imprevisíveis, ainda, ao início do ano. A bem da proteção ao mercado de trabalho, defende a proscrição migratória, a expulsão de estrangeiros do país, à procura do reforço de forças extremistas que já, por sua vez, querem barrar-lhe a escalada inopinada. É, já, o caso de Marine Le Pen, que, nos últimos dias, ganhou, afinal, o número de assinaturas mínimas - quinhentas, de várias autoridades públicas - para entrar na contenda.