A hora do tratamento
Este governo está tendo de fato muitos tropeços, mas é arriscada a aposta da nova oposição de que ‘não vai dar certo’ e, por isso, o melhor é ficar bem longe do fracasso.
Este governo está tendo de fato muitos tropeços, mas é arriscada a aposta da nova oposição de que ‘não vai dar certo’ e, por isso, o melhor é ficar bem longe do fracasso.
O governo Temer parece andar em ritmos diferentes, mais harmônico na equipe econômica, claramente comandada por Henrique Meirelles e com coerência de objetivos, confuso nos demais setores, onde se destaca no primeiro momento a figura virtuosamente híbrida de José Serra no Itamaraty, que pode atuar bem em setores que não sejam puramente econômicos.
Mais difícil que matar um monstro é remover seus escombros. A frase de Ulysses Guimarães que ouvi várias vezes o Jorge Moreno, seu amigo e assessor, repetir, é muito adequada à situação que o governo Temer está vivendo nos seus primeiros dias. Se já esperava tamanha resistência interna, parece que não se preparou para tamanhas ousadias.
Pelas circunstâncias que o levaram ao poder, Michel Temer, em lugar do tradicional crédito, começa com déficit de confiança.
Ao se exigir transparência e respeito aos cofres públicos, vale destacar no âmbito nacional a questão dos acordos de leniência.
Moro em Copacabana, na rua Duvivier. Para quem vem de Botafogo pelo Túnel Novo, duas ruas antes é a Prado Júnior. Embora eu more ali perto, raramente caminho até lá, como fazia antigamente.
Não sei quem disse pela primeira vez que Deus escreve certo por linhas tortas. Pessoalmente, acho que é ao contrário: Deus sempre escreve errado por linhas que às vezes são certas. De qualquer forma, os acontecimentos desta semana trágica são uma prova que dá razão às duas versões e deixam Deus numa situação parecida com a de Eduardo Cunha: não se pode mais confiar nos dois, nem em Deus, nem em Cunha. Muito menos em mim.
Se vai acontecer, não sabemos. Mas a referência do presidente Michel Temer à "democracia da eficiência", no seu primeiro pronunciamento ao assumir interinamente o cargo, é uma perfeita definição do que a sociedade busca, resumo do que motivou, a partir de 2013, os movimentos populares nas ruas do país.
A preocupação explicitada pelo presidente Michel Temer ontem, na sua primeira manifestação pública depois de investido no cargo, foi com os parlamentares, não sem razão. No curto prazo, ele precisará de apoio congressual para desmontar bombas deixadas pelo caminho pela administração afastada, aprovar medidas imediatas, como a mudança da meta fiscal ou a DRU, e também as reformas delicadas que pretende encaminhar para discussão.

Publicada em 13/05/2016
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