Academia Brasileira de Letras irá celebrar o centenário de nascimento de Helio Jaguaribe em palestra ministrada pelo Acadêmico Celso Lafer na próxima terça-feira, 31 de outubro, às 16h, na Sala José de Alencar. A conferência encerra o ciclo “Memórias da Academia”, que tem a coordenação do Acadêmico Godofredo de Oliveira Neto.
Para Celso Laffer, Helio Jaguaribe é o patrono dos seus caminhos tanto na teoria política, quanto na teoria das relações internacionais.
“Integra o panteão das minhas referências e na minha admiração o impacto do Helio como analista da conjuntura tem muito a ver com o vigor e Integridade de seu espírito republicano, ser superior, generoso e destituído de baixas paixões. Dizia ao Helio, que ele era o nosso profeta da lucidez", destacou.
Composto por cinco conferências, o ciclo tem coordenação geral do Acadêmico Antonio Carlos Secchin e tem como objetivo resgatar obras de imortais. A entrada é franca e todas as conferências possuem tradução em libras.
O CICLO
O ciclo teve início no dia 3 de outubro, com uma palestra sobre Manuel Antônio de Almeida, autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”. Sua vida e obra foram revisitadas pelo Acadêmico Ruy Castro. No dia 10 de outubro, o Acadêmico Arnaldo Niskier falou sobre Machado de Assis e a Educação. No dia 17, a pesquisadora de literatura brasileira Elvia Bezerra falou sobre os 20 anos da morte de Rachel de Queiroz, primeira mulher a entrar para a Academia. No dia 24, a Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira abordou o centenário de nascimento de Lygia Fagundes Telles. Ela falou sobre a Lygia escritora, cidadã, amiga e como escritora do ponto de vista do leitor.
SOBRE HELIO JAGUARIBE
Helio Jaguaribe nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de abril de 1923, diplomando-se em Direito em 1946 pela Pontifícia Universidade Católica dessa cidade. Filho do eminente geógrafo e cartógrafo da Comissão Rondon, Gen. Francisco Jaguaribe de Mattos, e de Francelina Santos Jaguaribe de Mattos, nascida em Vila Nova de Gaia, Portugal, filha de um grande exportador de vinho do Porto. Em 1952, deu início, com um grupo de jovens cientistas sociais, a um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp). Lá, foi secretário-geral e diretor da revista do Instituto, batizada de "Cadernos de nosso tempo", de relevante influência no Brasil e na América Latina. Em 1956, promoveu a constituição do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), uma instituição de altos estudos, do Ministério da Educação e Cultura, no campo das Ciências Sociais, do qual foi designado chefe do Departamento de Ciência Política. Ele pediu exoneração de ambas as funções em 1959, por discordância com mudanças na orientação dos institutos. Passou, então, alguns anos colaborando, sem vínculos permanentes, com diversas instituições acadêmicas, no Brasil e no exterior.
Em 1964, depois de pública condenação do golpe militar, afastou-se do país e foi lecionar nos Estados Unidos. De 1964 a 1966, ele trabalhou na Universidade de Harvard; de 1966 a 1967, na Universidade de Stanford; e de 1968 a 1969, no MIT – Massachusets Institute of Tecnology. Retornando ao Brasil em 1969, Jaguaribe ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes onde, por alguns anos, foi diretor de Assuntos Internacionais. Com a fundação do Instituto de Estudos Políticos e Sociais, em 1979, foi designado decano, função que exerceu até 2003. Naquela data, completando 80 anos, propôs sua substituição por alguém mais jovem, o professor Francisco Weffort, ex-Ministro da Cultura do Governo Fernando Henrique Cardoso, que foi escolhido para o cargo. Para Jaguaribe foi conferido o título de decano emérito e, nessa função, continuou suas pesquisas.
Por sua contribuição às Ciências Sociais, aos estudos latino-americanos e à análise das Relações Internacionais, recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, RFA (em 1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992); da Universidade de Buenos Aires (em 2001). Foi o nono ocupante da Cadeira nº 11, eleito em 3 de março de 2005 na sucessão de Celso Furtado e recebido em 22 de julho de 2005 pelo acadêmico Candido Mendes de Almeida. Faleceu no dia 9 de setembro de 2018, no Rio de Janeiro, aos 95 anos.
O PALESTRANTE
Celso Lafer é o quinto ocupante da cadeira 14. Foi eleito em 21 de julho de 2006, na sucessão de Miguel Reale, e recebido em 1º de dezembro de 2006 pelo acadêmico Alberto Venancio Filho. É PhD em Ciência Política na Universidade de Cornell, EUA, e livre-docência em Direito Internacional Público na Faculdade de Direito da USP. Foi Ministro das Relações Exteriores, em 1992, e Vice-Presidente, ex-officio, da Conferência da ONU sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, na Rio-92. Em 1999, foi Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e, de 1995 a 1998, embaixador na Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas e à Organização Mundial do Comércio, em Genebra.
26/10/2023