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Artigos

  • Alberto da Costa e Silva não devia morrer

    O Globo, em 28/11/2023

    Alberto da Costa e Silva não devia morrer, não podia morrer. Era uma hipótese improvável. A multa seria muito pesada. E tudo mais, desnecessário. Tenho certeza de que não conseguiu. Uma obra límpida e altiva, rebelde e inovadora, vasta e fascinante não se desfaz.

  • Ode à Biblioteca

    Discurso de posse na Biblioteca Nacional, em 30/05/2023

    A biblioteca é uma assembleia interminável, centro de cultura e difusão, que se renova com os leitores-cidadãos. Não há distância entre leitura e democracia. Não pode haver. A Biblioteca Nacional é um dos maiores bastiões da liberdade. Está no seu DNA, na vocação ecumênica, inimiga da censura, voltada aos metadados. Não admite a pós-verdade. Imune às fake News, Incapaz de rechaçar os próprios dados.

  • A Mandíbula de Caim

    Comunita Italiana, em 22/02/2023

    Quem adentra esse mundo 3D, torna-se coautor da narrativa, segunda alma de Edward Mathers.

    Este romance precisa de você. Não aprecia monólogos solitários. Nasceu para o diálogo, para ouvir suas ideias. O espetáculo começa quando você chega. Só depois abrem as cortinas.

  • Língua Turca: Ama Uzun!

    comunitàitaliana | novem, em 19/11/2022

    Entrei cedo na escola dos ventos, nas ondas frias e atrevidas. Não sei aonde me vou, se nas águas do Bósforo ou da Guanabara.

    Tecida de onda e vento, a língua de Istambul. Ouço rumores do livro didático: tekneler yavas geçiyor, nos barcos que deslizam vagarosos.

  • A Paixão segundo Cony

    Jornal de Letras de Lisboa, em 27/07/2022

    Li de uma só vez, com duas pausas, se muitas, da madrugada ao amanhecer, o romance póstumo do inquieto e fascinante Carlos Heitor Cony. Como quem descobre uma carta não enviada, perdida numa gaveta entreaberta, sem destinatário – a todos e ninguém –, consignado, muito embora, o remetente, num jogo de espelhos remissivos. Faltou pouco para escoimar uma e outra parte, cortes e acréscimos, como deixou claro, na última revisão, suspensa em 2005, através de um movimento pendular: frontal e irresoluto, áspero e compassivo. Acenos de utopia e desencanto, estrela e solidão, no céu escuro deste século. Livro que flui para o leitor, na lisa superfície da narrativa, mas que se escreve sob dura condição, áspera e irregular. Legato que repousa na soma de staccati. 

  • Nobel de Física

    Jornal de Letras, em 17/11/2021

    Já acompanhava, de longe, os estudos de Parisi sobre os sistemas complexos, não de forma específica, mas de ordem geral, filosófica. Bebo da fonte da complexidade, em Edgar Morin e Basarab Nicolescu. Ainda jovem, na casa dos vinte e poucos anos, enviei a Mandelbrot uma serie de perguntas – jamais respondidas – sobre a poética dos fractais, bela, fascinante, enamorada do infinito. Fui capturado desde então pelo complexo. Algumas dessas obsessões aparecem nos meus livros, sob a chancela de diário filosófico, em forma de fragmentos, cujos três volumes sairão reunidos, em breve, com o título de Paisagem lunar.

  • Giacomo Leopardi (Para Antonio Prete)

    Revista Humanitas, em 12/11/2021

    Um de seus mais belos poemas habita o sentimento do infinito. Para alcançá-lo, apenas a imaginação.
    *
    Nos domínios fictícios do infinito, o pensamento humano só pode naufragar.

  • Dante 700

    Jornal de Letras de Lisboa, em 20/10/2021

    Desde a infância, Dante é meu fantasma. Quase de carne e osso. Vibrátil. Tornou-se meu enigma e obsessão. Determinou parte de minhas escolhas e de minhas recusas. Todos os anos volto ao Inferno, Purgatório e Paraíso. Basta entrar uma vez, para nunca mais sair. Um labirinto de beleza.

     

  • Plotino

    Revista Humanitas, em 19/10/2021

    Nenhum filósofo me infunde tanta paz. Os antigos ensaios de seu rosto, de autoria incerta e duvidosa, parecem confirmar tal sentimento. Como na Vida de Porfírio, como na Escola de Atenas, de Rafael, assistimos a um Plotino, solitário, a sorver as primícias da contemplação. 

  • O Deserto e as Formas

    Revista Humanitas, em 30/08/2021

    Como definir a experiência do deserto, senão através de aparente recorrência?

    *

    A tautologia surgiu no coração do deserto. Um anjo disse: A = A.  Mas quando veio o diabolus, descobrimos a cifra de um paraíso perdido. A ≠ B.

    *

    O deserto, antes dele. O deserto, dentro dele. O pós-deserto. Três mundos que divergem, irredutíveis. A soma de matéria incandescente. 

  • Moby Dick

    Jornal de Letras de Lisboa, em 28/07/2021

    Alguém disse que, quando lemos um clássico pela primeira vez, realizamos, a bem da verdade, uma segunda leitura. Mais que um paradoxo, as linhas de força de um grande livro não deixam margem à dúvida.  

  • Canto do Cisne

    Revista Humanitas, em 20/07/2021

    A mônada e a morte. Conjugá-la na primeira pessoa – no modo indicativo e no presente. Já não se podem convocar terceiros.