
A saúde de Sua Santidade
Com atraso venho também dar a minha opinião sobre a questão da saúde de Sua Santidade o papa João Paulo II.
Com atraso venho também dar a minha opinião sobre a questão da saúde de Sua Santidade o papa João Paulo II.
Semana passada, Lula desceu de jeans do avião para abraçar Chávez na pompa de uma visita a Caracas. Pôs a nu o perigo do populismo que o venezuelano trouxe à reivindicação pela nova esquerda latino-americana no fechamento do Fórum de Porto Alegre.
Numa visita a Volta Redonda, fomos convidados para conhecer um projeto fascinante: A Oficina de Cinema de Animação, patrocinada pelo Ministério da Cultura (Minc) e realizada pelo FanCine, com outros parceiros. Um espetáculo que enche os olhos, com a garotada mobilizada pela realização dos seus trabalhos, em que se misturam a vocação inequívoca e a criatividade. A oficina envolveu dezenas de estudantes de escolas públicas e resultou num filme de animação de curta-metragem sobre os cinqüenta anos do município.
Grande parte do Estado de São Paulo passou de proprietários particulares, ou da condição de devoluta, para a condição de terras griladas por quadrilhas que posavam de boas pessoas, mas, na realidade ou em sigilo, arrebatavam as terras que podiam. Quando faleciam os herdeiros, tinham uma fortuna nas mãos e as desenvolviam, aumentando o patrimônio de origem fraudulenta, ou, na melhor linguagem, roubadas de proprietários legítimos, ou herdeiros ou simplesmente também grileiros.
Ninguém, ninguém mesmo, sabe como se passaram, entre outras coisas do governo anterior, as privatizações das teles, buraco negro, e bota negro nisso, de nossa recente história. Em determinado ponto, houve tal e tamanha confusão, que todos ficaram sabendo que havia corrupção, e corrupção difusa, contagiosa. Os intermediários e os altos funcionários que telefonavam para o presidente da República, dando conta das negociações, nem eles sabiam direito para quem e por quanto trabalhavam.
O país, como sabemos por informações do governo, vai muito bem. Os bancos auferiram lucros sem precedentes, atingimos novo record de arrecadação de impostos e este ano talvez não seja necessário criar mais uns três ou quatro, bem como um par de taxas e contribuições provisórias (permanentes - coisas da nossa língua, em que “pois não” quer dizer “sim” e “pois sim” quer dizer “não” e, desta forma, o adjetivo “provisória”, qualificando palavras como “medida” e “contribuição”, quer dizer “permanente” e não sei por que estranhar, já que as iniciais são as mesmas e não alteram as siglas). Falam na taxa de respiração, a ser paga por quem utiliza o ar hoje espantosamente gratuito, mas parece que ela ainda será debatida por uma comissão do PT (Partido dos Trabalhadores, pois carecem de fundamento os rumores de que se tornou o Partido dos Tapeadores), o que significa que não deve sair antes de o presidente reeleger-se e dedicar o segundo mandato a armar um terceiro, para ter tempo de fazer alguma coisa, nos breves intervalos entre viagens, discursos e inaugurações de farmácias.
O JORNALISTA JAPONÊS FAZ A PERGUNTA de sempre:
Em crônica recente, falei sobre a importância dos trios na música popular e no futebol, mas fiquei neles. Não me esparramei em considerações sobre os trios em geral, esquecendo os de caráter religioso: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; o Inferno, o Purgatório e o Paraíso; a fé, a esperança e a caridade.
Falta-nos uma política caribenha a nos livrar do preconceito de uma fraqueza congênita desta região insular, esfarinhada, para muitos, entre diversas culturas. Não vencemos ainda uma interdição original em nos movermos na área pelo impasse de Cuba e uma contra-resposta de Miami, suas minorias ativíssimas e essa "Havana no exílio" já a começar a influir nas eleições da Flórida. E como abordaremos o repto haitiano, hoje primeira mira do Governo neste quadrante político? Qual o trunfo a extrair, desta específica e primeira identidade afro-latina, em que nos distinguimos da América espanhola?
A Europa está em lua-de-mel. O presidente Bush, com ares de noiva, visita seus parceiros europeus pedindo desculpas pelo desencontro da Guerra do Iraque e oferecendo sua mão generosa em casamento para que, juntos, iniciem nova vida. Chirac já aceitou, Schröder também, Berlusconi nem se fala, é velha companheira de amores, Blair é indissolúvel concubinato.
Depois de tantas tentativas de um acordo de paz em Israel, parece que agora vai. Não diremos que foi a morte de Yasser Arafat que possibilitou que a paz viesse.
Volto a assunto que considero pessoal. Na semana passada, vindo de Belo Horizonte, cheguei ao aeroporto do Galeão e não acreditei. O pátio de estacionamento vazio, inúteis os vinte e tantos túneis de acesso aos aviões, alguns deles em aparente deteriorização. As sanfonas que se grudam ao corpo dos aparelhos me pareceram esclerosadas, até mesmo enferrujadas, revelando pouco ou nenhum uso.
No título da matéria de capa do número desta semana da revista Veja , vem a expressão "um golpe na imagem do parlamento". Sem dúvida, o presidente da Câmara dos Deputados é conhecido como " rei do baixo clero."
Napoleão dizia que a imaginação governa o mundo. Tal afirmação foi recolhida por Paulo Rónai do Memorial de Santa Helena, de Emmanuel Les Cases, e não há por que duvidar dela. Mas não deixa de ser espantoso o fato de o guerreiro e estadista sob cuja espada grande parte da Europa foi governada no século 19, admitir, no exílio, a primazia da fantasia e da fábula sobre a realidade.
Roland Corbisier, falecido a 10 de fevereiro último, foi o primeiro diretor do ISEB: instituto que, há quase meio século, procurou formular a ideologia do nosso nacionalismo, amarrada à vigência do desenvolvimento. Buscava o impacto mobilizador de uma efetiva tomada de consciência pelo país do seísmo em que importara, à época, a perspectiva dos ''50 em 5'' de Juscelino. Refletia o salto para a mudança, implicando a revisão de tantos mitos, desde a inevitabilidade do progresso até o da nossa condenação ao fracasso no quadro das velhas pestiferações de raça, da preguiça, ou do povo, como denunciava Monteiro Lobato, feito dos Jecas-tatus, à margem da história. O ISEB, empenhado na autoconsciência dos movimentos sociais, viria necessariamente a se chocar com as visões corporativas, ou dos atores privilegiados para o desenvolvimento, tal como das Forças Armadas, a comandar este processo, consoante os imperativos geopolíticos e estratégicos da Segurança Nacional.