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Artigos

  • O supremo entra na crise

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 28/10/2005

    Talvez não exista critério mais claro da chegada da crise aos seus limites que de uma intervenção inovadora do Supremo no usar, ao lado da guarda da Constituição, o seu poder de normalização do sistema. Nessas interpretações extremas do que seja manter a Carta Magna do País, a Corte se investe da latitude que lhe permita este valor profundo pelo nosso Estado de Direito. Ela não está vinculada ao espartilho das súmulas, nem deixa de levar a interpretação da lei que recomenda o melhor direito romano, no respeito ao bem comum. Há um intrínseco poder moderador da mais alta Corte, que se exerce em favor da estabilidade geral da nação, quer contendo o fio do legalismo extremo, quer não fugindo à norma inovadora, rebelde ao precedente.

  • Como não ter raiva

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/10/2005

    Lourival Batista, um estreito amigo e experimentado político de Sergipe, sempre me dava um conselho, que era um pouco inútil, uma vez que eu já praticava esse comportamento: "Não tenha raiva, dá erisipela". Ele, também, no exercício de vários mandatos de senador, fazia uma campanha indormida contra o tabagismo e incluía entre os males associados ao tabagismo ser irascível. Quando viajava, seu hobby no avião, em tempos em que ainda se fumava no avião, era dirigir-se às senhoras que estavam fumando, pedir licença e dizer: "Minha senhora, não fume, a senhora é tão bonita; e fumar provoca rugas e raiva, e ter raiva dá erisipela".

  • Revistando a obra de Herberto Sales

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/10/2005

    Publicado em 1944, quando Herberto Sales tinha 27 anos, "Cascalho" é o imenso romance que logo se colocou ao lado das grandes obras do nosso ciclo nordestino, iniciado com José Américo de Almeida e prolongado por Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado e Rachel de Queiroz.

  • A invenção do Caixa 2

    Diário do Comércio (SP), em 28/10/2005

    Há invenções das quais ninguém ouviu falar, nem mesmo do nome do inventor, e que, no entanto, mudaram a face da terra. Cita-se sempre a roda, que os gaiatos atribuem a um português, mas não têm provas. Outras invenções entraram nos hábitos cotidianos e tornaram mais cômoda a vida e ninguém ouve falar do seu autor.

  • Vamos lá, gente boa!

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/10/2005

    À margem do referendo sobre o comércio das armas, confesso minha preocupação com a gente boa deste país. O povo eleito, bacana, politicamente correto, transparente, saudavelmente pra frente, a turma que nos guia e ilumina com seus conselhos e seu comportamento ético, quebrou a cara com a derrota do "sim", mas o caso não é para o desespero e o ranger de dentes, que, aliás, não ficam bem em gente bem e tão boa.

  • Criminalidade crescente

    Diário do Comércio (São Paulo), em 27/10/2005

    Fomos, eu e o professor Miguel Reale Júnior, fazer conferências políticas, cada um para um partido, em Piracicaba, na Universidade Metodista.

  • Vinte brasileiros em um tempo diferente

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 26/10/2005

    Ele é o olho do repórter e do jornalista nesta nossa ABL: invariavelmente, aproveita o espaço do expediente das sessões plenárias para dar-nos notícia de um livro publicado, que encaminha à nossa Biblioteca; para comunicar-nos a conferência pronunciada por um confrade, com pedido de inserção nos anais; ou para informar-nos do prêmio concedido a um colega em júri nacional ou estrangeiro.

  • Solução radical

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/10/2005

    Vamos e venhamos, foi uma temporada divertida, essa que passou, das opiniões sobre o referendo do último domingo. Besteiras de um lado e de outro foram proclamadas, mas nenhuma delas se equiparou a das feministas que aproveitaram a onda para tirar as casquinhas de sempre.

  • O mercado e o sagrado

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 25/10/2005

    No princípio era o mercado. No princípio e também por todo o sempre que veio depois. Base de um avanço e de um encontro, chão do homem já civilizado, nada supera o mercado como elemento aglutinador por excelência das comunidades que, mesmo heteromorfas quando unidas por interesses e idiomas comuns, precisam de outros pontos de união e reunião, e de permutas, de entendimento eventual e de trocas de produtos. No princípio era o verbo, e este se exercitava comunalmente nos lugares de compra e venda, em que a necessidade absoluta de comunicação aguçava o raciocínio, despertava idéias e provocava planos itinerários.

  • A turma do bem e do mal

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/10/2005

    Desta vez, a culpa não é nossa, é do próprio Criador, que, não tendo nada o que fazer, nos criou à sua imagem e semelhança e, de quebra, sem necessidade aparente, criou uma tal árvore do bem e do mal para dividir os bons dos maus, os certos dos errados. Resumindo: eu (que pertenço ao mal) e os outros, que formam o bem, no qual não acredito por ignorância ou cálculo.

  • Contra a pirataria

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/10/2005

    Dupla assalta joalheria e escolhe marcas de relógio para levar. Um dos ladrões abordou uma vendedora de uma joalheria que inspecionava a vitrine; o assaltante levantou sua blusa, mostrando uma arma à vendedora. Dentro da loja, outras vendedoras foram rendidas e obrigadas a recolher relógios das marcas Breitling, Omega e Mont Blanc da vitrine.Folha Online, 18 de outubro de 2005 

  • O seis e o meia-dúzia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/10/2005

    Pegaram-me desprevenido: li nos jornais, em letras enormes, que o Brasil finalmente chegara ao seu futuro, via referendo de ontem. Textualmente: "Brasil decide o seu futuro". Qualquer que seja o resultado da consulta popular, estamos afinal no futuro que sempre nos prometeram. Pensava que era mais difícil, ou, ao menos, mais problemático.

  • Grande povo

    Diário do Comércio (São Paulo), em 24/10/2005

    O Japão está deixando sepultada no passado a cachação aplicada à sua economia por uma crise inesperada e indesejada. Consideram os comentaristas das suas conjunturas que o pesadelo de alguns anos se dissolveu como fumaça, deixando, embora, lições a serem observadas e eventualmente seguidas.

  • Sérgio e a energia nuclear

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 23/10/2005

    O Brasil perdeu uma grande figura da sua diplomacia. E também da cultura. O embaixador Sérgio Correa da Costa, membro da Academia Brasileira de Letras desde 1983, somava uma série de qualidades raras na mesma personalidade. Elegante, com domínio de vários idiomas, historiador de primeira categoria, legou ao seu País trabalhos que jamais serão esquecidos, dado o seu inquestionável valor. Isso foi dito no velório, realizado na sala dos poetas românticos da ABL, antes do enterro no Mausoléu dos Imortais.