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A cautela do Copom

 

A decisão do Copom foi tomada com base numa maioria de seis a três. O Copom deveria decidir por unanimidade.


Ocorre-me lembrar de dois provérbios, que calham à cautela do Comitê de Política Monetária do BC. Um é "De grão em grão a galinha enche o papo", outro é "Devagar se vai ao longe".


Esses dois provérbios ensinam sobre a cautela ou o medo com que foi anunciado o resultado da reunião do Copom para enfrentar a enquistada taxa de juros, que faz do empresário de qualquer setor um herói, sem créditos de Quixote, para manter o seu negócio com todas as solicitações que lhe são impostas pela economia do País e pela política em execução.


Está se vendo que o governo não tem outra solução para combater o processo inflacionário. É um mal terrível, que atrasou o Brasil, embora apareçam de vez em quando técnicos defendendo a inflação ainda que moderada, o que não existe. O que os economistas do governo deveriam fazer é adotar uma outra técnica de combate inflacionário, pois a atual está se esgotando visivelmente.


Essa redução tímida ou medrosa, como acentuei, não altera o quadro do dinheiro que o empresário enfrenta com obstinação. A verdade é que os nossos juros continuam altíssimos e deve se reconhecer que o fôlego do empresário em geral é de resistência de vários gatos.


O Copom, segundo o Diário do Comércio, considera que o time econômico-financeiro está ganhando, pois mantém a moeda estável. Mas a decisão do Copom foi tomada com base numa maioria de seis a três. E vem a pergunta: "E se a minoria tem mais razão do que a maioria?" Daí ser necessário que se proceda a uma reforma na votação, não pelo jogo da maioria e da minoria, mas como no sistema jurídico dos EUA, com os jurados decidindo por unanimidade. O Copom também deveria decidir por unanimidade.


Que não se estranhe essa tese, pois ela facilitaria as decisões do Copom mais do que se pensa. E o Copom não deveria ser tão cauteloso!


 


Diário do Comércio (São Paulo) 10/03/2006

Diário do Comércio (São Paulo), 10/03/2006