Universidade Democrática
O Ministério da Educação abre uma janela para a universidade brasileira, ao estender para a graduação a modalidade de estudos no exterior, a conhecida bolsa-sanduíche.
O Ministério da Educação abre uma janela para a universidade brasileira, ao estender para a graduação a modalidade de estudos no exterior, a conhecida bolsa-sanduíche.
Leonardo Boff escreveu um livro denso com a leveza de uma prosa luminescente, minimalista e breve. Em Cristianismo: o mínimo do mínimo, Boff dá mais uma vez provas sobejas do alcance de seu fazer teológico, nos limites de uma cultura da paz e da emancipação.
A notícia do fim da Enciclopédia Britânica, em formato real, foi recebida pela imprensa com um misto de triunfalismo e saudade. Se, para muitos, o oráculo de Delfos da Wikipédia levou Apolo e Atenas para a fila dos deuses desempregados, para outros teve início a cerimônia de adeus.
Nesses dois últimos anos houve uma devastadora epidemia de vampiros, que assolou nosso mercado editorial. Monstros aparentados com Drácula ou com a brigada dos diabos dantescos, sob os raios canônicos da lua e os não menos clássicos e afiados caninos. Podemos tomar tranquilamente um bom café na companhia do conde romeno e de suas variedades: um sem-número de figuras ambíguas, vagantes, filhas do reino das trevas.
Há quem julgue insuficiente explicar o mundo que nos cerca, a partir da ideia da modernidade líquida, cujo ponto de vista parece ter cumprido seu destino crítico. As metáforas também envelhecem. Se com as novas leituras de Marx havíamos detectado a passagem do estado sólido para o estado líquido, a interpretação das dinâmicas do mercado seria mais legível no estado gasoso.
A cem anos do naufrágio do Titanic, o Costa Concórdia não chega a ser um texto forte, mas uma nota de pé de página. Um deplorável libreto em preto e branco – sem o drama da metáfora daquela branca montanha de gelo – cheio de lances absurdos, dignos de uma opereta de gosto duvidoso, ou de uma velha história em quadrinhos, definida com repetidos traços maniqueístas.
Se é verdade que a sociedade civil é fruto de uma utopia do Iluminismo e, por isso mesmo, habitada pela incompletude e pela incessante revisão de seus princípios, no caso brasileiro as lacunas parecem abismos e reclamam maiores cuidados. O ano termina com a sofrida renovação das pastas ministeriais, a criação do PSD e a volta de conhecido representante do Pará ao Senado Federal.
Na semana da incontornável, e de há muito esperada, cerimônia do início da Comissão da Verdade, o silêncio a Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, foi a nota dissonante do evento, para que se "evitasse constrangimento" aos comandantes militares ali presentes.
Há quem defenda, com atraso de dois séculos, o fechamento da cultura brasileira, revogando a abertura dos portos da inteligência. E a pretexto de defender "nossa boa arte", pregam um estreitamento de fronteiras para impedir a "contaminação de culturas estranhas". Essa vigilância ideológica, que remonta ao paleolítico de uma visão comprometida, seria o anjo da absurda presunção de uma defesa geográfica. Anjo sem asas, com sotaque extremista e fixação identitária.
Presso la pantera, volgo il mio sguardo prudente alla lupa, alla lonza e al leone. Prego sulla facciata di San Michele in Foro che mi lascino entrare. Non mi resta che dire: Sono quel che vien dall’altra parte. Dal meridione estremo. Foris portam. Son quel che non c’è mai o quel che appena posa e subito riparte. Così straniero e prossimo.ro. Lonza e pantera, mentre chiedo:
Sou um vassalo da língua portuguesa. Pago tributo em peças de ouro ao erário da etimologia latina de meu sublime e incerto suserano. O português e o romeno ocupam os extremos de um mesmo horizonte linguístico. Eis a razão pela qual Mircea Eliade traçou um paralelo entre Camões e Eminescu. Somos herdeiros de um latim vetusto.
As esferas de poder tratam a educação mediante um plano de metas e camadas estatísticas, tão deploráveis quanto duvidosos, submetendo alunos e professores a chantagens numéricas, a um plano de metas em que os gestores (que caem na escola de paraquedas e com planilhas de custeio) decidem a frio os rumos de uma escola eficiente, com resultados imediatos, onde a cidadania é tratada com leviandade. Em paralelo, um menino de dez anos fere a professora na sala de aula e suicida-se logo depois.
Caro amigo, imagino você, o mais célebre dos escritores turcos, poeta e dramaturgo, olhando para o Mediterrâneo, do alto, digamos, de um minarete, como o da antiga catedral de Santa Sofia. Penso no Império Otomano e na parte incerta dessas águas verdes e azuis que correm entre as ilhas gregas e a costa da Turquia.
Do deserto da Síria ouço uma voz inabalável. Contra a violência e a favor da paz. Trata-se do teólogo Paolo dall'Oglio, que "descobriu", há pouco mais de trinta anos, um fortim romano esquecido, à beira de um abismo de pedras, e ali decidiu fundar, em pleno deserto, uma casa aberta aos povos e religiões de múltiplos quadrantes.
Sopram novos ventos em Santiago. Passam pela casa de Pablo Neruda. E seguem ao sul e ao norte do país. Volto de lá fascinado com as manifestações dos estudantes do ensino médio e superior do Chile, em favor de uma educação pública e gratuita, de alta qualidade e acesso universal.