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Artigos

 
  • América, sempre

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 27/09/2004

    O jornalista José Trajano, ele também apaixonado pelo clube rubro, citou-me outro dia como membro de uma pequenina e barulhenta torcida do América Futebol Clube. Senti-me honrado. No momento em que se comemora o primeiro centenário do time de Belford Duarte, o mais disciplinado zagueiro de todos os tempos, fiz as contas e concluí que torço pelo Mequinha há 60 anos.

  • Já estamos nervosos?

    O Globo (Rio de Janeiro), em 26/09/2004

    Sim, é no próximo domingo e se nota uma vibração intensa na atmosfera, pressente-se um coração palpitante em cada peito, o clima, está, digamos, elétrico. Não está, não? É, receio que não, estragou o começo do que pretendia ser uma esforçada tentativa de crônica sobre nossos brios cívicos, às vésperas da escolha dos nossos governantes mais próximos, dos que vão ser responsáveis por nossas cidades, nossos bairros, nossas ruas. Quer dizer, aqui no Rio, em certos lugares, cada vez mais numerosos, os governantes são escolhidos por métodos menos convencionais, mas nada neste mundo é perfeito e não se vai estragar a festa somente porque quem manda cada vez mais é o tráfico, até porque, segundo ouvimos, quem quer que seja eleito resolverá todos os problemas, não há motivo para preocupação.

  • Dos bastões e das regras

    O Globo (Rio de Janeiro), em 26/09/2004

    NO OUTONO DE 2003, ESTAVA passeando no meio da noite pelo centro de Estocolmo, quando vi uma senhora que caminhava usando bastões de esqui. Minha primeira reação foi atribuir aquilo a alguma lesão que tivesse sofrido, mas notei que ela andava rápido, com movimentos ritmados, como se estivesse em plena neve - só que tudo que havia à nossa volta era o asfalto das ruas. A conclusão óbvia foi: “esta senhora é louca, como finge esquiar em uma cidade?”

  • Estatização do jornalismo

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 25/09/2004

    O projeto de lei que cria o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) atenta, a um só tempo, contra a Constituição e as leis do País, visando a privá-lo da liberdade de imprensa, conquista e garantia essencial da democracia.

  • SOS educação

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/09/2004

    Nestes últimos dias, curti minha insônia de estimação com especulações que, em vez de atrair o sono, o afastaram e ficaram remoendo soluções e caminhos.

  • Tentativa inútil

    Diário do Comércio (São Paulo), em 23/09/2004

    O presidente da República falou rindo, mas não brincou, quando disse a um de seus colegas, em recente reunião de presidentes, grande parte de cucarachas, que foi ao Gabão aprender como se fica 30 anos no poder, e se quiser ficará mais. O presidente Lula falou sério, primeiro por ter tomado o gosto do poder e, segundo, por lhe ter subido à cabeça a mudança do humilde ex-torneiro a chefe do governo da República Federativa do Brasil, uma nação emergente de 180 milhões de habitantes, mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, portanto uma das maiores do mundo. O presidente Lula quer ficar, não há dúvida.

  • Tomada de consciência

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/09/2004

    O senador Marco Maciel apresentou em junho deste ano um projeto de resolução que institui a Comissão Especial do Bicentenário da Independência do Brasil. Para um político escolado que nunca teve pressa e chegou a governador, presidente da Câmara dos Deputados, ministro e vice-presidente da República em dois mandatos, o projeto não pode ser encarado como uma precipitação.

  • Crescer e aparecer

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 21/09/2004

    Ainda bem que a popularidade do presidente Lula aumentou, devido à bolha da economia que está sendo registrada, demonstrando que as coisas, se não estão perfeitas, tendem a melhorar se tudo der certo.

  • O atraso da Petrobras

    Diário do Comércio (São Paulo), em 21/09/2004

    No ano em que comemora 50 anos de existência, que foi alvo de campanhas favoráveis e desfavoráveis, garantindo aos comunistas da época que o petróleo é nosso e dando razão aos críticos que afirmavam ser o petróleo dos árabes sauditas e do Golfo Pérsico, onde entram, também, os islâmicos. O cinqüentenário foi comemorado com ênfase, provavelmente com mesas fartas e fogos de artifício, sustentando a afirmação de que seremos independentes dentro de muito pouco tempo.

  • Homero Senna

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 21/09/2004

    A morte de Homero Senna, há pouco mais de uma semana, privou-nos de um trabalhador intelectual como tivemos poucos. Conheci-o nos anos dourados de Juscelino, quando trabalhamos ambos no então Ministério da Viação e Obras Públicas, ele no gabinete do Ministro Lúcio Meira, eu como diretor do Serviço de Documentação. Redator dos relatórios da pasta, usava Homero Senna um estilo direto, claro, sem a menor desconversa, como devem ser os documentos oficiais.

  • Um invejável patrimônio

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 20/09/2004

    O cenário carioca foi palco das correntes mais representativas da música popular brasileira: o choro, por volta de 1870; o samba, nascido em 1917; a canção romântica da Era do Rádio, a canção de fossa das boates e a bossa nova, no final de 1950.

  • Vai sair uma reforma

    O Globo (Rio de Janeiro), em 19/09/2004

    Abem da verdade, a palavra “reforma” já não me dizia muita coisa. Desde que me entendo, ouço falar em reformas. Algumas gozam de status especial, como a agrária, cuja menção sempre esculpe semblantes graves nos que a ouvem e gestos de desalento de etiologia diversificada, conforme as convicções do autor dos gestos. Ela é certamente a decana, vê-se logo que não é uma qualquer, tem aquele quê (lembrei agora do tempo em que se falava em “it”; alguém aí ainda manja o “it”? Tudo bem, esqueçam) dos aristocratas, do dinheiro velho e das tradições. Acho que, se chamada a complementar rapidamente o substantivo “reforma”, a grande maioria dos brasileiros, exceção feita a dois ou três dos que me lêem que dirão “do banheiro”, proferirá automaticamente “agrária”. Todo mundo ouve isso desde pequenininho, é uma coisa meio pavloviana, embora Pavlov se tenha celebrizado por pesquisas com cães, não carneiros - mas isto já é outra história.

  • Histórias sobre a velhice

    O Globo (Rio de Janeiro), em 19/09/2004

    UM GUERREIRO DA LUZ NUNCA TEM pressa. O tempo trabalha a seu favor; ele aprende a dominar a impaciência, e evita gestos impensados.

  • O sono do boi

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/09/2004

    Um dos problemas sem solução do pensamento humano é saber se política é idéia, como queria Aristóteles, ou conversa, como quer o presidente Lula. A favor das duas definições, há gente de respeito e, sinceramente, me inclino mais pela segunda hipótese, não por ser a melhor, mas por ter freqüência maior.

  • O Parlamento e as raposas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/09/2004

    A sobriedade do parlamento inglês foi submetida a uma prova de bagunça. Nada mais nada menos que por causa das raposas. Os tradicionais guardas vestidos de preto e cabeleiras brancas metidos num qüiproquó entre os caçadores de raposa que não queriam deixar que o Parlamento proibisse a sua caça e uma multidão irada que fora gritava: "Queremos matar raposa!". Os parlamentares de dentro: "Raposa viva, sem cachorros as perseguindo!".