
Lygia Fagundes Telles
A presença de Lygia tinha o sopro de uma aura. Conjugava-se com sua beleza, que perdurou no correr dos muitos anos de sua vida. O seu olhar tinha características próprias que transpareciam no contato pessoal. Era um olhar pluriantenado de sensibilidade que agudizava a sua percepção das coisas, das pessoas e do mundo. Traduziu-se numa obra literária de primeira grandeza que, no romance e no conto, possui a limpidez adequada a uma visão que penetra e revela, como observou Antonio Candido. Filia-se no seu escrever à linhagem de Machado de Assis. Na sua obra, para evocar Octavio Paz em Blanco, na transcriação de Haroldo de Campos, 'a irrealidade do que é visto / dá realidade à visão'.