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Artigos

 
  • A esperança e o veto

    O GLOBO em, em 16/11/2001

    O Congresso votou lei que estabelece, nas escolas do ensino médio, a obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia, até agora matérias optativas ou objeto de experiências eventuais, assistemáticas, oscilando entre diferentes tendências e interesses da direção escolar aqui e ali, Brasil adentro. Divulgou a imprensa que algumas autoridades federais do ensino, favoráveis à inclusão da filosofia no currículo de nível médio, não aprovam, contudo, a extensão da medida ao ensino de sociologia . Era de crer que o professor Fernando Henrique Cardoso não vetasse a lei em tramitação. Mas vetou. A Presidência tem suas razões que a sociologia não entende... (que Sua Excelência, "aqui na terra" e o bom Pascal , "no Reino do Céu" me absolvam da paródia).

  • Uma luz no apagão

    O GLOBO,, em 13/07/2001

    Nestes dias em que a esperança escurece, dias de perplexidade e decepção, releio um ensaio daquele denso e avisado pensador Alberto de Seixas Martins Torres, que presidiu a sua província fluminense e honrou o Supremo Tribunal. Não me volto agora para os seus livros capitais, "A organização nacional" e "O problema nacional brasileiro", que por certo inspiraram, em 1930 ou 31, a fundação, no Rio, da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres (surgiu após a Sociedade dos Amigos de Marcel Proust, e desejo crer que não se tratasse de uma réplica retardatária do nosso grand monde carioca...).

  • Aqui jaz Pedro

    Jornal A Tarde - Salvador - BA,, em 13/06/2001

    Quando sirvo de cicerone a algum amigo brasileiro na visita à cripta basílica vaticana, tenho uma razão para deter-me com ele diante do túmulo de Pio XI (Ambrogio Damiano Achille Ratti). No dia 10 de fevereiro de 1939, adoecia e morria este papa quando Roma já estava repleta de bispos italianos. Eles o convocaram para um discurso que pronunciaria no dia seguinte, décimo aniversário da solução da Questão Romana com a criação do estado-Cidade do Vaticano e a promulgação do Pacto Lateranense entre este e o Estado Italiano. Dizia-se à boca pequena que o pontífice denunciaria e coordenaria certas lacerações do referido Pacto por obra de ninguém menos que Benito Mussolini.

  • O cão e o homem

    Folha de São Paulo - São Paulo - SP,, em 12/06/2001

    Já vi a mesma cena, aqui e no exterior. E acredito que todos nós já vimos coisa igual em qualquer parte do mundo.

  • A falta de energia

    Diário do Comércio – São Paulo – SP, em:, em 02/06/2001

    Não é só no Brasil que nos defrontamos, sem saber como resolvê-lo, com o problema de energia. A França resolveu, ao menos até agora, o problema, gerando energia em instalações nucleares. Cerca de 75% da energia consumida pelos franceses é produzida em geradores nucleares. Estes, sabe-se. Têm vida longa, mas não perpétua. O governo deve ficar atento para não ser colhido de surpresa, como está ocorrendo no Brasil, nestes dias de ameaça de apagão generalizado, pois no apagão já nos encontramos.

  • Carreira e carreirismo

    O GLOBO,, em 31/05/2001

    José Monteiro Soares Filho, homem de talento e aguda sensibilidade política, líder da UDN na Câmara - um dos poucos que Getúlio Vargas não deixava de temer - contava que um jovem bacharel recém-formado o procurara para pedir apoio à realização do sonho: a deputação estadual. Soares foi logo indagando: "Qual é a sua base no município?" O jovem era de Pádua, centro politicamente muito fértil, e não soube o que responder. Mas o mestre preencheu a ingenuidade do moço, aconselhando-o a ir convivendo com as pessoas e as instituições mais significativas da cidade, sem esquecer as microcomunidades distritais. Que se tornasse, em primeiro lugar, um estudioso do município, principalmente do seu torrão, enfronhando-se nos problemas capitais do meio urbano e do meio rural. Que auscultasse as "precisões" da cidade, como diria um dos chefes locais...

  • Apesar de tudo, desempregado

    A Gazeta - Vitória - ES,, em 30/04/2001

    A situação dos que se formam, em qualquer nível de ensino, é das mais delicadas. A crise de empregabilidade pegou o país em cheio, não discriminando se o formando completou o ensino médio ou o ensino superior. Assim, os casos apresentados na televisão, que chocam a população, estão se tornando cada vez mais comuns. O engenheiro dos sucos é um emblema da situação. Ele jogou fora cinco anos de estudos na Faculdade de Engenharia, para faturar na venda dos seus produtos deliciosos. Pelo menos assim não morre de fome. Outro caso sintomático aconteceu na Academia Brasileira de Letras.

  • Igreja e o terceiro milênio

    Brasil Norte - Boa Vista - Roraima,, em 27/04/2001

    Diante de um iniciante novo milênio, a Igreja de Cristo se encontra, querendo ou não, em uma curiosa e instigante posição. Ela vê chegar a nova época da história com seu olhar de 2000 anos. Olhar antigo, que viu de tudo, gravou e registrou muita coisa. Mas não gasto e cansado olhar. Olhar que lhe permite comparar o que está por acontecer com tudo quanto ela já pôde contemplar no passado: coisas boas e ruins, satisfações e frustrações, valores humanos e desvalores. Ao mesmo tempo ela lança sobre o novo milênio um olhar de criança, perscrutador e admirativo, disposto a discernir o novo que toda e qualquer transição histórica traz em si. Nesse olhar traduz em si o espanto e a surpresa em face do jamais visto e do inesperado.Muito significativamente, a Igreja já há alguns anos, ao preparar-se para o Terceiro Milênio, recusou uma atitude milenarista. Esta seria ou de mau augúrio de medo e de angústia diante do desconhecido ou de simples festejo, de otimismo superficial e enganoso. A Igreja preferiu interrogar-se sobre os reais desafios que traz a passagem do tempo. É o que não cessa de fazer, cheia de esperança, na soleira da nova etapa.

  • Cem anos de "Os Sertões"

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 11/04/2001

    Há 100 anos, em São José do Rio Pardo, Estado de São Paulo, punha Euclides da Cunha o ponto inicial em seu livro “Os Sertões”. Estava, como engenheiro, reconstruindo a ponte daquela cidade, havendo composto o livro num barracão em que funcionava seu escritório. O texto inicial do trabalho já fizera parte de sua colaboração no jornal “O Estado de São Paulo”.Escrevera-o como jornalista, tendo elaborado suas informações e análises no contato direto com a luta que se saberia ter sido a revolta do Brasil interior contra o litoral europeizado. Por muito primária fosse tal conclusão, seria admissível aceitar-se que os homens de Antonio Conselheiro lutavam contra a República e a favor da Monarquia? Também primária poderia ser essa interpretação.

  • Tragédia no mar

    Correio Brasiliense - Brasília - DF,, em 09/04/2001

    Parece título de filme B - mas anda mesmo morrendo muita gente. São os recentes conflitos no Bálcãs, são os judeus e palestinos se matando uns aos outros, são as bombas dos terroristas bascos, ou irlandeses, ou muçulmanos, e agora essa tragédia com a plataforma de petróleo, na bacia de Campos.

  • Você não decide

    Jornal O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 25/03/2001

    Manda a honestidade que eu avise aos que me lêem e, espantosamente, ainda não notaram que sou paranóico assumido. Estes últimos dias têm sido particularmente estressantes para a minha laia (sim, porque acredito firmemente que muitos compatriotas meus, em graus diversos, partilham desta triste condição). Começou com uma crise financeira na Turquia (!), recrudesceu com o Japão e agora com a Argentina e, de certa forma, os Estados Unidos. Embora eu não tenha nada a perder, a não ser, se a coisa engrossar mesmo, o ganha-pão (vou começar a treinar vender tangerinas nos cruzamentos aqui no Leblon, por via das dúvidas), fico nervos. Leio os jornais e suo frio só com essa zona financeira, para não falar no caso da LBV e nos escândalos e picuinhas políticas.

  • Aposta no conhecimento

    Jornal do Commércio - Rio de Janeiro - RJ,, em 25/03/2001

    Países desenvolvidos que não estão felizes com os rumos da sua educação tomam providências imediatas. Foi assim nos Estados Unidos, quando o Japão emergiu como principal “tigre asiático”.

  • Ficção e história

    Folha de São Paulo - São Paulo - SP,, em 22/03/2001

    Todo mundo sabe o que é ficção científica. O gênero ficou na literatura e no cinema. Pergunta: existe uma ficção histórica? Pode parecer um paradoxo. Ou é história ou é ficção. Mas existe uma história que foi inicialmente produzida pela ficção.

  • A imigração e a cultura brasileira

    O Estado de São Paulo - São Paulo - SP,, em 03/03/2001

    Ao estudar a chegada de grande leva de imigrantes às regiões sudeste e sul do Brasil se tem, geralmente, dado maior importância a seu aspecto econômico, sobretudo em São Paulo, com a substituição súbita de mão de obra escrava pela de trabalhadores europeus, mas não foi menor sua influência do ponto de vista psicológico ou espiritual.