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Artigos

 
  • Ficção e história

    Folha de São Paulo - São Paulo - SP,, em 22/03/2001

    Todo mundo sabe o que é ficção científica. O gênero ficou na literatura e no cinema. Pergunta: existe uma ficção histórica? Pode parecer um paradoxo. Ou é história ou é ficção. Mas existe uma história que foi inicialmente produzida pela ficção.

  • A imigração e a cultura brasileira

    O Estado de São Paulo - São Paulo - SP,, em 03/03/2001

    Ao estudar a chegada de grande leva de imigrantes às regiões sudeste e sul do Brasil se tem, geralmente, dado maior importância a seu aspecto econômico, sobretudo em São Paulo, com a substituição súbita de mão de obra escrava pela de trabalhadores europeus, mas não foi menor sua influência do ponto de vista psicológico ou espiritual.

  • A velhice dos símbolos

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 17/01/2001

    O símbolo não é apenas arbitrário: é também frágil. Joyce Cary insistia nessa fragilidade como elemento importante no esforço de renovação que todas as formas de expressão empreendem ao longo dos tempos. O símbolo é frágil, mas toda educação repousa sobre o dogmatismo dos símbolos, a tal ponto que a menor das novidades provoca protestos. É o tipo dogmástico do ensino que, nos últimos séculos, vem destruindo a intuição natural da criança. Pode-se discutir sobre se o desaparecimento dessa intuição haja sido, ou não, um bem, mas, do ponto de vista da conquista de uma linguagem cada vez mais viva, a simbologia precisa de contínuos reaferimentos e renascenças. Toda arte usa símbolos, diz ainda Cary, e a II Guerra Mundial começou ao redor de símbolos. Os preconceitos, raciais, religiosos ou políticos, se nutrem de símbolos e, por sua vez, alimentam esses mesmos símbolos.

  • O mito do fantasma

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 21/06/2000

    Vivemos cercados, literalmente, de mitos. Ou de realidade que se transformaram no que chamamos, apropriadamente ou não, de mitos. Desde que a palavra “imaginário” deixou de ser apenas adjetivo para se apresentar, dir-se-ia que definitivamente, também como substantivo, bibliografias muitas surgiram no setor, a começar por livros de Mircea Eliade, culminando com o ensaio de Gilbert Durand, “Les structures anthropologiques de l'imaginaire” (1960) e “L'histoire de l'imaginaire”, trabalho de Evelyne Patlagean incluído no volume “La nouvelle histoire” (1968).

  • A imagem feminina

    O Estado de Minas - Belo Horizonte - MG,, em 11/06/2000

    Vocês já repararam que o Rio e as outras grandes cidades do Brasil não têm mudado muito em matéria de crimes? Na maioria eles sucedem dentro do binômio homem x mulher e se baseiam todos no amor. É fácil concluir, portanto, que o amor é a mais matadeira de todas as paixões.

  • Língua portuguesa: declaração do Rio

    O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 14/05/2000

    A lusofonia, graças à epopéia descobridora lusíada, abrange os seguintes países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, sem falar em Timor Leste. Como a língua portuguesa é usada hoje por 205 milhões de falantes de várias zonas geográficas, vivendo situações históricas diversas, o intercâmbio lingüístico configura um elemento precioso de vivificação e rejuvenescimento do acervo lingüístico comum.

  • A arte salva os 500

    Jornal Folha de São Paulo,, em 28/04/2000

    Leio em Sábato: “Todos os homens necessitam de um chão e de um lar. Não podem viver sem pátria.” Ou, como queria Unamuno, sem '''mátria', mãe e pátria, verdadeiro fundamento da existência.” Pelo que vi sobre os festejos dos 500 anos, estamos com uma grande dívida de civismo e de amor ao Brasil, agredido sem defesa. Mas eu tenho orgulho e gosto dele, fiquei chocado com tudo o que aconteceu, os insultos e os incidentes.

  • A propósito de modernos

    Jornal do Commercio – Rio de Janeiro – RJ,, em 11/04/2000

    O Globo publicou recentemente, em prosa e verso, um comentário ilustrado em torno da correspondência entre Manuel Bandeira e Mário de Andrade, boa organização de Marcos de Moraes. Contou com uma cuidadosa resenha de Reni Tognoni.

  • Um centenário

    Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - RJ,, em 23/03/2000

    Ao evocar a personalidade de Ari de Azevedo Franco logo vem à lembrança a imagem de um magnífico exemplar humano, magistrado ilustre, ministro do Supremo Tribunal Federal, professor universitário cuja presença ninguém podia ignorar onde quer que se encontrasse, fosse num palácio ou numa choupana. Expansivo, com raro poder de comunicação, semeava empatia, colhendo amizades inumeráveis e séquitos de admiradores. E tudo lhe era espontâneo, natural, na maneira de agir e na forma de dizer. Não perdia vez para um chiste, um trocadilho apropriado ou um comentário sarcástico, em tertúlias entre amigos, em congressos jurídicos, em debates forenses, em conferências, sempre provocando o riso ou o aplauso dos ouvintes.Ari Franco tinha, em meio à sua vibratilidade, a noção exata do limite da conduta a ser seguida em cada instante de sua atuação como juiz. Era um extrovertido que sabia medir os impulsos de seu temperamento, para não chocar a gravidade e a sisudez das solenidades judiciais. Era um homem civilizado, um cosmopolita por intuição; sem ser viajado, nada tinha de provinciano. Magistrado e professor, tornou-se uma figura popular no Rio de Janeiro, por essa sua inata capacidade de convivência com toda a gente, do abastado ao carente, do poderoso ao humilde. Sabia encantar o clero, nobreza e povo.

  • Prioridade cultural

    Jornal do Comércio - Rio de Janeiro - RJ,, em 22/03/2000

    No dia 14 de julho de 1998,a Academia Brasileira da Letras recebeu a visita de confrades da Académie Française, à qual sempre esteve ligada por profundos laços culturais. O então secretário perpétuo da congênere gaulesa, o escritor Maurice Druon, abandonou momentaneamente o texto de seu discurso para propor aos colegas brasileiros a criação do prêmio da Latinidade, a ser conferido pelas duas academias a um escritor de uma das línguas latinas. A acolhida foi imediata e plena.

  • Gilberto Freyre: centenário

    Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - RJ,, em 01/03/2000

    Nenhum outro escritor de nosso tempo contribuiu, como Gilberto Freyre, para o conhecimento do Brasil. Nascido no Recife em 15 de março de 1900, marcou de tal modo os estudos sociais no Brasil que sabemos hoje haver entre nós duas épocas nesse terreno: antes de Gilberto Freyre, e depois. O que o distinguiu, antes de tudo, foi o seu nacionalismo. É normal - e até natural - que os sociólogos em geral tratem da sociedade in- abstracto, como base de qualquer avanço. Gilberto Freyre analisava uma sociedade concreta, a brasileira, com base na sociedade escravagista que se desenvolvera no Nordeste do Brasil e, por expansão, no resto do país. Tudo era matéria para suas análises, o povo, a arquitetura, a comida, as pinturas e os retratos, os hábitos religiosos, a luxúria, os impulsos de revolta, as acomodações. Suas interpretações fixaram-se em realidades da sua, da nossa terra. Foi, por isso, leitura obrigatória em universidades tanto do Brasil como do estrangeiro, talvez mais lá fora do que "intra muros".

  • A globalização e nós

    Jornal O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 20/02/2000

    Um pensador de ótica social - democrática, Anthony Giddens, observou recentemente que poucos termos são freqüentemente usados, e tão pobremente conceptualizados, quanto “globalização”. Para alguns, representa uma internacionalização sem precedentes da vida econômica e política; seria o colapso das fronteiras, anunciando câmbios fundamentais na sociedade e na cultura. É tipicamente a turma do “fim”; o fim da História, o fim do trabalho, o fim da família. Para a comunidade internacional dos negócios é a perspectiva do crescimento incontido do mercado. Para os “hiperglobalizantes”, prenuncia a vitória dos mercados sobre o Estado, e, assim, uma reconfiguração do mapa político do mundo, com base em cidades-Estado e regiões econômicas, em vez de estados nacionais. Já os “céticos da globalização”, como P. Hirst, dão-se à pachorra de mostrar que a economia mundial esteve mais integrada no começo do que no fim do século XX.

  • Ocasião um pouco tensa

    O Globo - Rio de Janeiro - RJ,, em 06/02/2000

    Não sou muito bom em questão de férias. Na verdade, férias mesmo, com tudo a que o sujeito tem direito, acho que jamais tirei na vida. Desde pequeno, por exemplo, meu pai encarava as férias escolares como o perigoso ingresso numa vida de vagabundagem impenitente, de maneira que, apesar de me permitir jogar futebol e tomar uma folguinha aqui e acolá, sempre me lembrava que eu não estava fazendo nada de produtivo e, portanto, solidificando um caráter duvidoso e contribuindo para um Brasil cada vez pior, convicções que nunca me abandonaram. Nas férias, a depender do humor dele, eu era obrigado a copiar sermões de Vieira com boa letra, decorar trechos dos Lusíadas, tirar letras de canções francesas na vitrola ou, aos dez anos de idade (juro a vocês, quem não acredita é porque não conheceu meu pai), ler e comentar os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola.

  • Leia mais

    Diário do Comércio - São Paulo - SP,, em 21/01/2000

    São vários os projetos em curso para a valorização do gosto pela leitura. Temos o consagrado "Leia Brasil", com os seus dezesseis caminhões espalhados por diversos municípios brasileiros de seis Estados; existe o "Paixão de Ler", que foi lançado neste ano na Academia Brasileira de Letras, com o ator Paulo Betti interpretando Machado de Assis de forma admirável; há o trabalho que é feito pelo "Jornal de Letras" em termos de circulação; tem o projeto "Hora da Leitura", criado pelo governo do Rio, para todas as 2.500 escolas estaduais, e agora tomamos conhecimento do "Leia Mais".

  • A educação e a esperança em conserva

    Mais se torna complexa a conjuntura contemporânea, mais se clama por soluções peremptórias, no excesso da confiança de que todo o futuro depende de uma vontade desembainhada para mudar, no "vale-tudo" sem concessões. Não nos falta apetite para atacar os problemas do século, mas assumimos que a proposta aconteça, por si mesmo, se a tanto não faltar desassombro e garra de uma geração.