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Artigos

 
  • O rio de todas as cores

    O Rio de Janeiro é um Estado de todas as cores, de gente essencialmente alegre e realizadora, o que nos leva a crer que aqui nasceu o bom humor do povo brasileiro. O fotógrafo Pércio Campos decidiu, com extraordinária sensibilidade artística, fazer um retrato inédito do nosso Estado. Pércio realizou um documentário fotográfico com temas diversificados, como a arquitetura, a cultura, os sabores, a paisagem, a força e a luz do Estado fluminense.

  • Cultura precisa de patrocínio

    Os grandes gênios se impuseram, contra tudo e contra todos. Entretanto, o que seria de toda a arte da Renascença italiana sem o patrocínio dos reis e da Igreja? A quem devemos os afrescos de Michelangelo na Capela Sistina senão ao patronato do Papa Júlio II? O patrocínio cultural é coisa muito antiga, vem dos tempos anteriores a Cristo.

    A importância do papel das empresas que investem no patrocínio de produtos culturais é do conhecimento geral. Agora, o status do patrocínio mudou, passando a representar um papel estratégico dentro do organograma das empresas, que ampliam seu campo de atuação através de novos conceitos de mercado.

    A liderança nacional do Estado do Rio de Janeiro na área cultural é indiscutível. Estudos sobre a presença do setor cultural no PIB fluminense, baseados nos tributos do ICMS (Estado) e do ISS (capital fluminense), indicam uma estimativa de 3,8% de participação da cultura no PIB do Rio de Janeiro, que chega hoje a 160 bilhões de reais. Assim, a cultura alcança o valor de seis bilhões de reais anuais, gerando emprego para milhares de pessoas. O setor cultural é, portanto, altamente estratégico.

    Queremos dimensionar a cultura como valor econômico. Um dos projetos é levar para o povo fluminense, num curto intervalo de tempo, sessões de cinema a 1 real, em todos os 92 municípios, pois 67% destas cidades não tinham acesso à sétima arte, que hoje vive uma nova fase de expansão em nosso País.

    As ações da Secretaria de Cultura no setor do cinema têm contado com o apoio do Instituto Telemar, mas a ajuda poderia também vir do Governo federal, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dono de um orçamento representativo, embora não foque sua atuação nessa área cultural.

    Outro bem cultural a se considerar é o acesso da leitura a todos. Com o apoio da Biblioteca Nacional, será universalizado o atendimento no Rio de Janeiro, uma antiga aspiração dos homens de cultura. O mesmo se fará na área do teatro, outra vocação nossa que teve origem nas andanças do Padre José de Anchieta entre nós. O missionário jesuíta acreditava piamente no valor do teatro como instrumento educacional. Vinculou o teatro à escola.

    A questão do patrocínio cultural passa obrigatoriamente pela Lei Rouanet que tem sido alvo de muitas críticas. Segundo produtores culturais, a Lei Rouanet não possibilita um acesso mais simples aos benefícios. Para reverter esta situação, o Ministério da Cultura (MinC) pretende promover algumas mudanças na legislação. Ainda em fase de debate, estas mudanças já estão provocando polêmica, pois deverão repercutir profundamente no atual modelo de incentivo.

    A intenção do governo é criar a possibilidade de beneficiar cada vez mais projetos, democratizando o acesso aos produtos e bens culturais, avaliando a qualidade e pertinência dos projetos apresentados, facilitando e apoiando pequenos empreendedores, desburocratizando e melhorando os instrumentos de gestão e desconcentrando o acesso aos recursos da lei.

    Procura-se, urgentemente, os Van Goghs da nossa época. Se surgirão, só o tempo dirá, mas a gestão cultural é, sem dúvida, o melhor caminho para esta busca.

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 31/01/2005

  • A primeira encíclica

    Mil e oitocentos anos antes de haver Igreja Católica e Bento 16, já havia uma seita de dissidentes caldeus que, além de adotarem o monoteísmo, a crença num só Deus, acreditavam no amor nas duas formas que consta da primeira encíclica do papa atual: o "eros" e o "ágape".Mais ou menos mil anos depois, já com os dissidentes caldeus formando o povo hebreu, então vagando pelo deserto após se libertarem do cativeiro no Egito, um deles subiu à montanha e de lá trouxe a Tábua da Lei, vulgarmente conhecida como os Dez Mandamentos. O sexto era categórico: não pecarás contra a castidade. Tinha a mesma força e valor dos demais: não matarás, não furtarás.

  • O cego e o Everest

    PARECE QUE AOS POUCOS A GENTE vai se acostumando às mesmas metáforas sobre a vida. Faz algum tempo, escrevi nesta coluna o “Manual de subir montanhas”, e de repente me encontro com um leitor em Hamburgo que resolve dividir comigo sua experiência a respeito das escaladas na vida. Descobriu em que hotel estou, tem uma série de críticas sobre a minha página na internet. Faz comentários duros e depois pergunta:

  • A grande farra

    Reclamam do cronista o pessimismo em relação à democracia representativa como ela vem sendo exercida em quase todo o mundo, sobretudo no Brasil, onde não há partidos que representem qualquer coisa. No passado, o PCB e, até bem pouco tempo, o PT eram exceções relativamente tíbias, mas funcionavam: sabia-se quem e o que pensavam e queriam os que votavam nos dois partidos.

  • Pavor antigo e terrorismo novo

    Apetrecharam-se os canais de televisão americanos, há poucos dias, para dar a notícia da eliminação de Abul Zahuri, segundo potentado na cadeia da ignomínia de Bin Laden, como ameaça em vão do terrorismo islâmico. Reprimiu-se a notícia na garganta mediática, tanto os disparos caíram sobre uma aldeiota, violando as fronteiras do Paquistão, em toda a desenvoltura com que a "civilização do medo" não tem limites frente ao anonimato da ameaça e a instantaneidade da resposta.

  • A China e a verticalização

    As brumas começam a dissipar-se. O claro-escuro das eleições desaparece. Toda a área política estava imobilizada e sem estratégia porque a regra que mais afetava o processo eleitoral ainda não estava definida: a verticalização. Essa palavra e esse fantasma passaram a surgir no vocabulário político a partir da última eleição. E surgiu como uma bomba quando o Tribunal Superior Eleitoral determinou que os partidos tinham que casar no civil e no religioso, isto é, nacionalmente e no âmbito estadual. Foi uma confusão dos diabos e só serviu para tumultuar as eleições e criar todas as infidelidades.

  • Sociedade, mídia e autocrítica

    Está na moda falar em sociedade. Durante o regime militar, era comum a alusão à sociedade civil, em oposição a outro tipo de sociedade, a do sistema totalitário, que incluía alguns civis, mas era predominantemente gerenciada, tutelada e policiada por integrantes das Forças Armadas.

  • O professor ideal

    Estamos vivendo uma curiosa fase dos “quase”. O escritor Carlos Heitor Cony lançou o seu “Quase Memória”, para muitos uma obra definitiva. Mais recentemente, tivemos o “Quase Danuza”, em que a jornalista desnuda suas dores e alegrias, pessoais e profissionais, pormenorizando sobretudo os históricos casamentos com Samuel Wainer e Antônio Maria.

  • A sombra do voto nulo

    O dado em que dobramos o ano não é, tanto, o da alegria com a possível penetração do desalento com Lula no país de base - seu eleitor pétreo e contumaz. O grave, sim, e o novo, é o aumento sombrio do voto nulo crescendo em todos os setores do eleitorado.

  • De burro e dos burros

    O lugar-comum garante que somente os burros se admiram de alguma coisa. Devo ser burro o bastante para sempre me admirar de tudo, e cada vez mais. Não diante dos palácios e castelos, que não os admiro como a tradição afirma que os burros o fazem, certamente por falta do que admirar nos homens e nas demais coisas do homem.

  • Informação ao presidente

    Os colaboradores diretos do presidente Lula deveriam convocar ao Palácio seis conhecedores da singularidade da burocracia, das praxes burocráticas, dos trâmites de tempo com datas marcadas, dos orçamentos e das liberações orçamentárias, das verbas e suas origens e seu destino, em suma, toda complexidade da máquina burocrática. Seriam eles, esses assessores especiais, que dariam ao presidente noções seguras do que é administração pública e, em especial, do crime administrativo que poderá levar o titular do poder a um impeachment .

  • Alma e corpo do Rio

    A alma e o corpo do Rio de Janeiro todo inteiro, do Rio de Janeiro indo ao norte até Atafona e Itabapoana, e ao sul até Paraty, e ao oeste até a fronteira com Minas Gerais, é o que aparece no livro-álbum Rio de Janeiro, estado maravilhoso, cuja história é contada através de imagens colhidas pelas fotos de Pércio Campos.