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Artigos

 
  • Do mistério dos reencontros

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 18/07/2004

    Vinicius de Moraes diz em uma de suas músicas: "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". No final do ano passado recebi um correio eletrônico de um importante e famoso jornalista brasileiro; perguntei se podia reproduzir suas palavras nesta coluna, ele me deu permissão, mas concordamos em manter seu anonimato. Por causa disso, os lugares onde trabalhou - ou trabalha - estão suprimidos.

  • O sofá das infidelidades

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 16/07/2004

    A cada eleição, todas as forças imaginativas se conjugam para evitar deslealdades partidárias. No pleito passado, o próprio Tribunal Superior Eleitoral tomou a frente e quis meter uma camisa-de-força nos partidos. O resultado foi uma balbúrdia sem tamanho: tornou caótico o quadro partidário, a não ser nos acordos escondidos, muitos deles bem cabeludos. É que o problema é bem mais profundo.

  • O mercado eleitoral

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 15/07/2004

    Mais alguns dias e teremos o grande espetáculo da propaganda eleitoral dos candidatos a prefeito e vereador. Mais uma vez será a "finest hour" dos marqueteiros de todos tamanhos, feitios e intenções. Os candidatos e, pior do que os candidatos, os programas e idéias, serão vendidos como os refrigerantes, as cervejas, os eletrodomésticos. Quem anunciar mais e melhor terá maiores chances de se eleger.

  • A linha lógica

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 15/07/2004

    Excelente entrevista concedeu ao O Estado de S. Paulo o ministro Roberto Rodrigues. Apresentar esse agricultor é inútil. Ele é mais conhecido que o apresentador. Mas citá-lo é necessário, sobretudo pelos conhecimentos que armazenou em sua vida de agricultor, como pelo bom senso de que é dotado. É um dos excelentes ministros do governo Lula, que desfaz a má impressão dos maus ministros, a maioria do corpo de colaboradores de Lula, o presidente.

  • Civilzação ou barbárie

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 14/07/2004

    A antítese civilização e barbárie não é de manejo simples. Tradicionalmente, foi usada de forma autoritária e xenófoba. Foi assim desde sua origem, na Antigüidade, em que os gregos se viam como os únicos civilizados e os não-helênicos eram considerados bárbaros pelo mero fato de não falarem grego. Esse uso perverso da antítese atingiu seu auge na fase áurea do imperialismo europeu. As potências julgavam-se superiores aos povos colonizados, tanto do ponto de vista técnico e científico, como do ponto de vista ético, e nesse sentido eram civilizadas, enquanto os demais povos estavam mergulhados na barbárie. Daí a missão civilizadora que os países europeus se atribuíam, ou que lhes tinha sido atribuída pela Providência - o white man's burden, obrigação que lhes fora imposta de retirar da barbárie os infelizes nativos, ''meio demônios e meio crianças'', nas palavras de Kipling.

  • Carga tributária

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 14/07/2004

    A Curva de Laffer já deve ter endireitado, tamanha a altura da carga tributária brasileira, contra as lições, comprovadas historicamente, que os impostos altos obstam a extensão do desenvolvimento. É elementar essa afirmação: quem deve pagar impostos cada vez mais altos, deixa de gastar no consumo, em todos os itens dos usos pessoais e famílias. Basta um pequeno aumento de apelos telefônicos, uma alta nos planos de saúde, e tudo o mais, para o desenvolvimento encolher, e o povo ficar prejudicado.

  • Centenário de Neruda

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 13/07/2004

    Poeta nascido no Chile, a 12 de julho de 1904, está a memória de Pablo Neruda sendo lembrada, esta semana, em toda a América. Poucas vezes conseguiu um poeta representar um Continente inteiro e tornar-se, no resto do mundo, o apóstolo de um movimento poético posto a serviço das mais generosas aspirações de um tempo.

  • O leão e o porco

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 12/07/2004

    Um sujeito desinformado perguntou-me o que eu achava pior: inflação alta ou juros altos? Ia responder que os dois são péssimos, ou tiraria "cara ou coroa" na hora, escolhendo a inflação ou os juros aleatoriamente.

  • Muito obrigado pela paciência

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 11/07/2004

    Ogoverno acaba de completar um ano e meio e nos preparamos para as eleições municipais. Armaram uma festinha para comemorar os 18 meses e nos contaram como, naturalmente, não fizeram tudo o que queriam, mas fizeram muito, considerando as duras contingências que a realidade impõe. O presidente chegou a dizer, com quase infinita bondade (a infinita de verdade é apanágio de Deus e creio que nem mesmo o ministro Gushiken imagina que o imperador do Japão partilhe dela), praticamente com um suspiro audível para toda a nação, que a política é a arte da paciência e que o governo não deve perder a paciência. Sobretudo com as críticas da imprensa - parece que sugeriu também -, pois estas ofendem e magoam ainda mais.

  • Considerações sobre a burrice

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 09/07/2004

    Sou daqueles que não acreditam nessa história de o governo ter determinado o banimento total das emendas orçamentárias das oposições, inclusive a da Fundação Irmã Dulce, considerada pefelista. Isso seria provocar a ira do céu e da terra, isto é, uma grandiloqüente burrice. E quem está no poder jamais é burro. Afinal, o Orçamento federal é um instrumento de ordenação do governo, a peça principal de tudo, o chamado cofre, aquele que dom João 6º pedia que embarcassem em primeiro lugar quando fugiu de Lisboa para o Brasil.

  • O pião e a carrapeta

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 08/07/2004

    Era brinquedo de pobre, mas todos, até mesmo os meninos ricos, tinham o seu pião. Parece que não existem mais, mas, na minha rua, o guri que não tinha o seu pião e não era mestre no ofício de rodá-lo no chão ou na palma da mão tornava-se qualquer coisa de abominável, um ser hediondo execrado pelos outros garotos.

  • Uma história carioca

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 07/07/2004

    Há alguns anos, fui procurada por um leitor adolescente com nome de arcanjo. Dizendo-se apaixonado por um de meus livros, Gabriel me anunciava que um dia queria ser cineasta e, quando esse dia chegasse, pretendia transformar em filme aquela história que o impressionava. Tinha medo de que alguém o fizesse antes e me pedia para lhe deixar reservado esse direito. Como garantia, me enviava um projeto de roteiro. Surpresa: era bem feito. Não apenas revelava uma leitura atenta e inteligente do meu texto, mas uma sensibilidade capaz de criar a partir de onde eu parei. Concordei com a proposta e guardei a vaga para ele - mesmo quando, depois, fui abordada por outro candidato com um currículo mais experiente.

  • Redução de vereadores

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 07/07/2004

    O Congresso Nacional resolveu, em boa hora, reduzir o número de vereadores, que entopem as Câmaras Municipais do interior do país. Geralmente, os vereadores reúnem-se uma vez por semana, à noite, pois todos têm trabalho durante o dia, nos seus negócios particulares. No fim do mês, porém, lá vem o salário, várias vezes superior ao mercado local e, o que é pior, várias vezes o mercado nacional. Não trabalham. São boas vidas. Vão à Câmara para conversar, pois o que têm de fazer é pouquíssimo, com exceção de algumas grandes cidades, a maioria delas não chega a alguns milhares de habitantes, sem problemas outros que os locais, como água, esgoto, circulação. Os deputados quiseram aumentar o colégio eleitoral de que dispõem, à custa do erário público, e criaram os municípios.