Alegria, alegria
O Globo (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/12/2003
Recebi reclamações sobre o domingo passado. Fui, principalmente, acusado de estar de mau humor. Vejo-me obrigado a concluir, como era costumeiro antigamente, que o freguês tem sempre razão. Que história é essa de fazer comentários desalentados sobre o mundo em que vivemos, quando basta mudar os filtros com que observamos a realidade? Grande verdade, que se incute em minha mente de maneira irrefutável, enquanto saio mais uma vez de uma sessão com um dos conceituados membros de minha malha médico-odontológica, onde apenas uma horinha de tortura me aguardava, como, aparentemente, me aguardarão muitas e muitas outras dessas ocasiões educativas, numa quadra da existência em que cada vez mais tempo é dedicado à manutenção. É, egoísta e autocentrado é o que sou. Fico chateado porque, seguindo a ordem natural das coisas, tudo em mim começa a despencar e, entre muitas outras medidas de contenção de encostas, atacam minha mandíbula com uma Black & Decker e aí desconto em cima dos leitores, que não têm nada a ver com isso.