
Quem é quem
[2]A postura do ministro Ricardo Lewandowski no começo do julgamento do mensalão mostra bem a disposição dele de se fazer um contraponto ao relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.
A postura do ministro Ricardo Lewandowski no começo do julgamento do mensalão mostra bem a disposição dele de se fazer um contraponto ao relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.
Os primeiros prognósticos das eleições municipais mostram a sua completa desvinculação com o futuro político do País. Depara-se o esfacelamento das coligações em todo o território, e em verdadeira soma algébrica, não deixando nenhum prenúncio sobre os somatórios políticos nacionais. Nesse mesmo quadro, o avanço evangélico, expresso no fator Russomano, em São Paulo, trabalha no vácuo das novas concentrações de força para o pleito de 2013. Mas o dado de fundo é o peso do presente situacionismo, levando aos adiamentos de cálculo sucessório de Aécio Neves, ou de Eduardo Campos, a evidenciar-se, ainda, como possível denominador ideológico e político partidário, a largo prazo, frente ao eixo petista, e da mantença de Dilma, com o apoio de 73% do eleitorado. Ao mesmo tempo, mais se alastra este contraponto entre a força direta de Lula e a do PT.
O feitiço acabou se virando contra o feiticeiro. Se a polêmica sobre o desmembramento do caso do mensalão na Justiça, levantada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, tinha a intenção imediata de implodir o julgamento no Supremo Tribunal Federal e, como efeito colateral, atrasar o processo a ponto de impedir que o ministro Cezar Peluso possa votar antes de se aposentar, o efeito foi outro.
Uma das mais famosas expressões do educador Anísio Teixeira hoje deve ser reavivada: “O ensino médio brasileiro é um ensino órfão.” Ele reclamava, naturalmente, da pouca importância dada pelas autoridades e até mesmo por um grande número de educadores para o que deveria ser, na concepção dele, uma educação intermediária renovada.
Palácio do Planalto procura distanciar-se ao máximo do debate que ele suscita, e a presidente Dilma Rousseff já disse a interlocutores que essa é uma dor que o partido tem que sofrer e superar.
Com a morte de D. Eugênio, a Igreja Católica perdeu no Brasil o seu maior líder de todos os tempos. Sou muito suspeito para falar sobre ele, porque, entre outras coisas, nos conhecemos há mais de 60 anos, como seu conterrâneo e seu contemporâneo, desde os comuns tempos da nossa mocidade, em Natal. Acompanhei de perto a sua escalada como sacerdote, desde os tempos de Seminarista, de Padre, de Bispo, de Arcebispo e de Cardeal.
Esta crônica foi escrita logo após a primeira sessão do Supremo Tribunal Federal que rejeitou o pedido de desmembramento do processo do mensalão. Não farei considerações políticas e muito menos jurídicas, pela evidente ignorância que tenho sobre tais assuntos. Não discutirei o conteúdo em si, mas o formato dos votos, expressos na linguagem ainda em uso nas práticas forenses e cartoriais.
Vergonha mate-me, mas algum dia eu tinha que dizer o que vou dizer hoje: de vez em quando um leitor me observa gentilmente que eu repeti boa parte de uma crônica ou artigo já publicados. Geralmente nem confiro, porque sei que é a cruel verdade. Mas preciso defender-me um pouco, antes que me tenham em má conta e o jornal me dispense por vender serviço velho como novo. Na verdade, suspeito que já escrevi algumas vezes o mesmo texto, com alterações muito pequenas, para publicações diversas, em épocas diversas. Não dá para verificar, porque acredito que o total do que já escrevi para jornais e revistas encheria uma sala ampla até o teto, mas a suspeita é grande. Só que eu acho que mereço alguma indulgência, por parte dos mais rigorosos, que felizmente não parecem ser muitos.
Como em todas as demais profissões, o jornalista enfrenta, de tempos em tempos, uma arapuca da qual nem sempre pode se livrar. Foi o caso, por exemplo, da Copa do Mundo de 1998, em Paris. Na véspera do jogo final, entre o Brasil e a França, eu precisava mandar o meu texto para o fechamento do dia seguinte. O noticiário em si podia esperar o resultado do jogo, com a proclamação do campeão daquela Copa. Mas os comentários tinham de ser enviados antes, devido ao cronograma daquela edição.
Ao final da defesa dos quatro mais importantes réus do mensalão, já é possível se ter uma ideia dos rumos que o julgamento vai tomar, embora continuemos, como de início, sem saber o resultado final que sairá da cabeça dos 11 juízes do Supremo Tribunal Federal.
O deputado Ulysses Guimarães ensina que o que predomina na política é “sua excelência, o fato”. Se voltarmos à época em que foram revelados os fatos que hoje sustentam o processo do mensalão, que os petistas gostariam que fosse identificado burocraticamente como Ação Penal 470, veremos que praticamente todos os que hoje estão sendo discutidos no julgamento foram relatados já naquela ocasião, tendo sido confirmados pelas investigações.
Há hoje cerca de 280 milhões de falantes da língua portuguesa, sendo 250 milhões de nativos e 30 milhões de segunda língua. Somos a sexta língua mais falada no mundo, o que não foi motivo ainda para que ela merecesse oficialização na ONU.
Depois dos vários advogados que desfilaram em frente aos ministros do Supremo nesses primeiros dias de atuação da defesa, fica cada vez mais claro que é difícil tanto negar quanto minimizar o esquema de corrupção organizado pelo PT, transformando-o em simples caixa dois de campanha eleitoral.
Há certas coisas, nos trópicos, que são difíceis de entender. Pessoas de boa formação, aparentemente normais, defendem ardorosamente a descriminalização da maconha, como se fosse a salvação do país. Alegam, de forma equivocada (e mentirosa) que em certos países desenvolvidos isso aconteceu e tudo melhorou. Não é verdade, tanto que a Holanda, de tantas tradições democráticas, foi e voltou. Ou seja, permitiu e depois sentiu que não era uma boa.
Uma novidade importante está sendo registrada neste julgamento do mensalão: juízes fazendo perguntas diretamente a advogados, o que não é comum no Brasil. O relator, ministro Joaquim Barbosa, fez perguntas ontem a Marthius Sávio Cavalcante Lobato, defensor do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, e o ministro Dias Toffoli havia feito o mesmo anteontem a Maurício de Oliveira Campos Júnior, que defende o dirigente do Banco Rural Vinícius Samarane.
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