
Artigo
A alternativa
Folha de São Paulo (São Paulo), em 16/07/2005Lulistas radicais começam a armar a teoria da conspiração das elites contra o governo do PT inconformadas com a subida ao poder de um operário, um homem saído das camadas mais pobres da população.
Formando opiniões
O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 25/08/2002Como já disse aqui, não gosto de ser chamado de “formador de opinião”. Não me agrada ser um cidadão como outro qualquer que, apenas por escrever uma coluna de jornal, ambiciona mudar a maneira de as pessoas pensarem. E nem creio que consiga isso, pois as opiniões costumam ser consideradas boas se coincidem, ainda que parcialmente, com as de quem é exposto a elas. Quem concorda comigo já concordava antes. Talvez sem perceber, mas concordava. Quem discordava vai continuar a discordar, talvez até com mais veemência.
Um pouco de nostalgia
O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 24/08/2002Afinal, se me dão licença, quem passa dos 90 direito a algum saudosismo. É que, olhando o mar, lembrei dos bons tempos dos navios, quando só se viajava pelas costas do Brasil nos Itas (os decantados Itas do Norte) e também os menos charmosos navios do Loide. Companhia Nacional de Navegação Costeira, chamavam-se oficialmente os Itas. E recebiam todos os barcos da frota esse nome de Ita porque o dono da Companhia se chamava Laje, e laje é pedra, e pedra em tupi é ita. Tinha esse magnata Laje outro motivo de celebridade:
Em Paris, nossa universidade de corpo inteiro
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 15/07/2005Poucas vezes a viabilidade de um encontro como o do Ano França-Brasil, no plano da educação superior, permitiu uma abertura tão larga de experiências e visão prospectiva entre os campi dos dois países. Sob o patrocínio da Sorbonne III e o entusiasmo de seu presidente, Bernard Bosredon, o lingüista que hoje se volta, repetidamente, sobre o nosso país, o "Grand Salon" ouviu não menos que uma dúzia de nossos reitores, a marcar toda diversidade da atual oferta do ensino superior do País. Em sintonia com seus homólogos franceses - que devemos ao trabalho e ao denodo de Martine Dorance e René Lestienne -, percebeu-se a vastidão do interesse e, sobretudo, das engrenagens e do trabalho a seguir, que tornaram os encontros de 27 e 28 de junho muito mais que uma prestação de contas e um sucesso retórico. Mesmo porque, ao lado das exposições estritamente acadêmicas, o empenho do reitor Paulo Alcântara permitiu os encontros de Paris e Marselha, e a agenda densa da cooperação tecnológica, assentada sobre a estratégia-chave: a criação das redes - como bem salientou o reitor Melfi, da USP - que asseguram o entrelaçamento entre o campus e o sistema empresarial.
Diante de Bertrand Russel
Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 21/08/2002Com ele me encontrei há 51 anos, quando o filósofo inglês se aproximava dos 80. Foi em Estocolmo, nas vésperas do dia em que Russell recebeu o Prêmio Nobel. Eu fora convidado pelo Comitê Nobel para assistir à entrega, que seria feita a dois escritores: William Faulkner, por 1949, e Russell, por 1950. A cerimônia Nobel ocorre sempre a 10 de dezembro, data da morte de Alfred Nobel, o criador do prêmio.
Complexo de Cachoeira
Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/07/2005Carlos Lacerda , em famoso discurso, ao tempo em que os discursos ainda tinham nomes, com o título de "Corrida dos Touros Embolados", falou sobre a arte do debate no Parlamento. Dizia ele que, em tempos de paixão e crise, todos eram possuídos do desejo de brilhar e, então, passavam ao exercício de fingir. Depois de esgotar o tema, virou-se para os adversários que o atacavam com rudeza e afirmou: "Aqui até o ódio é fingido".
Solução adequada
Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, em 20/08/2002O presidente Fernando Henrique Cardoso teve excelente, plausível idéia, reunindo candidatos à presidência da República para uma tomada de conhecimento dos problemas do Estado, nesta fase histórica, em que nos debatemos com uma crise, até há poucos meses inesperada. Os candidatos vão se defrontar com ela, tendo, portanto, que saber ao menos os grandes números, a complexidade dos negócios em andamento nas esferas do Estado, em suma, têm que saber o que se passa.
A mulher que ressuscitou em Cabo Frio
Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/07/2005Aos 22 anos, Aparecida Menezes era uma jovem mais feia do que bonita, mas todos concordavam que ainda valia a pena. Tanto valia a pena que um coletor federal de 62 anos, confessando que perdera a cabeça, deixou mulher e prole em Madureira e fugiu com Aparecida para Cabo Frio, que era então uma cidade quase deserta.
Eleições 2002 e a educação
O GLOBO (Rio de Janeiro - RJ) em, em 19/08/2002Estamos perto das eleições. Quatro candidatos disputam a Presidência da República, num país às voltas com problemas de inquestionável importância como a segurança, o modelo econômico, a saúde, os transportes e, sobretudo, a educação. Não se pode exigir harmonia nas propostas até agora apresentadas. Cada candidato vem de uma escola, tem determinada experiência, e sonha com soluções que podem ou não ser exeqüíveis. Algumas idéias são coincidentes, o que é natural, pois sofremos influências importantes de outras nações, fato que se agravou com a ilusão de que a globalização nos levaria ao melhor dos mundos.
Operação Narciso
Diário do Comércio (São Paulo), em 15/07/2005Essa Operação Narciso foi executada aparentemente sem preparação. Por que o grande número de policiais para invadir uma casa comercial de luxo, cujos preços interessam somente aos seus clientes? Para evitar, supostamente, a evasão de divisas? Para mostrar que não há privilégios, quando sabemos que os há, de fortuna e posição social ou política? Nenhuma dessas razões fica de pé. Alguém, um curioso qualquer, um estranho ao meio social, que deseja a sua extinção, uma utopia, como sabemos? Qual o resultado prático e próximo da bulhenta Operação? O resultado da expedição policial foi insignificante e, certamente, não abalou o prestigio da casa de luxo da burguesia paulista, dos Jardins e do Morumbi.Não conheço a Sra. Eliana Tranchesi. Minha falecida mulher não era sua cliente, por ser cliente dos costureiros franceses. Mas, pelo nome, integrou a família do professor Tranchesi, já falecido, ao qual Paulo Maluf deu o nome de um viaduto que abreviou a ligação entre duas partes da Bela Vista.
Da experiência jurídica à filosofia
Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 17/08/2002Hans Kelsen, nos primórdios de sua Teoria Pura do Direito, ao mesmo tempo que beneficamente alargava o espectro do conceito de norma jurídica, libertando-nos do predomínio absoluto da norma legal, lançava as bases de um normativismo integral que implicava a identidade da Teoria do Direito com a Teoria do Estado, ou, por outras palavras, a redução da atividade política à atividade jurídica. Entendia ele que somente desse modo se alcançaria uma democracia como pura expressão da vontade popular, sem a interferência deformadora do poder governamental, sempre sujeito a contínuos desmandos.
Um prato de feijão
O Estado de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 17/08/2002Eu nunca me meti nesse assunto de distribuição de terras, porque imagino que cada caso é um caso, ou, pelo menos, que cada região é uma região. No meu tipo de Nordeste (o Sertão Central do Ceará) não temos ou, então, não tínhamos (agora é assunto nacional) o problema do lavrador que não consegue terra para plantar. Lá as culturas são pequenas; ainda havia alguma fartura nos tempos em que se plantava algodão.
Cultura de encomenda
Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ) em, em 14/08/2002Desde 1964 têm editoras brasileiras lançado coleções de livros subordinados a temas. Das primeiras foi a de Guimarães Rosa, Otto Lara Resende, Carlos Heitor Cony e outros. Assunto: os sete pecados capitais. De então até hoje outras coleções vieram provar a atração que uma literatura temática exerce sobre grande número de leitores. De repente, surgem contestações: o escritor não deve aceitar encomenda.
Genealogia do pires
Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/07/2005Depois da tentativa do governo FHC de impor à nação um pensamento único, tendo como núcleo o neoliberalismo e a globalização, temos agora não um pensamento, mas um assunto único: a corrupção, em suas diversas manifestações, mas todas centradas num único eixo, que é o do financiamento das campanhas eleitorais.