
Gastos com brancos
O governo despendeu cerca de quatro bilhões de reais para acudir os bancos Nacional, durante certo tempo de Magalhães Pinto, e também o Econômico, cujo proprietário me escapa da memória tal a sua insignificância.
O governo despendeu cerca de quatro bilhões de reais para acudir os bancos Nacional, durante certo tempo de Magalhães Pinto, e também o Econômico, cujo proprietário me escapa da memória tal a sua insignificância.
A bola da vez é a Olimpíada. Não temos ganhado medalhas, mas estamos felizes dentro das competições, e nossos locutores, de pulmão cheio, proclamam: "O Brasil não é só o país do futebol, mas de Olimpíada", embora a nossa equipe campeã mundial tenha sido eliminada.
Quando me elegi para a Academia cuidei em ir ali, ver sala por sala, tentar ouvir vozes, sentir os odores, tudo que é necessário a um conhecimento a se completar. Chegando à Casa, corri os olhos pelo painel dos acadêmicos. Estava lá a imagem de Constâncio Alves (1862-1933), um dos primeiros ocupantes da Cadeira 26.
Vejo, na poesia de Luís de Miranda, uma longa caminhada em busca de verdades, cada uma delas mostrando o caminho de um apocalipse em que há profecias, quedas, recuperações, gritos, momentos de êxtase. No fundo, este longo conjunto de versos, numerado de um a 200, é, na realidade, um só poema, com interpretações, apelos, tormentas, visões, lutas contra anjos e demônios, abismos, ao mesmo tempo em que a memória interfere, o coração bate e o poeta mergulha na palavra, ceva a palavra, sai do mar das palavras com feições de quem, afinal, compreendeu que podia voar e, de cima, dominar as frases que, em baixo, continuadamente se agitavam, em ondas, muitas vezes revoltas, outras mansas.
O ombudsman da Folha de São Paulo, Marcelo Beraba, acentuou, há pouco, o distanciamento entre a mídia impressa e as outras mídias. O exemplo que deu, e que outros mestres da comunicação estão dando, é a velocidade da notícia que o mercado exige cada vez mais instantânea. Tomando como exemplo mais recente a morte do papa, os jornais só a noticiaram no dia seguinte, na base de "O papa morreu", com a variante "Morre João Paulo 2º".Desde a véspera, sites da internet e emissoras de rádio e de TV haviam dado a notícia, com os desdobramentos imediatos e as primeiras especulações.
Um depoimento pessoal sobre os conselhos de redação, que ali por volta dos anos 70/80, graças à eficiente militância petista no meio jornalístico da época, tentaram tomar o poder nos jornais e revistas. É evidente que havia um pretexto nobre, os salários baixos, que tornavam as greves recorrentes, não precisando haver uma crise específica para um confronto com as empresas.
Está ainda ocupando espaço na mídia impressa o preconceito racial, por ter um jogador de futebol, branco, chamado de negro um seu colega de profissão.
"Limite" é um clássico da filmografia brasileira, trazendo à luz o nome de Mário Peixoto. Valorizou a cidade fluminense de Mangaratiba, que fica a pouco menos de duas horas do Centro do Rio de Janeiro.
Quem lê, ainda hoje, a história da formação do partido nacional socialista dos trabalhadores alemães, ou, simplesmente, na abreviatura alemã, nazismo, tem o conhecimento seguro da submissão da nação alemã ao partido. O partido se sobrepôs à nação e passou a dominá-la em todos os sentidos. Nada se fazia sem ordem do partido e Hitler, todo poderoso, no alto da hierarquia do mando, tinha as mais barulhentas dentre as idéias que um chefe poderoso pode ter.
MEC acha até cavalo como veículo escolar. Levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, ligado ao Ministério da Educação, mostra que até cavalos são usados para levar os alunos às escolas. Folha de São Paulo / Cotidiano, 20.abr.2005A escola era longe, ficava a mais de dez quilômetros da humilde casinha em que morava, mas nem por isso ele deixaria de ir às aulas. Como a mãe, viúva e pobre, costumava dizer, aquela era a única chance que teria de ir para a frente, de progredir na vida.
Deseja o autor destas linhas informar, antes de tudo, que há muito esperava fosse este livro - "A deusa branca" ("The white goddess"), de Robert Graves - traduzido no Brasil. Trata-se de um estudo completo sobre a existência da poesia. Pois há poucas semanas "The white goddess" foi aqui publicado em português. Numa de suas primeiras páginas o autor pergunta: "Qual é a utilidade da poesia hoje? A função e o uso permanecem os mesmos, apenas sua aplicação se alterou".
Embora com atraso, sempre é hora de comentar o perdão que todos devemos a todos. Seguindo o exemplo de João Paulo 2º, que pediu desculpa a todos os que, em séculos passados, foram condenados pelo fanatismo da religião, Lula aproveitou recente estada em terras de África e pediu perdão pelos crimes que o Brasil cometeu contra os negros aqui escravizados. Ameaçou ir às lágrimas, que, segundo o lugar-comum, "escorrem pelas faces".Louve-se este tipo de reparação tardia. É um reconhecimento de erros e de crimes que não devem ser repetidos - que todos peçam perdão a todos: de alguma forma, cometemos erros e faltas contra o próximo.
Em episódio que não sei mais se se estuda na História do Brasil, pois nem mesmo sei se ainda se estuda História do Brasil, nos contavam, às vezes com admiração, que D. Pedro, o da Independência, irritado com a primeira Assembléia Constituinte brasileira, por ele considerada folgada e ousada, encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo Estado. Decerto a razão não é esta, é antes um sintoma, mas vejo aí um momento exemplar da tradição de encarar o Estado (que, na conversa, chamamos de “governo”) como nosso mestre e os nossos direitos como por ele dadivados. Os governantes não são mandatários ou representantes nossos, mas patrões ou chefes.
Conheci o cardeal Ratzinger na residência do saudoso cardeal Agnelo Rossi, num almoço que nos ofereceu a mim e minha mulher. O funcionário que preparou a mesa colocou lado a lado o cardeal e minha mulher, e os dois muito conversaram, em francês, sobre variados assuntos, de preferência o Brasil, onde o novo papa esteve há uns dez anos.
TROCO MUITA CORRESPONDÊNCIA eletrônica com Stephan Rechtschaffen, médico que fundou o bem-sucedido Omega Institute em New York. Fui convidado para dar uma palestra lá, mas precisei cancelar em cima da hora. Em seguida, Stephan e eu fomos contactados para juntos nos apresentarmos em Viena, na Áustria, e desta vez cancelei por achar o preço que estavam cobrando absurdamente alto. O fato é que estes percalços, em vez de me afastarem dele, terminaram nos aproximando (o mundo tem situações curiosas).