
O preço do ódio e do perdão
Descubro em minhas anotações de 1989, algumas notas de uma conversa com J., a quem chamo meu “mestre”. Naquela época, falávamos de um desconhecido místico, chamado Kenan Rifai, sobre o qual pouco se escreveu.
Descubro em minhas anotações de 1989, algumas notas de uma conversa com J., a quem chamo meu “mestre”. Naquela época, falávamos de um desconhecido místico, chamado Kenan Rifai, sobre o qual pouco se escreveu.
Os japoneses são inventores geniais. A eles devemos muitas das comodidades que facilitam a nossa vida, a começar pelos radinhos de pilha de que eles foram pioneiros, que disseminaram mundo afora e que se tornou símbolo de modernidade. Tivemos mesmo um presidente, o Médici, que ligou sua imagem ao rádio no ouvido, durante as partidas de futebol.
Almoçava com meu amigo Roberto Feith, pedimos o que de melhor havia no restaurante cinco estrelas. Quando solicitamos a conta, milagre, o maître disse que ela já estava paga. Olhamos em volta e dei com outro amigo, médico em São Paulo, que me fizera a gentileza, a qual não pude retribuir, a não ser agradecendo com as palavras banais que usamos em circunstâncias iguais, raras para os meus lados.
Não mais do que de repente eis o grande propósito da União Européia a risco do plebiscito de sua Constituição. Um "não" majoritário não acarretaria necessariamente a quebra do conseguido até agora. Mas, sem dúvida, um possível revisionismo das medidas à frente, contidas na Carta Magna, e dispostas a transformar uma estrita união de estados no avanço de uma efetiva cidadania européia. Ficaria este progresso crucial exposto às revivescências das velhas soberanias nacionais. Os países do Benelux deram a partida, na consagração indiscutível, pelas suas populações, do marco adiante que representa o verdadeiro pacto federal proposto. E, no mesmo passo, segue-se a Espanha, onde o Governo socialista de Zapatero ganhou, hoje, a nitidez de uma busca real de alternativa ao eixo liberal que parecia o tônus do primeiro lustro do velho continente neste século. O núcleo, entretanto, de toda a solidez do projeto continua o eixo Berlim-Paris e, de mais a mais, o "não" surge inesperadamente como a tônica do plebiscito francês do dia 29 de maio.
Muitas coisas precisam nos preocupar. Mas falta tempo e, por isso, vamos sendo enganados pela vida cheia de problemas. Agora mesmo estamos vendo como nos descuidamos dos preconceitos. Foi preciso a Secretaria dos Direitos Humanos nos alertar para essa maldade.Não é que eu passei a vida toda considerando o preto uma cor, a preta, sem saber que assim estava ofendendo toda a África e sendo racista, porque "achando a coisa preta" ia denegrir pessoas, sem querer nem pensar. Lembro-me de Jorge Amado, que foi o primeiro a descobrir isso, porque ele sempre dizia: "a coisa está como entre as pernas dessas mulheres, preta". E, nesse caso, não ofendia as pretas, mas tratava das bondades do gênero feminino, segundo Caminha, o que ele certamente preferiria fazer para não ser enquadrado como racista.
A Conferência de Alexandria, recém-finda, reuniu na Biblioteca reconstruída, e de impacto simbólico incomparável, pensadores do Ocidente como do Islão, para discutir, após a guerra do Iraque, o novo repto à convivência internacional, fundada na construção da paz, e no diálogo como seu instrumento a toda prova. Até agora depararíamos idas e vindas, recuos táticos ou escaramuças maquiavélicas. Mas, de princípio, não se saía da crença na interlocução entre os povos - e na visão das guerras como acidente ou entorses ao progresso mundial.
A nova coleção da Academia Brasileira de Letras, intitulada Antônio de Morais Silva, destina-se a publicar trabalhos sobre Língua Portuguesa, especialmente na modalidade escrita e na variedade culta ou padrão brasileira, sem desprezar as áreas conexas que os atos lingüísticos envolvem.
Não dá para entender. Poucas vezes na história universal, um homem realmente do povo chega ao poder de forma limpa, insofismável, com o apoio explícito da maioria dos cidadãos e com o respeito obsequioso dos que não votaram nele.
Morto há mais de um século, continua Nietzsche sendo ainda motivo de escândalo, no sentido de que ele não nos deixa em paz e, por outro lado, nem nós deixamos sua memória sossegada. Parece que não nos contentamos com o que ele escreveu e exigimos que nos diga mais, que se explique e nos explique. Sentimos que ele nos abriu uma porta, mas não permitiu que entrássemos. Tendo sido ao mesmo tempo filósofo e poeta, diante de sua obra somos levados a querer mais, e só ele nos poderia saciar esta sede.
Ainda está meio confuso, mas parece que os Estados Unidos, em sua aliança com Israel, dobraram-se aos argumentos de Ariel Sharon e aprovaram a caçada aos líderes palestinos, quase todos englobados como terroristas. Nem Arafat escapará dessa limpeza de terreno, que não ficará mais limpo pelo fato de fulano ou sicrano terem sido eliminados.
Não dou opinião por ter ou não ter uma posição de opção política do que se passa no Brasil de meus dias. O futuro é incerto, sempre - mas por observar, como jornalista, que é, exatamente, a profissão obrigatoriamente de observadores, que a nação está se enfraquecendo nas suas bases e as colunas sobre as quais se sustenta poderão ruir, ao peso das contradições, das crises sem solução, à gestão anárquica dos negócios públicos e, sobretudo, à corrupção que medra como tiririca.
Semana passada, numa palestra em Fortaleza, perguntaram-me sobre a necessidade de um melhor diálogo da igreja com a sociedade. É evidente que não sou autoridade nem tenho especial interesse no assunto, mas questionei as duas palavras-chaves da pergunta: "sociedade" e "diálogo". No caso específico da igreja, ela se preocupa não com a sociedade, mas com a humanidade, que é a mesma desde que o mundo foi criado e habitado por mais de um homem. Houve um papa, não sei se João 23 ou Paulo 6º, que lembrou ser a igreja uma "expert" em homem. É isso aí.
Há razões de inquietação sobre o futuro da educação brasileira. Ora é a alegada falta de dinheiro, ora é a sua má aplicação como se fosse um carma que se abateu sobre a principal das nossas prioridades. A incompetência é uma característica do setor, com as naturais exceções, o que dá como conseqüência a baixa qualidade dos serviços prestados à população. A revista “Veja” fez um ranking recente sobre o ensino superior, com dados baseados no falecido “provão”. Salvo as universidades públicas, de um modo geral, os resultados foram desastrosos. Revela-se a formação de uma geração muito pouco comprometida com a busca do conhecimento - e mais interessada no discutível diploma que, na verdade, hoje garante muito pouco em matéria de emprego.
Um de nossos jornais publicou um artigo de autora americana sobre o feminismo. Na opinião dessa autora, o preconceito contra o feminismo continua a ter cultores.
A holandesa no clube