
Ruy e os mitos
Renan, não o Calheiros, mas o Ernesto, observou que, dos quatro biógrafos oficiais de Jesus (Mateus, Lucas, Marcos e João), somente o último se preocupou com a história e as histórias do personagem que escolheram.
Renan, não o Calheiros, mas o Ernesto, observou que, dos quatro biógrafos oficiais de Jesus (Mateus, Lucas, Marcos e João), somente o último se preocupou com a história e as histórias do personagem que escolheram.
A crise política que atravessamos de modo cada vez mais dramático está jogando para o banco dos reservas a crise econômica, desde que se considere a crise moral como geradora das duas crises anteriores, sem esquecer uma terceira crise, a oral, que mais cedo ou mais tarde criará uma quarta crise, a mais devastadora, a institucional.
Antigamente, havia um tipo de jornalismo baseado em enquetes. Era a peça de sustentação da reportagem. A mania vinha de longe: Marcel Proust, enquanto escrevia sua obra e ninguém sabia que ele era gênio mesmo, fazia jornalismo circunstancial e bolou uma famosa enquete, famosa, sobretudo, porque se limitava a uma série de perguntas idiotas que provocavam respostas imbecis —não fazendo justiça nem ao autor das perguntas nem ao autor das respostas.
Antes de cada partida, ainda nos vestiários, os jogadores fazem o aquecimento individual ou coletivo, preparam músculos, tendões e reflexos para a luta. Um jogo como Fla x Flu ou Corinthians x Santos é comumente comparado com uma guerra. Isso sem falar no boxe, onde o aquecimento é mais radical.
No rastro dos escândalos da Lava Jato, foi revelado que um ex-deputado teria recebido o auxílio de US$ 120 mil para a sua campanha eleitoral. Através de gravações telefônicas, troca de e-mails, ficou clara a mecânica dessas contribuições.
Nos anos 80, o IBGE quis suprimir o quesito relativo à cor do brasileiro. À primeira vista, pareceu uma atitude bacana: somos um país sem discriminação racial, existe até a Lei Afonso Arinos que pune como crime qualquer distinção entre pessoas com base na cor da pele.
Os entendidos garantem que o avião é o meio mais seguro de transporte. Mesmo assim, tenho medo maior dos aeroportos do que dos aviões. Alguns deles são imensos shoppings onde há aviões à espera dos fregueses, como os táxis. Que geralmente não são seguros. Sempre que posso, vejo um programa na tevê sobre desastres aéreos. A cada acidente, com ou sem mortos, leio tudo nos jornais e revistas, incluindo os telejornais.
Acontece com qualquer um: de repente, dobra-se uma esquina errada e nunca chegamos ao destino desejado. Quando se aproxima o fim da jornada, quando o homem faz seu balanço interior, contabilizando lucros e perdas, ele fatalmente se faz a pergunta: onde e quando dobrei a esquina errada?
Novela sem megera e mídia sem vilão deixam de ser novela e mídia. O sucesso da primeira depende de uma boa megera, intrigante, sem qualquer escrúpulo, capaz de todas as misérias humanas, de inventar que o filho não é do pai e que sua nora é adúltera. A mídia, em geral e com a certeza de que precisa de uma bola da vez, tem necessidade da fabricar um tratante, um ladrão dos bens públicos, um traidor e inimigo da sociedade.
Quando Franco Zefirelli esteve no Rio, fiquei encarregado de lhe dar assistência. Conversamos bastante, conversas que poderíamos jogar fora. Mas houve um dia em que ele me impressionou.
Recebo e-mails de leitores sempre que, usando este espaço dedicado à opinião, fujo da linha editorial e não dou opinião nenhuma, a não ser sobre mim mesmo ou sobrem temas que só a mim interessam.
Foi há muito tempo, ele estava bêbado, das poucas vezes em que o vira bêbado, assumidamente bêbado.
Ao contrário de muitos, nunca havia sido assaltado. Volta e meia presenciava uma briga, algumas cadeiradas dentro daqueles botequins sórdidos. Mas o seu grande pavor era a navalha –o aço brilhando no escuro, repentino e fatal, a caminho de uma carótida que podia ser a sua.
Não sei se estou certo, geralmente não estou. O Brasil tem uma população de 200 milhões de habitantes –ou algo parecido. O lugar comum garante que somos 200 milhões de técnicos de futebol, cada patrício tem a sua seleção e sua maneira de jogar.