Fim da Lava-Jato era morte anunciada
O fim da operação Lava-Jato era uma morte anunciada.
O fim da operação Lava-Jato era uma morte anunciada.
Entre as incoerências explicitadas nos acordos para a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado não está o interesse pessoal dos parlamentares no fim da Operação Lava-Jato.
O Congresso só terá o primeiro semestre deste ano para discutir e votar reformas, porque depois começa a campanha eleitoral.
A oposição foi desfeita pelos acordos do Bolsonaro com o centrão, além de acordos individuais.
Rodrigo Maia está deixando a presidência da Câmara do Deputados, aparentemente, com uma derrota fantástica.
Muito tem se falado ultimamente sobre a possibilidade (necessidade) de impeachment do presidente Bolsonaro, ou, na pior das hipóteses, em sua derrota na disputa pela reeleição no próximo ano.
Assim como a velhice pode ser considerada uma boa situação levando em conta a alternativa, que é a morte, também o presidente Bolsonaro ter vendido a alma ao Centrão pode ser uma boa alternativa para ele, diante da ameaça do impeachment.
A decisão do ministério da Saúde de não garantir a compra das 54 milhões de doses de Coronavac produzidas pelo Instituto Butantan não tem explicação, a não ser essa interminável guerra política entre o governo central e o governador de São Paulo João Dória.
Pela simbologia da vitória dos dois candidatos que apoia na Câmara e no Senado, Bolsonaro está dono da situação.
O fato de os gigantes tecnológicos poderem se tornar mais poderosos política e economicamente que estados soberanos preocupa governos de todos os matizes ideológicos, da China aos Estados Unidos, passando pela Rússia e a União Européia.
Nós, que não somos do primeiro mundo, estamos arriscados a ficarmos sem vacina.
Na coluna de ontem, citei estudo da cientista política professora Kathryn Hochstetler, hoje na London School of Economics (LSE), que aponta três razões para um presidente não terminar seu mandato na América do Sul: ausência de uma maioria parlamentar de apoio ao presidente, mobilização popular e envolvimento pessoal do chefe de governo com escândalos de corrupção.
Para que o impeachment de um presidente ganhe condições políticas para ser desencadeado, é preciso o povo nas ruas, como vários de nossos líderes têm apontado.
Bolsonaro está entrando numa fase muito perigosa, porque, caindo sua popularidade como está caindo e ficando cada vez mais refém do Centrão, vai entregar todos os anéis até não conseguir mais.
Tudo indica que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, será escolhido para bode expiatório da crise sanitária que o país passou a viver a partir do Amazonas, onde pessoas morreram por falta de oxigênio, o que qualifica como criminosa a inação dos governos estadual e federal.