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Artigos

  • Canto de chegada, choro de adeus

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 06/10/2006

    Em 1998, na minha penúltima eleição para senador, conheci no Amapá uma repórter e apresentadora de televisão simpática, talentosa e inteligente. Era do Maranhão e fora contratada por uma equipe de TV para a campanha eleitoral do Amapá. Sorriso aberto, alegria sempre nos lábios. Era uma moça negra que transmitia aos telespectadores segurança e uma presença carinhosa. De grande coração, alegre, solidária.

  • Que tempos de viver-se

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 22/09/2006

    É difícil cooptar um assunto em meio a tantos que circulam nas manchetes políticas e policiais. Você não vive o dilema de um escritor em busca de personagens, mas a necessidade de convencer um tema a que ele entre em seu artigo. Quase sempre, quando existem muitos, ele resiste.

  • A prudência e o lazer

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 15/09/2006

    Em tempos de eleição duas coisas são impossíveis: lazer e meditação. Quanto ao primeiro, nem pensar. Todos os momentos são tomados e às vezes os organizadores de agenda fixam vários eventos na mesma hora: às oito horas, três cafés em lugares diferentes, para discutir coisas diferentes. E aí entram taxistas com enfermeiros, pequenas empresas com agentes de saúde. A tudo se tem que estar atento. Isto sem perder a paciência e atrasar. Mas políticos não têm horários. Horário foi feito para organizar a vida da gente e dos outros, mas a minha experiência é que o atrasar faz parte de nossa cultura política. Eu fico angustiado. Sou homem de cumprir horário, mas quase sempre recebo a desculpa: "O pessoal não chegou. O senhor chegou na hora…".

  • Uma lei que deu certo

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 08/09/2006

    Muitas queixas se ouvem, muitas observações se fazem e muitas críticas nascem. Alguns políticos e outros assemelhados lamentam que as modificações da lei eleitoral tenham tirado o charme das eleições. Sentem falta dos grandes shows, dos brindes, dos outdoors, e reclamam que o clima de eleição (ou festa) desapareceu. Tudo parece frio e às vezes nem se sabe se existe eleição.

  • a grande ausente

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 01/09/2006

    No Brasil, nunca a política externa fez parte da política interna. As relações internacionais estão, na maioria das vezes, ao nível de relações diplomáticas, bilaterais e quando muito uma quermesse de reuniões em que predominam os comunicados finais.

  • Do cacete à eletrônica

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 25/08/2006

    João Francisco Lisboa escreveu um clássico sobre a evolução do processo eleitoral: Eleições na Antiguidade.

  • Soneto e votos

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 11/08/2006

    Um dos meus amores são os sonetos e as redondilhas de Camões. Transformou-se de encantamento em xodó e deste em hábito. De quando em vez ou de vez em vez, para acabar com as formas de cansaço de cair no sono, no Luís Vaz, o Tira-Trintas (apelido do poeta que por causa desse colérico gênio deve ter perdido um olho) recolho a calmaria necessária que a poesia pede ao seu leitor. Não quero dizer com isso que esqueci ou estou traindo o Vieira, nas madrugadas de insônia, lido ou escutado nos Sermões gravados, como o Dos Peixes, na voz de Ary dos Santos.

  • Cheiro de Mugueta

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 04/08/2006

    O julgamento da política é cada vez mais cruel. A vitória da democracia liberal e da economia de mercado, considerados os objetivos máximos do desenvolvimento político ocidental, levou filósofos e economistas de Chicago a considerar termos chegado ao fim da História.

  • Óleo de copaíba neles

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 28/07/2006

    A Câmara de Representantes (de deputados) dos Estados Unidos aprovou uma moção estranha e preocupante, que pede a criação de uma força tarefa, da qual participariam os EUA, na Tríplice Fronteira Brasil, Paraguai e Argentina. Há muito se especula que ali está um possível braço da Al Qaeda, por mais que todas as vigilâncias e realidades apontem para nada existir.

  • Cararaô são dois temas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/06/2006

    Hoje é dia de muitos assuntos. Um só não cabe, seria longo demais. Como dizia Vieira, "não tenho tempo de ser breve". Começo pelo Roberto Rodrigues e o quanto fiquei triste com a sua saída do ministério. Disse que seus motivos não eram nem políticos nem pessoais. Jânio Quadros definiu esse quadro de segredo como "forças ocultas". Mas vai fazer falta.Leio a celeuma criada com a usina de Belo Monte, no Pará, que deverá ser a maior hidrelétrica brasileira (Itaipu é de dois países, Brasil e Paraguai), com 11.000 megawatts. Ninguém quer que seja construída, tem ONGs e vespeiro de professores. Pensei que fosse pelo nome. Era Cararaô e passou a ser Belo Monte, o verdadeiro nome de Canudos. Esta guerra, sim, jamais devia ter ocorrido. Trocaram o nome ninguém sabe por quê.

  • A agonia da Varig

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 16/06/2006

    Assis Chateaubriand, quando advertido por João Calmon, superintendente dos Diários Associados, que a situação do O Jornal, que então circulava no Rio, era crítica, respondeu: “Não se desespere, Calmon, jornal não morre de enfarte e a doença que o mata leva, no mínimo, dez anos.”

  • Um avanço com leituras truncadas

    Folha de S. Paulo (São Paulo), em 21/04/2006

    O Congresso votou a lei de autoria do senador Jorge Bornhausen que barateia as campanhas eleitorais, evitando que elas sejam um festival de lançamento de produtos - os candidatos- e se estabeleça uma disputa na qual a turma do marketing eleitoral vive o seu Oscar.

  • Armação de Bin Laden

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 14/04/2006

    Da sofrida Semana Santa dos meus tempos de infância, a figura que nítida permanece na minha memória, como uma fotografia que não envelhece, é de Verônica, encarnada pela professora Maria Elvira, cujas lágrimas e lamentos cantados nos comoviam até juntarmos ao seu sofrimento o nosso, chorando também.

  • Entre escolhas e brigas

    Folha de S. Paulo (São Paulo), em 07/04/2006

    Uma das tarefas mais difíceis de um presidente é a luta diária para manter a coesão do governo. É de hoje e é de sempre. Briga de ministros é diária, com direito a notas para colunistas, onde a guerra se torna oculta e mais clara.

  • PMDB, 40 anos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/03/2006

    Sem liberdade , não há democracia, e esta não funciona sem partidos. A história dos partidos políticos é lenta, mas foram eles o grande instrumento de estabilidade dos governos. Repito a definição clássica de que, numa sociedade pluralista e aberta, constituída de grupos de pressão, o partido político é classificado como um destes, diferenciado dos outros porque, em vez de influenciar o poder, ele quer exercer o poder. No Brasil, talvez pela sua dimensão, de realidades regionais diferenciadas, nunca tivemos uma tradição de partidos políticos. Nosso modelo foi mais de facções estaduais que se reúnem a nível nacional em termos de governo e oposição. Assim foi no Império, na República e é até hoje. Por isso, quando um partido político em nosso país completa 40 anos, é um feito significativo para as instituições.