A terceira guerra
Amanheci no dia 11 de setembro de 2001 em Maringá (PR). Na véspera, fizera palestra numa faculdade local.
Amanheci no dia 11 de setembro de 2001 em Maringá (PR). Na véspera, fizera palestra numa faculdade local.
Vou fazer umas viagens longas de avião e, como aparentemente em relação a tudo de uns tempos para cá, fico matutando em como estou velho. Por exemplo, tenho certeza de que somente os mais velhos (tudo bem, menos moços) terão visto ou ouvido o verbo “avionar”. Deixaram de tentar impingi-lo acho que quando eu era ainda adolescente. Escreviam artigos mostrando como os tempos hodiernos exigiam esse neologismo, sem o qual a comunicação contemporânea ficaria impossível em português, ou contaminada pelos então inaceitáveis estrangeirismos. Houve um certo esforço em implantá-lo, mas acho que todo mundo se sentia meio fresco, quando dizia “vou avionar ao Rio de Janeiro”.
Vai, adiante ou não, a faxina de Dilma, e até onde? O problema - diz tão bem o senador Jarbas Vasconcellos -não é de voluntarismo, nem de um desassombro inflexível no ir-se adiante. Os freios estão no inconsciente coletivo e na sua lentidão tectônica. Dele dependerá o passo adiante de uma consciência social, ou o acomodar-se, de volta, no que é a trama de interesses, e a Cosa Nostra a definir sempre um status quo. As virtudes da dita "ordem social", via de regra, confundem-se com a estabilidade dos regimes de exploração, ou do que, já em pleno avanço da mudança social, se expõe às bactérias antigas da corrupção. Brotaram no regime petista, na prática do mensalão, ao lado das tolerâncias de sempre, que veriam, como mero pecadilho, as caronas de governantes, nos jatinhos das empresas fornecedoras das obras públicas. A propina incorporada, já sistematicamente, às comissões desses contratos, rola no silêncio azeitado às condições de mercado, nos percentuais acordados entre os competidores. E tanto é, hoje, maior a complexidade destes fornecimentos, tanto a partilha múltipla do bom bocado se incorpora, consentida, à dinâmica da dita prosperidade nacional.
A Líbia não estava na linha de tiro dos Estados Unidos nem da Otan. Com o Iraque, depois de longos anos de guerra fria, todos previam, sem nenhuma contestação, que o desfecho seria um confronto armado. Para prepará-lo houve longa divergência, com etapas que envolveram desde as acusações de possuir o Iraque armas de destruição em massa e produção de armas nucleares, além do lado passional que a questão passou a ter para os americanos depois que Bush filho anunciou que "Sadam queria matar papai".
Para o trabalho de implantação do Acordo de 1990 na 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) de 2009, a equipe técnica da ABL que assessora a Comissão de Lexicologia e Lexicografia teve de levar em conta, além do texto oficial, como seria esperado, a tradição ortográfica que se vinha fixando desde a reforma de 1911 e dos sucessivos Acordos Acadêmicos a partir de 1931, conforme historiamos nos dois primeiros artigos desta série.
Do distante CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) que frequentei, guardei apenas uma definição de guerra: é o conflito violento de duas vontades.
O PMDB está fazendo um movimento em direção à classe média em oposição ao PT, anunciando a divulgação de um documento no seu fórum nacional ainda esta semana onde se posicionará contra a criação de um imposto semelhante à CPMF para financiar a Saúde, e também contra qualquer tentativa de controle da mídia.
Na minha crônica anterior, citei um especialista que garantiu uma terceira guerra mundial na base do arco e flecha.
O mais importante na demissão de mais um ministro do governo Dilma, o quinto em menos de oito meses - um recorde negativo inacreditável - é a mudança, mesmo que tímida, nos critérios de preenchimento do cargo, que pode sinalizar um avanço na maneira de organizar o presidencialismo de coalizão.
Os estados produtores de petróleo, especialmente Rio de Janeiro e Espírito Santo, com a adesão de São Paulo, estão reagindo à tentativa do governo federal de alterar a divisão dos royalties do petróleo mesmo nos campos já licitados. Isso reduziria a receita que já lhes pertence de direito nos campos do pós-sal em produção no modelo de concessão e nos do pré-sal já licitados também no regime de concessão, além de mudar a distribuição nos campos do pré-sal a serem licitados pelo novo sistema de partilha.
Não, não era nada, mas, com a idade, perdera a carteira de identidade e providenciara outra. Ficou admirado ao ver que, junto ao nome, havia a observação do Instituto Félix Pacheco: "Idoso".
Em Madrid, na Praça Puerta del Sol, acelerou-se, nestes dias, este novo protagonismo imediato da democracia dos indignados. Deparamos esta irrupção do dissenso no emergir do século, que põe em causa o próprio cansaço do princípio de representação democrática. Retornamos ao arcano senão à memória ancestral do "povo na praça", nas ágoras atenienses, manifestando o desacordo e o aplauso, na cidade, em reunião a céu aberto. Não há, por outro lado, que confundir estas manifestações com os protestos cutâneos como os das marchas episódicas, entre nós, contra a entranhada corrupção do sistema. O novo da Espanha e a maturação da sociedade democrática dos nossos dias, ao lado de todos os aperfeiçoamentos parlamentares, levou ao desponte também desta manifestação do protesto e do dissenso. Dele nasceu o Maio francês de 68 e a procura, das novas liberdades "na praia, desenterrada do paralelepípedo urbano", nos motes de então.
De um encontro de duas amigas, Ruth Niskier e Fernanda Moraes Londres, nasceu a excelente ideia de prestar homenagem a um dos vultos mais proeminentes da Academia Brasileira de Letras, o escritor Rodrigo Octávio (filho), que viveu entre 1892 e 1969. Ele e seu pai, este fundador da Casa Machado de Assis, honraram as nossas letras, com obras que merecem ser sempre lembradas.
O que se temia está prestes a acontecer: a disputa pelos royalties do petróleo caminha para ser decidida na Justiça, com ambos os lados se armando de pareceres. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) contratou o jurista Célio Borja, ex-membro do Supremo Tribunal Federal, para defender os interesses do Estado do Rio. E o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) considera que a proposta dos estados produtores de aumentar o pagamento das participações especiais por parte das petroleiras fere os contratos já existentes e ameaça também entrar na Justiça, como anunciara o presidente da Petrobras.
O resultado do mais recente Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que revelou um incrível desnível das escolas públicas em relação às escolas privadas do país, além de colocar em discussão a qualidade do ensino em si, está também acendendo o debate sobre a eficácia dos diversos mecanismos de avaliação da educação no país.