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Artigos

 
  • Arquitetura e Supremo

    APÓS A SEGUNDA Guerra Mundial, quando o Parlamento britânico havia ficado em ruínas, cresceu uma discussão envolvente sobre como deveria ser a reconstrução. Uma corrente levantou a idéia de buscar-se uma nova área e aproveitar a oportunidade para construir um prédio moderno. Outra corrente defendeu a reconstrução com a ampliação dos módulos, modernizar as velhas instalações. O gênio de Winston Churchill disse um grande não às duas propostas e decidiu que a Câmara dos Comuns, aquela sala modesta, que se reúne como se fosse uma família, deveria ser reerguida como sempre fora: com galeria pequena, mesa central, bancos nas laterais e modéstia setecentista. Seu argumento era o de que o estilo do Parlamento britânico correspondia à sua arquitetura. Fazia fugir da retórica, decidir como se fosse uma família, ser veemente sem ser verboso, irônico sem ser vulgar. A arquitetura se confundia com o trabalho parlamentar, e modificá-la seria modificar a Inglaterra. Escreveu uma página brilhante sobre o assunto.

  • Contra os mensaleiros

    Leio que a tendência dominante no Supremo Tribunal Federal é a de abrir ação contra os mensaleiros. Não basta a tendência, a decisão é necessária. O que são os mensaleiros? São corruptos que aproveitaram brechas fáceis para obter dinheiro, ainda que esse malabarismo recaia sobre a difícil conquista da democracia plena no Brasil.

  • Um treino para a vida

    O jovem estava no estágio final de seu longo e árduo treinamento, depois de muitos anos. Em breve, ele afinal seria um mestre, como sempre sonhou. Como todo excelente aluno, sentia que precisava desafiar seu professor e também desenvolver sua própria maneira de pensar. Capturou um pássaro, colocou-o numa de suas mãos e foi até seu mentor, dizendo para ele: “Mestre, esse pássaro está vivo ou morto?”. Seu pensamento e plano eram os seguintes: se o mestre dissesse “morto”, ele abriria a mão e o pássaro voaria. Se a resposta de seu mentor fosse “vivo”, ele esmagaria a ave entre seus dedos. Dessa maneira, o mestre estaria errado. “Mestre, este pássaro que está em minha mão está vivo ou morto?”, repetiu o discípulo. “Meu caro aluno, depende somente de você”, respondeu o mestre, sereno. O jovem estava no final do seu estágio e queria testar seu mestre de forma errada.

  • História de um tempo

    Nem toda crônica é autobiográfica, mas, com a própria palavra original "cronos" significando "tempo", é natural que muita crônica se apoie no "tempo" de quem a escreve. Não só o grande mestre do gênero entre nós, Machado de Assis, lembrou o passado no escrever sobre o presente, mas deixou uma tradição a que esteve a crônica brasileira sempre ligada. Vejo no livro de Pedro Rogério Moreira, saído agora, "Jornal amoroso", um dos bons escritos biográficos brasileiros do momento. A experiência jornalística contribuiu para que seu estilo autobiográfico atingisse, como atinge, um alto nível de qualidade.

  • Réquiem para o indivíduo

    RIO DE JANEIRO - Descobriram com cívico entusiasmo que a Constituição garante a liberdade de expressão que legaliza e justifica a liberdade de informação. Acontece que a mesmíssima Constituição garante a privacidade de cada um, fazendo de cada cidadão o guarda insubstituível de sua moral e imagem.

  • Do 'Cansei' ao virar a página

    D. Odílio Scherer negou-se a ceder a Catedral de São Paulo ao movimento do "cansei". Frustrou-se o intento arqueológico das marchas com Deus e pela família, quando o Brasil de GouIart surgia como um repto ao establishment, forrado no clássico fundamentalismo cristão anticomunista.

  • 180 anos dos cursos jurídicos no Brasil

    “Ao tempo deste meu Ministério pertence o ato que reputo o mais glorioso da minha carreira política, e que me penetrou do mais íntimo júbilo que pode sentir o homem público no exercício de suas funções: refiro-me à instalação dos dois cursos jurídicos de São Paulo e Olinda, consagração definitiva da idéia que eu aventara na Assembléia Constituinte, em sessão de 14 de junho”, disse em suas Memórias o Visconde de São Leopoldo. O êxito de seus esforços e a participação de tantos outros parlamentares se constitui em algo fundamental para a institucionalização de país ainda carente de instrumentos indispensáveis à formatação do Estado nacional.

  • Um Nobel opina

    O prêmio Nobel de Economia 2006, Edmund Phelps, critica numa entrevista veiculada por toda a imprensa as agências de risco, acentuando que esse fato fará surgir uma nova instituição. Temos dito e repetido neste espaço que a classificação de risco das empresas é muito subjetiva, dependendo do criador do risco, de seu estado de espírito e de sua psicologia pessoal, numa sociedade dinâmica, intensamente trabalhada por vários fatores incontroláveis, levando-nos a opinar sobre riscos de cotação financeira que não se assentam sobre bases legítimas e experimentadas.

  • Caju amigo

    RIO DE JANEIRO - Esta será a segunda ou a terceira vez que elogiarei o presidente da República. Ao longo do primeiro mandato e neste início do segundo, um dos meus temas prediletos foi criticá-lo -algumas vezes com alguma, e talvez injusta, veemência. Mas não resisti à sua foto exibindo um bonito caju, que se adivinha gordo e sumarento. Depois de lançar o Fome Zero e o Bolsa Família, promover uma cruzada de redenção para o caju é salutar, embora não seja necessário.

  • Os 40 em julgamento

    Um dos grandes órgãos da imprensa paulista deu a seguinte manchete: STF vai julgar quadrilha que operou no 1º mandato de Lula ". E acrescenta em corpo menor: "Supremo aceita denúncia sobre organização criminosa"

  • A reeleição do presidente

    O presidente Luiz Inácio da Lula da Silva informou urbi et orbi que não será candidato à nova reeleição. Conhecemos de sobra declarações idênticas a essa. No lançamento da próxima eleição, o presidente da República deveria se lembrar de uma frase de efeito de nosso primeiro Imperador, Dom Pedro I, que, instado a ficar e não partir para Lisboa, proclamou: Como é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico!