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Artigos

 
  • O golpe já começou

    Vocês vejam como, em volteios e ironias, a vida nos dá constantes lições de humildade. Faz poucas semanas, argumentei aqui que não havia golpismo nenhum no Brasil, a não ser numa cabeça desvairada ou outra. Gira o mundo, passam os dias, e agora me encontro na obrigação de engolir minhas palavras. Fosse lá no bom sertão de onde vem o dr. Renan Calheiros, talvez um coronel me obrigasse a literalmente comer o jornal, como é detruz. Nem é preciso trabalhar muito, porque a de 37 está aí mesmo, para ser copiada ou servir de modelo, retiradas as partes mais progressistas. A admiração do presidente Lula por Getúlio Vargas vai ficar bem mais fervorosa.

  • Voto secreto

    RIO DE JANEIRO - Entre outras coisas, democracia pede responsabilidade e transparência. Voto secreto é a negação do direito individual de ter uma opinião. Antigamente, uma eleição para a Academia Brasileira de Letras era exercício digno de um ofidiário, cobras escoladíssimas que, de um lado sagravam um eleito, de outro amarguravam até a morte os derrotados. As votações sempre foram secretas, como as de Renan Calheiros no Senado.

  • Presença da santidade

    Sendo a ascese um exercício espiritual em que não só o lado contemplativo como também o místico permitem ligação maior de um ser humano com forças superiores a que podemos ter acesso, o simples fato de conhecermos pessoas dotadas dessa religiosidade nos prepara para o entendimento da santidade como coisa possível e existente. Pode a palavra "coisa" parecer indevida no caso, mas é que vejo a santidade como parte de outras "coisas" a que podemos ligar-nos ao longo de nossa caminhada pelos cantos do mundo.

  • O papel que ele faz

    RIO DE JANEIRO - Para ser sincero, comentar mais uma vez o caso do presidente do Senado, absolvido pelos seus colegas na semana passada, é um saco maior do que aquele que Papai Noel usa no natal. Chamar os senadores que o apoiaram de sicofantas não adianta mesmo -nem os próprios sabem o que é e o que faz um sicofanta.

  • Protesto e excesso democrático

    O governador Vilela determinou a interrupção da Parada do dia 7 de setembro em Maceió; diante da invasão da avenida pelos funcionários públicos. Não tínhamos até hoje a Chegada do protesto à afronta limite aos símbolos nacionais. O gesto de confronto, de tão ousado, ficou ainda no limbo da sua verdadeira intenção. Vilela se teria precipitado no desfecho. Tratava-se, tão-só, de pedido de interlocução ao chefe do governo, prevendo, inclusive, a associação dos manifestantes ao desfile. A ação afirmativa entraria, por aí mesmo, numa zona gris de perplexidades, que põe em causa o avanço democrático do país. Vai-se logo às últimas conseqüências nestes dias, tal como, muitas vezes, é errática a proposta mobilizadora.

  • Ainda o voto secreto

    RIO DE JANEIRO - No último domingo, a propósito do voto secreto adotado em algumas instituições, associações e clubes, contei um episódio folclórico na Academia Brasileira de Letras, que, apesar do esforço contrário de alguns de seus membros, cultiva esse tipo de processo eleitoral para a admissão de novos acadêmicos.

  • O menino Gilberto

    Gosto muito de recordar a rica convivência com Gilberto Freyre, a partir de privilegiar o que me disse dos seus dias de menino. Tanto do menino considerado um quase caso-perdido, por só tão tarde ter aprendido a ler e a escrever, como do menino que se encontrou ao descobrir o engenho, nos dias vividos em São Severino do Ramo, no município de Paudalho, Zona da Mata de Pernambuco. Tanto do pai-menino que se imiscuía na administração do Prata, o clube de garotos a que seu filho Fernando deu vida, em Apipucos, como dos meninos encoletados em couro, meio vaqueiros meio cangaceiros, que mereceram sua atenção de intérprete do Brasil. E não falemos dos meninos açucarados dos engenhos, nem dos meninos dos mangues do Recife, estes, espécie de versão pernambucana dos Capitães da Areia.

  • Equilíbrio regional

    O BRASIL TEM um desafio permanente em sua história: pagar a dívida social. Esse problema, que foi universal, acabou resolvido pelo "Welfare State" (Estado de Bem-Estar Social), pelos regimes democráticos que se sucederam às revoluções do século 18. Aqui o problema da desigualdade cresce a cada dia. Enfrentávamos o descompasso entre as necessidades de crescimento e de promoção social.

  • Obras irregulares

    Lemos que o Tribunal de Contas da União (TCU) considera irregulares 77% das obras do País, perfazendo um prejuízo de R$ 5 bilhões. Damos como certa a acusação do TCU e comentamos: políticos, perto das eleições, conseguem obter autorização para iniciar obras - muitas vezes irregulares - que são completamente abandonadas quando a eleição já está ganha, tornando-se obra irregular e juntando o seu quinhão ao prejuízo de R$ 5 bilhões.