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Artigos

 
  • Tradição do circo

    RIO DE JANEIRO - Foi estimulante para a nação a cerimônia de posse do novo ministro da Defesa. O astral da pátria andava por baixo com a sucessão de problemas e tragédias. Em aparição anterior, Lula declarou pateticamente que estava com o coração sangrando, desobedecendo ao conselho de sua ministra do Turismo, que sugeria relaxamento e gozo a todos nós.

  • Esculhambação

    Tive de enfrentar um certo trauma de infância, para conseguir usar o título acima. Sou do tempo em que essa palavra era chula mesmo e, como diz o Houaiss, tabuísmo. Menino que a pronunciasse na frente de senhoras estava arriscado a ter a boca lavada com sabão. Agora se escreve e se publica em jornal praticamente qualquer coisa e ela já faz parte do vocabulário cotidiano. Assim mesmo, sou obrigado a evitar os olhares de reprovação dos fantasmas de meu pai e de meu avô, ambos eméritos xingadores de jornal, mas xingadores finos, que raspavam palavrões polissilábicos em textos barrocos e nunca escreveriam nada com o título que escolhi hoje.

  • A vergonha do trabalho infantil

    O Brasil exibe aos olhos do mundo uma das faces mais perversas da sua ostensiva injustiça social: o trabalho infantil. Outro dia, na TV, chegamos ao constrangimento, na presença de visitas estrangeiras, quando o noticiário mostrou, de forma eloqüente, quantas crianças viviam do lixo, catando objetos, sujando as mãos, respirando o ar impuro desses locais. Quando o repórter perguntou a algumas delas se estavam satisfeitas, com os resultados, mesmo de forma tímida foram capazes de balbuciar que “preferiam estar na escola”.

  • Rochas e rotina

    Os monges zen, quando meditam, costumam sentar diante de uma rocha e dizer: “Agora vou esperar esta rocha crescer um pouco”. Tudo o que está a nossa volta muda sempre. Aquilo que nós costumamos chamar de rotina está sempre cheio de novas propostas e oportunidades. Nada é aborrecido, porque tudo sempre está em constante mutação. O tédio não está no mundo em que nós vivemos, mas na maneira como o enxergamos. Como dizia o poeta T. S. Eliott, “é preciso percorrer muitas estradas, voltar para casa e olhar tudo como se fosse pela primeira vez”.

  • Amor na hora certa

    Um padre da Igreja de Copacabana aguardava seu momento de comprar carne em um supermercado, quando uma mulher tentou “furar” a fila. Começou, então, um festival de agressões verbais dos outros fregueses. A mulher, é claro, passou a responder com igual veemência. Quando o clima estava insuportável, alguém gritou: “Ei, madame. Deus te ama”. E todos ficaram calados. “Foi impressionante”, conta o padre. E continuou: “Num momento em que todos pensavam em ódio, alguém falou de amor. Na mesma hora, a agitação desapareceu por encanto”.

  • Velho ditado

    Fiz um velho ditado mágico: quando o discípulo está pronto, o mestre aparece. Pensando nisso, muita gente passa a vida inteira se preparando para tal encontro. Quando cruzam com o mestre, se entregam completamente. Mas, terminam descobrindo que o mestre não é o ser perfeito que imaginaram, mas um home igual a todos, cuja única função é dividir aquilo que aprendeu. Ao se ver diante de uma pessoa com seus defeitos, o discípulo se sente roubado. Vem o desespero e o desejo de abandonar a busca  - quando, na verdadwe, é assim que a coisa funciona. É isso que nos deixa livre para criarmos nosso caminho. Edenilton Lampião deu uma versão muito melhor para o tal ditado mágico: quando o discípulo está pronto, o mestre desaparece.

  • O poema além do poema

    Durante alguns anos, na segunda metade do século XIX, no ambiente de efervescência intelectual da Universidade de Oxford, foi Gerard Manley Hopkins considerado uma espécie de herói e tido como capaz de vir a ser a mais certa glória literária de sua geração. Isto de fato aconteceria, mas de maneira diversa da que todos imaginavam porque, em 1866, Hopkins se converteria ao catolicismo para ingressar na Sociedade de Jesus.

  • Caro é o atraso

    Como sempre acontece, quando a pauta se refere ao magistério, houve um debate apaixonado na cidade fluminense de Campos dos Goitacazes, sendo o tema avaliação. A louvável iniciativa foi da Câmara de Vereadores. O leit-motiv, a nota 2,9 alcançada no Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica), em que o município da cana de açúcar ficou em último lugar, no Estado do Rio de Janeiro.

  • A flauta de Mozart

    O filme “Amadeus” mostra que, massacrado pela crítica musical de sua época, que o acusava de superficial, Wolfgang Amadeus Mozart se consolava sabendo que o público gostava de sua arte. Sua última ópera, “A flauta mágica”, mostra um Mozart de uma leveza extraordinária, ignorando a filosofia sinistra que complica a vida. Para um amigo, ele explicou: “A vida é permanente. Ela não precisa de significados ocultos para mostrar sua beleza. Deus não está na tortura da alma, mas na capacidade que o homem tem de olhar as estrelas e ficar comovido”.

  • O abuso das medidas provisórias

    "Tão importante como legislar é uma fiscalização vigilante da administração, e ainda mais significativa do que a lei é a instrução e orientação em assuntos políticos que o povo pode receber de um Congresso disposto a discutir às claras os problemas nacionais". Estas palavras, que conservam enorme atualidade, foram proferidas em 1884, por Woodrow Wilson, então professor de economia política em Princeton e, posteriormente, presidente dos Estados Unidos.

  • Bergman

    RIO DE JANEIRO - Poucos cineastas obtiveram um consenso crítico favorável como Ingmar Bergman. Nos anos 50 a 70 do século passado, cada um de seus filmes marcava um momento bom do cinema mundial, fenômeno que só acontecia com Fellini. Bem verdade que nunca chegou a ser popular, apesar dos muitos prêmios importantes que ganhou e na influência que exerceu em cineastas como Woody Allen, de trânsito internacional, e Walter Hugo Khouri, no Brasil. E, até certo ponto, Michelangelo Antonioni, também de trânsito internacional, que morreu nesta semana.

  • O trabalho e o emprego

    Nos tempos do velho Instituto de Direito Social - como o mestre supremo Cesarino Júnior preferia chamar o Direito do Trabalho -, foi adotado pelo governo ou a ele submetido pelo douto professor estudos e teses sobre o Trabalho e o Emprego na legislação social brasileira. Interessou-se o governo de Getúlio Vargas em propulsionar a legislação social brasileira do trabalho como forma digna de estar num emprego que satisfaça as exigências psicológicas do cidadão.