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Artigos

 
  • Otto Lara Resende: incansável fazedor de amigos

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 12/05/2004

    Se fosse vivo, Otto Lara Resende teria completado 82 anos em 1º de maio. Na minha própria família, uma prima disse-me, certa vez, que era Otto quem fazia a ponte entre nós todos. O deputado Israel Pinheiro alugou uma casa defronte a nossa, em Copacabana. Experiente político mineiro, Israel era velho amigo e colega de Afonso Arinos na Câmara. Ele costumava dizer que, se o seu partido, o Social Democrático, e o de Arinos, a União Democrática Nacional, não os atrapalhassem, eles resolveriam os problemas políticos ali mesmo, na Rua Anita Garibaldi. Daí a intimidade entre os seus nove filhos e meu irmão e eu, que tomamos de fato, nos longos anos em que nossos pais ali residiram simultaneamente, as duas casas numa só.

  • A alma pequena

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 12/05/2004

    Um dos raros consensos de nosso tempo é o da ausência de heróis, de gigantes na paisagem humana e intelectual deste início de século. Tirante um desportista excepcional, como Ayrton Senna, um mito como Guevara, um personagem polêmico, mas denso, como João Paulo 2º, o cenário em que vivemos é marcado pela mediocridade de atores, de figurinos e de enredos.

  • A herança de Rosa

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 11/05/2004

    Dentro de dois anos comemoraremos o cinqüentenário do lançamento de "Grande sertão: Veredas", de Guimarães Rosa. Deverá a data ser lembrada em ciclos de conferências e seminários sobre o livro e a dimensão da obra rosiana como um todo no contexto da cultura brasileira. Haverá também uma nova edição do romance, com estudos e análises.

  • Nomeação de cabos eleitorais

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 11/05/2004

    Uma das figuras mais sinistras da democracia representativa de sufrágio direto, secreto e universal é o cabo eleitoral. Tipo perfeito para filmes de horror, é o bajulador de um político de relativo prestígio, que tem como profissão o engano dos trouxas, que se deixam ilaquear com promessas que não se cumprirão nunca, sobretudo porque não são prometidas para serem cumpridas no futuro remoto, se o chefão for eleito. Leio no Jornal do Senado (impresso no melhor papel dos jornais do Brasil), que o Senado aprovou a Medida Provisória que criou 2.793 cargos na enxudiosa burocracia do sistema federal. O presidente Lula, formado pelos marxistas-lenistas, quer um Estado extensamente burocrático, e, por MP, não por projeto de lei, impingiu à nação, já sofredora, já sofregante ao peso dos milhões de desempregados, o salário mínimo irrisório, e outras inconveniências, como essa avalanche de cabos eleitorais.

  • O show do livro

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 10/05/2004

    Não se tem muita certeza se estamos vendendo mais ou menos livros no Brasil. A desconfiança é de que houve uma queda, produto de uma série de fatores, entre os quais avulta a falta de dinheiro proveniente do desemprego que marca o atual estágio da nossa economia.

  • Tirem suas próprias conclusões

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 09/05/2004

    Hoje vou transcrever textos alheios. Não por preguiça ou falta de assunto, mas porque creio serem uma interessante amostra do que vai em muitas cabeças, sobre o escandaloso terror que acossa a cidade do Rio de Janeiro. Escrevi parte do que penso no domingo retrasado. Mas o debate é bem mais variegado. Vejam duas opiniões em cujos textos não meti nem uma vírgula, nem corrigi o que imagino serem descuidos de revisão. A primeira talvez vários de vocês já conheçam, pois circula na internet faz um tempinho, mas não lhe consegui confirmar a autoria, daí não a mencionar, para não correr o risco de endossar uma atribuição falsa. E a segunda me foi enviada por um leitor que prefere não ter a identidade divulgada, porque só quer dizer o que pensa, mas não quer polemizar. Veio encimada por uma citação da governadora, que teria observado que “O usuário financia o tráfico e o estado é que paga o pato.” Seguem elas grifadas, aí embaixo.

  • Rescaldo de 64

    O Estado de São Paulo (São Paulo), em 08/05/2004

    Quando do quadragésimo aniversário da revolução de 64, houve muitas manifestações de expressivas figuras que dela participaram, destacando-se o magnífico depoimento do caro amigo Ruy Mesquita.

  • Pit bull fora de moda

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 07/05/2004

    As pesquisas de opinião pública, instrumento moderno de bisbilhotar o pensamento coletivo, oferecem-nos surpresas que, muitas vezes, não são sonhadas. A maior conseqüência política da pesquisa de opinião, como diria o Conselheiro Acácio, é a aferição da legitimidade dos governantes. Nada dá mais calafrios a quem governa do que uma pesquisa para baixo.

  • Política faz mal à saúde

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 06/05/2004

    Política é letal como a câmara de gás, a cadeira elétrica, a forca e a empada que matou o guarda. Gosto de reler Lima Barreto e, outro dia, reparei a distinção que ele faz entre a cultura, a economia e a política. Seu melhor personagem, Policarpo Quaresma, paga tributo às três principais expressões da atividade humana.

  • Formação de líderes

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 05/05/2004

    O saudoso Assis Chateaubriand, que faz muita falta no Brasil da era luliana, lançou a idéia de construir no Brasil uma réplica da Ecole de Chartes , da França, para formação de líderes políticos, a fim de fortalecer a nossa frágil democracia. Logo depois sofreria o derrame que o imobilizou no leito durante oito anos, e todos os seus ideais, entre eles o da Escola de Líderes, foram por água abaixo. Morto em 1968, seu amigo Austregésilo de Athayde e companheiro quis reviver a idéia, mas inutilmente o fez. Não houve possibilidade.

  • A magia de um romance

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 04/05/2004

    Com a força de uma tempestade, abre Nélida Piñon um horizonte novo em sua obra e na própria ficção brasileira de nosso tempo. Com "Vozes do deserto" - romance inteiriço, como talhado em pedra - promove a romancista um ritmo de narrativa diferente em que, por exemplo, não há um só diálogo. Contudo, todos os incidentes da história parecem consistir num só diálogo.

  • Noites de outrora

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 03/05/2004

    Quando não tenho nada o que fazer, o que é mais ou menos freqüente para os meus lados, gosto de mexer em guardados, não mais por curiosidade, que não a tenho, mas por necessidade de compreender o processo que me transformou naquilo que sou, contra a minha vontade e, muitas vezes, contra o meu próprio interesse.

  • A mulher virtuosa

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ), em 03/05/2004

    “Os colares de pérolas reproduzidos no meu primeiro livro são para mostrar a riqueza e a beleza da mulher, de um modo geral.”. Assim a governadora Rosinha Garotinho, que encontra tempo para tudo, resume o que considera mais importante na obra “Que mulher é essa?”, breve em todas as livrarias brasileiras.

  • Vão aproveitando aí

    O Globo (Rio de Janeiro - RJ), em 02/05/2004

    Claro, já estava por acontecer há muito tempo, só não via quem não queria. E olhem que as novidades mal começaram. Como sempre, asseguram-nos que o alcance delas é cientificamente limitado e, mesmo que não fosse, haverá leis severas para coibir abusos. Tudo conversa fiada, claro, assim como era conversa fiada (embora os americanos não soubessem disso, porque acreditam nos filmes que eles mesmos fazem sobre como são sempre os mocinhos) a noção de que a invasão do Iraque seria uma espécie de passeio, um piquenique animado a fogos de salão. Já tínhamos visto um outro tipo de filme, como observei modestamente na ocasião, continuamos a vê-lo e conviveremos com ele, ai de todos, ainda por muito tempo.