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Artigos

 
  • Luiz Inácio não veio ver Celso

    O Globo (Rio de Janeiro), em 28/11/2004

    No domingo passado, esperei pôr os olhos no presidente. Não de muito perto, como na primeira vez, porque soube que a segurança dele está mais rigorosa e, além de tudo, não acredito que nem ele nem eu fizéssemos essa questão toda de estar perto um do outro. Mas esperei que ele aparecesse, sim. Era o enterro de um grande homem, cuja vida, até mesmo na FEB, em que se alistou ainda estudante, foi dedicada ao país. Vivemos numa era onde o cinismo e a descrença parecem dominar a maneira pela qual se vê a realidade, mas nessa era Celso Furtado jamais ingressou. Tive a felicidade, embora escassamente desfrutada, de partilhar de sua companhia e lembro que, mesmo fisicamente debilitado, conservava vigoroso o espírito e seus olhos faiscavam, quando falava no que lhe movia o coração. O que lhe movia o coração era o amor, a quase obsessão, pelo Brasil e seu povo, em cujo futuro sempre acreditou com veemência e combatividade, munido da erudição e da clareza de raciocínio que o tornaram um pensador consagrado e reverenciado em todo o mundo. Na época em que minha geração despertava para os problemas nacionais, ele foi mestre e exemplo, e exemplo e mestre continuará pelo resto de minha existência.

  • FHC e a Academia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/11/2004

    A vaga aberta na Academia Brasileira de Letras está criando problemas para alguns acadêmicos e para os candidatos que desejam suceder a Celso Furtado. Rosna-se por aí que FHC teria feito sondagens para entrar naquilo que os parnasianos chamavam de "nobre sodalício".

  • Um humanista

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/11/2004

    Conheci o professor Celso Furtado no início da década de 60, no tempo em que fui líder estudantil e presidia o Diretório Central de Estudantes da então Universidade do Recife.

  • Revoada de estrelas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 26/11/2004

    O Brasil passa por um momento de curiosidade internacional. A biografia do presidente Lula, de operário presidente, desperta uma atenção grande e excita indagações. Em seguida, o tamanho do Brasil e sua presença mundial fazem com que sejamos uma potência emergente.O presidente Lula, numa postura inesperada, tem excepcional gosto pela política externa e tem sido um viajante ávido por aumentar as nossas trocas comerciais. Seu estilo é bem pessoal.

  • Bush e a regressão já

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 26/11/2004

    O Governo Bush, revigoradíssimo nas urnas, não perde tempo em mostrar o quanto o seu novo mandato lhe permite escalar no avanço da hegemonia americana, e da garantia de sua defesa para além das próprias convenções internacionais que assinou. O fulcro aí está, no buraco negro de Guantánamo e do sustento de um trato unilateral e discricionário dos cativos da Al-Qaeda, a partir da leva de meio milhar de afegãos já há mais de dois anos na prisão do Caribe.

  • As caldeiras do inferno

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/11/2004

    Uma historinha que ouvi no seminário, envolvendo um padre e o Diabo, serve para ilustrar o que está acontecendo comigo nas últimas semanas.

  • Ameaça totalitária

    Diário do Comércio (São Paulo), em 25/11/2004

    Os três totalitarismos que dominaram o mundo no século passado e introduziram, mesmo, como assinalei no livro O mal na História , não fizeram de pronto, mas numa evolução que culminou na submissão ao sistema partidário, com sua hegemonia total sobre as instituições políticas. A democracia, que já florescia desde Alexandre II na Rússia, que florescia na Itália de Victor Emmanuelle e na Alemanha de Weimar, acabou soterrada pelos totalitarismos.

  • Os fiscais de Sarney

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/11/2004

    Um dos motivos que levaram os norte-americanos a expulsar Charles Chaplin dos Estados Unidos foi o fato de Carlitos ter retirado, na antevéspera do crack na Bolsa de Nova York, em 1929, todo o seu dinheiro e ações do mercado. Criou-se um escândalo. Suspeitaram que ele recebera informações privilegiadas.

  • Democracia - qualidades e defeitos

    Diário do Comércio (São Paulo), em 24/11/2004

    Não há dúvida que a invenção dos gregos, criando a democracia, foi um sucesso espetacular para todo o mundo. Basta examinar o funcionamento das boas democracias do mundo para se chegar a essa certeza. Infelizmente, a nossa democracia tem mais defeitos do que qualidades, mas chegaremos lá, numa boa democracia, quando a plantinha tenra de que falava Octávio Mangabeira crescer e ficar frondosa. No momento contentemô-nos em observar as que funcionam bem.

  • Língua portuguesa, uma disciplina fora de moda

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 24/11/2004

    Nas preocupações da Academia Brasileira de Letras, avultam as questões relativas à cultura e à educação do povo e, aí, ganha relevo maior uma competente e bem orientada política da língua portuguesa como fundamento e instrumento da cultura nacional.

  • Três abraços

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/11/2004

    Gostaria de mandar três abraços afetuosos e especiais. O primeiro ao Carlos Lessa, que acaba de ser demitido porque contestou os rumos do governo para o qual foi convidado. Ele tinha esperanças numa equipe presidida por Lula. Lutou contra a maré, denunciou a traição das promessas feitas durante a última campanha eleitoral. Defendeu os valores que o tornaram um dos intelectuais mais brilhantes do nosso tempo. Foi fritado e demitido.

  • Nelson e a tragédia

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 23/11/2004

    A façanha editorial do momento é o lançamento da obra teatral completa de Nelson Rodrigues feita pela Editora Nova Fronteira. Com os textos do trágico brasileiro em mãos, pode-se tentar uma análise do muito que significou e significa para a nossa cultura a presença entre nós de um autor com essa estranha e dilacerante força criadora. Desde que "Vestido de Noiva" subiu à cena em 28 de dezembro de 1943, no Teatro Municipal, tivemos todos a certeza de que o Brasil produzira, afinal, um gênio da literatura teatral.

  • O filme e Juscelino

    Diário do Comércio (São Paulo), em 23/11/2004

    Esta sendo anunciado, pelos cineastas, um filme sobre Juscelino Kubitscheck, abarcando toda a sua vida, desde o menino pobre, telegrafista em Minas Gerais, até o seu fim, punido pela revolução de 31 de março de 1964. Como o cinema brasileiro não se subordina a uma ou mais empresas, como o de Hollywood, temos de esperar para ver se Juscelino foi ou não bem historiado pelo autor do roteiro, em todas as nuances de uma vida excepcionalmente cheia como a do simpático mineiro.

  • Celso Furtado

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/11/2004

    Na última quinta-feira, tive de sair mais cedo para ir ao médico. Ao me despedir de Celso Furtado, ele me tomou as mãos e perguntou como ia minha saúde. Agradeceu as palavras que, durante a sessão, foram ditas a respeito de seu artigo (que seria o último), publicado na véspera, no "Jornal do Brasil".