A nudez paradisíaca do caixa 2
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 16/11/2005
Arrastamo-nos esses meses pelo inédito da crise despertada pelo ''mensalão''. O espanto só cresceu por envolver o dito partido diferente, na sua promessa e fé de ofício petista. As últimas falas de Lula devolveram o sobressalto à sua velocidade de cruzeiro. Se pecou o PT o fez dentro do óbvio de uma mazela brasileira que vem do nepotismo da Velha República, passa pelas clientelas e valerioduto, apenas modernizou a corrupção. Seus respingos, agora simetricamente, caíram sobre os governos antecedentes e macularam tucanos impolutos, como petistas acima de qualquer suspeita. Anderson Adauto, ex ministro dos Transportes, não está não só no paraíso da corrupção. Ninguém precisou de folha de parreira para conviver na promiscuidade do caixa 2, de todos os tempos e todas as legendas. Atirem a primeira pedra - ou o lençol - as direções partidárias que não sabiam - ou deixaram de coletar - os dinheiros não contabilizados que são a segunda natureza do sistema, até hoje.