Eleição e Representação
Falei, na semana passada, que precisamos de duas reformas urgentes: a do sistema de governo, adotando o parlamentarismo, e a do sistema eleitoral.
Falei, na semana passada, que precisamos de duas reformas urgentes: a do sistema de governo, adotando o parlamentarismo, e a do sistema eleitoral.
A pandemia que expõe aos olhos do país a inépcia, a falta de empatia e a corrupção nas entranhas do governo do presidente Bolsonaro, especialmente devido à CPI da Covid, foi a mesma que o poupou de manifestações populares mais vigorosas, devido ao receio de sair às ruas em manifestações políticas imprescindíveis ao desencadeamento de um processo de impeachment.
Segundo o que escreveu Joaquim Ferreira dos Santos, em “Feliz 1958 — O ano que não deveria terminar”, aquele foi o ano que marcou o início de um novo Brasil que, na minha opinião, assumia o que já era desde muito tempo. “Niemeyer levantou as colunas do Alvorada, o Teatro de Arena levantou o pano e Tom Jobim levantou a tampa do piano”, diz a citação que Ricardo Cota faz, na magnífica biografia de Niomar Moniz Sodré, brasileira danada. “Ao fundo, levantando a voz, JK gritava: pra cima com a viga, moçada”. E a gente continuava a levantar o Brasil.
O ex-presidente José Sarney recebeu em sua casa em Brasília o ex-todo poderoso ministro lulista José Dirceu. Foi na própria terça-feira em que, pela manhã, o presidente Bolsonaro, acompanhado do General Luiz Eduardo Ramos, chefe do Gabinete Civil da presidência, foi visitá-lo.
Bolsonaro quer ampliar os limites para ver o que vai acontecer. Está muito preocupado com a queda de popularidade especialmente por causa das revelações de corrupção, incompetência e várias outras irregularidades no ministério da Saúde expostas na CPI.
A pandemia trouxe terríveis consequências para o alunado brasileiro. Uma delas foi ampliar o desinteresse pela educação. No caso do ensino médio, a geração nem-nem (dos que não estudam nem trabalham) alcançou um número vergonhoso, de muitos milhões de jovens.
A nota do Ministério da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas criticando o presidente da CPI, senador Omar Aziz, é uma distorção de suas palavras e atinge todo o Senado. Deveriam estar indignados, sim, com os militares que se envolveram em negócios polêmicos na Saúde.
As revelações da CPI da COVID, como levantamento do sigilo telefônico do cabo da PM mineira Luis Paulo Dominguetti, mostram que o ministério da Saúde e outros órgãos do governo federal estão dominados por grupos de atravessadores de qualquer negócio.
Os depoimentos de servidores da Saúde na CPI da COVID mostram como o ministério é dividido em feudos que não se falam, onde cada um cuida de seu negócio e ninguém cuida do geral. Com esse esquema, a chance de haver corrupção é grande, porque ninguém se responsabiliza pelo que já foi feito ou pelo será feito. Todos querem saber apenas de seu nicho, onde não se pode errar.
Bolsonaro tem o dom de Sadim, que, ao contrário de Midas, faz com que destrua tudo que toque.
O mais importante do que está sendo descrito na CPI da COVID é que existiu um processo de compra de 400 milhões de doses de vacina sem um fiscal do contrato. Chama a tenção também como a burocracia dos ministérios atrapalha o andamento dos processos.
Indicar ministro evangélico para o Supremo, com eventual aprovação pelo Senado, é direito do presidente da República. Tal como a indicação do católico ministro Menezes Direito pelo presidente Lula. Agradou muito sua base católica. O critério da religiosidade influencia, sim, decisões políticas. No Brasil do católico ex-presidente Dutra, o jogo de azar foi proibido. Dona Santinha, então primeira-dama, acreditava ser contra nossa tradição religiosa. Vale até hoje. Só com o primeiro presidente não católico, o luterano Ernesto Geisel, que controlava o Congresso, se aprovou o divórcio.
Há muito tempo que eu não ia ao Festival de Cinema de Brasília, do qual participara da criação, ainda no início dos anos 1960, com Nelson Pereira dos Santos e Paulo Emílio Salles Gomes fazendo dele catapulta para o lançamento nacional do Cinema Novo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem se mostrado uma barreira firme contra as tentativas de grupos radicais, estimulados pela postura do presidente da República, de ir contra a democracia, mas está desmontando toda a estrutura jurídica de combate à corrupção.
Salienta Jonathan Swift, o genial autor de “Aventuras de Gulliver”, que são “bem-aventurados os que nada esperam, porque não ficarão decepcionados”.