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Artigos

 
  • Lua-de-mel em Bariloche

    RIO DE JANEIRO - Das muitas coisas que não entendo, uma é a mania dos usuários de celular de fazerem os outros participar contra a vontade de suas venturas e desventuras. Minha curiosidade pela vida alheia não chega a tanto. Outro dia, num restaurante, em mesa próxima, uma senhora falava com uma amiga que lhe contava detalhes da lua-de-mel da filha num hotel de Bariloche.

  • Liberdade, cultura e política

    “Nada mais público do que o ato de escrever". A consagrada sentença, em discurso na Academia Brasileira de Letras, é de autoria do ensaísta e crítico literário Adonias Filho. Ela serve para demonstrar a relevância do intelectual, que é “um microcromo” - como sintetizou Ortega y Gasset em “Mirabeau, o Político” - na construção das diferentes visões do mundo e de outros novos. Ele amplia o território da liberdade que o gênio cervantino percebeu como “o maior bem que os céus deram aos homens” e tece o território da cultura ao exercitar sua capacidade criativa nessa, camonianamente falando, “estranha máquina que se chama mundo”.

  • Primeira palavra: milagre

    Durante alguns meses, estimulei meus leitores a escrever em meu blog sobre sete palavras que considero fundamentais nos dias de hoje: milagre tortura, prece, sofrimento, conselho, xenofobia (medo ao estrangeiro), casamento. Começo hoje a série de respostas, usando os pseudônimos ali colocados. Quem quiser ver todas as respostas, visite www.paulocoelhoblog.com, clicando em Discuss.

  • Machado e sua obra

    Antecipando as celebrações do centenário da morte de Machado de Assis, acaba de ser publicada nova edição do primeiro texto importante a ter sido lançado após o desaparecimento do escritor. Com ele, seu autor, Alfredo Fujol, firmou seu nome em nossa literatura, num livro em que se revela ao mesmo tempo narrador e analista, levantando a história e a obra de Machado de tal modo que se transformou na base para qualquer estudo posterior a tratar do assunto.

  • A paradoxal popularidade de Lula

    O mal-estar cívico e o perdurar da popularidade de Lula trazem ao atual panorama da democracia e da sua consolidação toda uma nova problemática. Ou seja; a de se saber até onde o que está em causa é ' um novo pacto social empírico, vinculado à solidez de uma consciência política, independente das condições clássicas de legitimação e das instituições democráticas definidas a partir da modernidade. Colher-se-ia talvez, no quadro do Brasil de hoje, ,o resultado a longo prazo do voto obrigat6rio, letra¬,do ou analfabeto, à margem dos pressupostos do elitismo, tradicionalmente definido como pressu¬posto do exercício desta mesma cidadania.

  • O direito de recusa

    Não fosse por estar incurso nas penas da lei, diria que essa senhora, Denise Abreu, está cobertíssima de razão ao pregar a resistência a ordens oficiais. É anti-democrático assinar ordens oficiais com soberania titular e de direito exíguos, convertendo-se, portanto, num decreto-lei inacessível à correção.

  • Para se entregar

    Um homem disse a Buda certa vez: “Eu queria seguir os seus passos, mas antes tenho questões filosóficas a indagar”. Buda perguntou: “O que você faria se, de repente, fosse atingido por uma flexa?”. O homem pensou. “Iria ao médico”, respondeu em seguida. “E você diria a ele para não retirar a flexa do seu corpo até saber tudo sobre ele?”, perguntou Buda. “Se eu esperar para saber isso, morro antes”, respondeu o homem. Buda então concluiu: “Da mesma maneira, se você quer ter todas as respostas antes de dar um passo, irá morrer sem sair do lugar”.

  • Novos caminhos

    Roger Pemrose conversava com amigos. Pararam de falar para atravessar a rua. “Quando chegamos à outra calçada e retomamos o assunto, fiquei com a sensação de que um pensamento incrível me ocorrera durante a travessia, mas não conseguia lembrar o que era”, conta. Resolveu então recapitular cada minuto do dia e, ao lembrar-se de atravessar a rua, a idéia voltou. Era a teoria dos buracos negros, uma verdadeira revolução na física. E tornou a surgir porque Pemrose acreditou em inspiração e lembrou do silêncio que fazemos ao atravessar a rua.

  • Um pouco do Joel

    RIO DE JANEIRO - Joel Magno Ribeiro Silveira, mais conhecido pelo codinome de Joel Silveira, ganhou o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, a mais consagrada láurea da literatura brasileira.

  • Os assentos nos aviões

    O ministro Nelson Jobim reclamou do aperto dos assentos nos aviões brasileiros. Acontece que o ministro é um homem alto, tipo atlético, que residindo no Rio Grande do Sul toma freqüentemente aviões para o conduzi-lo a seu local de trabalho, em geral, em Brasília. De fato, quem freqüenta os aviões brasileiros está farto de saber que as companhias aéreas procuram aumentar o número de assentos nos aviões para faturarem mais com as viagens de ida e volta. O ministro enfrenta, neste caso, a resistência das companhias aéreas, que não querem perder o faturamento das vendas de bilhetes aos passageiros.

  • Morte aos devotos do Pavão

    EM 1991 , quando Mitterrand, invocando o passado europeu, dizia que "a missão da Santa Aliança se esgotou na retomada do Kuait", escrevi neste espaço: "O Iraque será nesse quadro um novo Líbano? Esta realidade será terrível, na repetição da violência mais cruel, como se vê no massacre dos curdos, queimados nos desertos de Kirkuk".

  • O mundo no vermelho

    O nosso DC deu o título exato à situação econômica do mundo. Todos nós estamos no vermelho! No comentário que dediquei à crise americana, tive oportunidade de citar a entrevista do economista Nuno Câmara publicada por O Globo , onde ele dizia que o Brasil mantém grandes investimentos imobiliários e que poderia ser afetado pela crise decretada nos EUA, com os seus títulos imobiliários encalhados nos bancos pelos incorporadores inadimplentes.

  • Estágio e qualidade

    Sei que alguém perguntará “o que uma coisa tem a ver com a outra?” De fato, aparentemente, não há nenhuma ligação entre a construção da usina nuclear Angra 3 e os salários do magistério brasileiro. A não ser pela existência de abundantes recursos financeiros para o empreendimento (bilhões de dólares) e as desculpas de sempre: não se paga melhor aos professores por absoluta falta de dinheiro. Onde estão as nossas prioridades, do ponto-de-vista lógico? Ou até mesmo se levarmos em conta os interesses estratégicos do país?

  • Do lado esquerdo

    Os antigos mestres costumavam inventar vários personagens para ajudar seus discípulos a lidarem com o lado mais sombrio e obscuro de suas personalidades. Muitas dessas histórias relacionadas com a criação de personagens terminaram se transformando em famosos e conhecidos contos de fadas. O processo de criação é simplesmente e pode se revelar muito útil: basta colocar todas as suas angústias, seus medos e também suas decepções em um ser invisível, que fica, simbolicamente, do seu lado esquerdo. Esse ser invisível vai funcionar como o grande vilão de sua vida, sempre sugerindo atitudes que você não gostaria nem pensaria em tomar de maneira nenhuma – mas termina tomando. Uma vez criado esse tal personagem, fica muito menos difícil não obedecer a seus conselhos e, portanto, provilegiar o lado iluminado da personalidade. É um processo extremamente simples. E, por isso, funciona bem.