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Artigos

 
  • Os antigos já diziam

    Assevera antiga máxima que “um pai sustenta dez filhos, mas dez filhos não sustentam um pai”, sábio enunciado, cujo acerto vemos o tempo todo e que os velhinhos dos asilos confirmarão fartamente. Cobertos de razão estão os coroas que ouvem felizes tudo o que lhes dizem na churrascaria, no dia dos pais ou das mães, mas mantêm um ceticismo sadio e tratam de juntar os rendimentos que podem, que é para depois não serem provas vivas dessa máxima. Como hoje, ao que parece, amanheci mais recheado de provérbios do que Sancho Pança, acrescento que seguro morreu de velho e não de maus-tratos na Casa de Amparo aos Velhinhos Esperando-Ela.

  • Lula na Casa Branca

    Lula se entrevista este fim de semana com Obama, no começo deste intento de levar o presidente americano a uma visão ampla e prospectiva da América latina que tem diante dos olhos. É sem dúvida o lado do mundo menos conhecido pelo homem da Casa Branca. Permitiu-se, mesmo para escândalo dos mexicanos, penetrar uma das únicas gafes de sua campanha. No dircuso de Berlim referiu-se à queda, afinal, de todos os juros do muros no prenúncio de uma nova era. Mas esqueceu-se por inteiro que continua ereta a barreira no Rio Grande, fechando todo ingresso mexicano nos Estados Unidos, num portão que inclusive entra no Pacífico até 300 metros, tornando impossível praticamente o seu contorno a nado.

  • A imagem do Centro

    Se há um lugar que precisa de um choque de ordem, por razões práticas e teóricas, é o Passeio Público e suas imediações. É um dos pontos mais nobres da cidade: a porta de entrada para todo o Centro histórico. Mas foi atingido pelas transformações do próprio Centro.

  • Genocídio e realpolitik

    O Tribunal Penal Internacional acaba de dar passo inédito na garantia de um novo Estado de Direito no mundo global. Considerou criminoso contra a humanidade o Presidente Bashir, do sudão, e determinou a sua prisão. A iniciativa não tem precedente quanto ao governante em exercício e acusado de genocídio. O caso mais próximo é do antigo Chefe de Estado da Iuguslávia, Milosevic, a só de fato ser objeto de detenção e tranferência para Haia, após a sua queda do poder. Foi também como cidadão anônimo, escondido em Belgrado que Radovan Karadzic, da Bósnia-Herzegovina, está hoje na prisão holandesa.

  • O ponto G e o ponto zero

    Muitas teorias existem sobre o ponto G e a maior ambição de todos é encontrá-lo. É o máximo do máximo. Em economia, em tempos de crise, o ponto G é o ponto zero dos juros.

  • O PT de volta às origens

    O encontro nacional do PT no Rio deu mostras da profunda consciência das tarefas partidárias para responder à continuação do governo Lula. A legenda tem noção da perda da juventude, bem como da tarefa de voltar a ser partido de massas e de nítida presença no poder. Mas, sobretudo, o que importa é fortalecer a alternativa de mudança que representa, frente ao pântano do aliancismo.

  • Ar-condicionado e qualidade de ensino

    Segundo relato de historiadores como Pero Vaz de Caminha (o da carta), ao chegar ao Brasil, em 1500, o comandante Pedro Álvares Cabral, natural de Belmonte, Portugal, não se assustou muito com a nudez dos índios que frequentavam a praia (“nada cobria suas vergonhas”). Apesar de uma brisa constante, fazia calor pra valer. Os portugueses suavam em bicas e passaram a invejar a beleza dos naturais e a sua sem-cerimônia.

  • Um caso pessoal

    Passou discretamente pela mídia o 45º aniversário do golpe de 64. Houve reunião em alguns centros militares, muita troca de mensagens eletrônicas. Aos poucos, os herdeiros ou sucessores daquele movimento começam a expor “o outro lado” da questão, que, em geral, continua contada apenas pelo lado dos vencidos, mais tarde vencedores no plano da história, bem verdade que à custa de milhares de vítimas.

  • O amigo e o democrata

    BUENOS AIRES - Sou tomado nesse momento por um duplo sentimento de perda: a do amigo e a do homem de Estado. Raúl Alfonsín foi, sem dúvida, uma das maiores figuras humanas que conheci, e foi também o homem que abriu, com sua coragem, a integração latino-americana.

  • Escola atraente, um sonho

    A conversa com a professora Maria Auxiliadora Freitas, Secretária Municipal de Educação de Campos (RJ), é das mais esclarecedoras. Segundo nos confessou, é impossível existir uma boa relação ensino-aprendizagem numa escola suja, quebrada e mal-cheirosa. Foi assim que ela recebeu o sistema municipal, com suas 248 escolas, e hoje se esforça para renovar os prédios, licitando 138 obras prioritárias.

  • Juízos e juízes

    Cavacos do oficio me obrigavam, volta e meia, a comparecer sob vara nas Varas Criminais do foro local. Processos os mais variados, nos quais às vezes funcionava como réu, às vezes como testemunha de defesa ou de acusação, funções que procurava desempenhar civicamente, intimado ou convidado pelos meritíssimos.

  • A temática aliança das civilizações

    O Programa da Aliança das Civilizações depara uma circunstância nova no seu horizonte imediato. Ou seja, a do advento do governo Obama, que afasta o recrudescimento da pespectiva americana num fundamentalismo ameaçador em defesa do Ocidente, no seu impacto sobre a "guerra das religiões".

  • Falando da Doença

    Temos basicamente duas linguagens: aquela que falamos ou escrevemos e com a qual expressamos pensamentos, sentimentos, opiniões, e que serve basicamente para a comunicação entre pessoas; e a linguagem do corpo, que se traduz por sintomas e sinais: uma dor, uma febre, uma tumoração. Médicos são treinados para traduzir a linguagem da comunicação em linguagem do corpo. Assim, quando uma pessoa diz: “Qualquer esforço me dá falta de ar, tenho de dormir com travesseiro alto”, o profissional “ouve” o coração dizendo que já não tem força para bombear o sangue, e que este, acumulando-se nos pulmões, está gerando dispneia, ou seja, falta de ar.

  • Poetas de 45

    Estamos em 1945, a guerra terminara em 8 de maio. Não sabíamos que ela ia terminar. Mas, no fundo, sabíamos. Sabíamos porque desde o fim de abril, um grupo de jovens poetas, preparamos uma exposição de poesia. Isto mesmo: uma exposição de poesia. Datilografamos poemas em folhas de papel, emolduramo-los como se quadros fossem, e penduramo-los nas paredes da sala de entrada da Escola Nacional de Belas Artes na Rua Araújo Porto Alegre do Rio de Janeiro. Pertencíamos ao grupo: Antonio Fraga, Luciano Maurício, Aladir Custódio, Ernande Soares, Hélio Justiniano e este que vos fala. Conseguimos imprimir um catálogo, para o qual escrevi uma apresentação, com um poema de cada expositor. Inauguramos a mostra em 10 de maio de 1945 (dia do meu aniversário). Era a primeira demonstração pública da geração que viria mais tarde a ser chamada de Geração de 45. Verdade é que; antes dessa data, Nelson Rodrigues lançara o seu Vestido de noiva, Clarice Lispector publicara Perto do coração selvagem e Guimarães Rosa ganhara prêmio, em 1936, com os contos de Sagarana, só publicados mais tarde. Em todos eles havia a marca dos novos tempos. Que veio a ser afinal a Geração de 45? Terá sido simplesmente a negação da Semana de 22? A Semana já havia feito o que tinha de fazer, já havia conquistado o que tinha de conquistar. Mais importante, ainda, entre 22 e 45 houvera uma nova guerra mundial e uma tecnologia que mudava por completo o equilíbrio político das nações.