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Artigos

 
  • Outros tempos

    Passando pela avenida Atlântica, vi um helicóptero descer na praia, numa operação que me pareceu de treinamento. Lembrei-me de Juscelino Kubitschek. No dia seguinte ao de sua posse, às 7h30 da manhã, ele desceu em frente ao Copacabana Palace. Sem qualquer combinação prévia, foi buscar Richard Nixon, vice-presidente dos EUA, que viera para as solenidades que terminaram com uma recepção no Itamaraty.

  • Ao encontro de Camões

    Na missa de 7° dia, no Colégio Notre Dame, o padre Jorjão, diante de mais de 200 familiares, amigos e discípulos de Leodegário Amarante de Azevedo Filho, recordou que o mestre falecido vivia cantarolando o "Queremos Deus que é nosso Pai", como se estivesse se preparando para a glória da vida eterna. O nosso estimado Leo, com quem tive o privilégio de um convívio de mais de 50 anos, não conheceu o iGtium cum dignitate, expressão latina cunhada por Cícero, que significa lazer com dignidade, ou seja, todo homem, depois de uma dura vida de trabalho, tem direito, no fim da sua existência, a um honrado repouso(aposentadoria), o ;que ele não conheceu  por jamais ter interrompido as suas atividades de professor e escritor laureado. Nisso teve sempre a colaboração muito próxima da sua amada Ilka, ex-aluna da UERJ, com quem se casou para tornar prático o pensamento expresso no soneto de Camões, em que o vate português afirmou em inspirado soneto que "amor é fogo que arde 'sem se ver." Segundo a filha Cláudia, o amor entre eles podia ser visto constantemente, tal a afinidade das duas existências. Foi um casal exemplar.

  • Netas de Tiradentes

    Fiquei com pena de Tiradentes. De repente está passando à história como sugador da nação. Tinha tantos privilégios que até hoje transmite a quatro trinetos pensões de dois salários mínimos. Não temos realmente o gosto de fazer justiça. O maior de todos os heróis brasileiros não pode ser alvo de notícias que podem levar a conclusões erradas.

  • Reynaldo Jardim

    Nascemos no mesmo ano. E no mesmo dia, mês e ano começamos a trabalhar juntos na Rádio Jornal do Brasil, inicialmente como redatores de textos de publicidade e programas especiais. A PRF-4 era então uma emissora de médio porte, dez quilowatts na antena, e seu perfil quase exclusivamente clássico. Seu forte era o gênero lírico, transmitia óperas inteiras nas melhores gravações da época. Foi instalado um transmissor de 50 quilowats, dando maior potência à rádio.

  • Do regional ao global no conflito egípcio

    As marchas e contramarchas, no Cairo, entre oposicionistas e defensores do regime de Mubarak levam a novas interrogações sobre o conflito deflagrado pela revolução tunisiana. Não se pode atribuir, por completo, à manobra do presidente, a enxurrada nas ruas para sufocar os inconformados com o sistema. Multiplicam-se os depoimentos de uma classe média egípcia a sobrelevar a estabilidade consolidada do país, sobre as reivindicações de um pleno e amplo restabelecimento da democracia. De outro lado, a multiplicidade de lideranças autoassumidas contra o regime indica, cada vez mais, que não há um verdadeiro levantamento do inconsciente coletivo egípcio. Fosse tal a situação, eclodiria uma mobilização consequente a, já, ter, nesta altura, carismática ou não, uma clara liderança no abate a Mubarak. 

  • A esfinge

    Tudo bem: a história guardará o movimento popular no Cairo que, sem quase derramamento de sangue nem depredações consideráveis, derrubou 30 anos de poder do ditador local. Não houve ataque à Bastilha nem invasão do Palácio do Inverno, como em outros feitos revolucionários.

  • Repensando o Brasil

    Ruy Martins Altenfelder Silva é um homem comprometido, na vida pública, com todos os desdobramentos da palavra ética, sobretudo quando se refere à política. Exerceu com brilho o cargo de Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia de São Paulo, é membro da Academia Brasileira de Ciências Jurídicas, faz parte de uma série de grupos de trabalho da Federação das Indústrias e hoje, de forma notável, preside os Conselhos de Administração do CIEE/SP e do CIEE/Nacional.

  • Ronaldo

    Poucas vezes a mídia, a nacional e a internacional, deu tanta e tamanha cobertura ao pendurar das chuteiras de um jogador de futebol. Alguma coisa funcionou na declaração de Ronaldo que mexeu com o sentimento que foi além do fato esportivo em si.

  • Democracia e maratona na praça

    O que foi que levou à renúncia de Mubarak, após a maratona do vaivém entre as cheias e o quase cansaço do povo, da Praça Tahirir? A queda do regime não nasceu de nenhuma arquiconspiração, nem de um trabalho missionário de elites, nem de uma catequese que chegasse ao seu ponto de ignição. Funcionou, sim, o exemplo tunisiano, num quadro mimético, mas que acendeu uma profunda exaustão com o regime. Os protagonistas decisivos da mudança vieram a ser essas forças armadas, profundamente coesas, com um treinamento de elite, e que, desde a saída, com o assentimento presidencial, negaram-se a coibir, pela violência, a manifestação popular, Esta se fazia com toda a espontaneidade de um primeiro protesto, que encontrava, também, em outra experiência virgem, nestes trinta anos de governo, a ausência de repressão. A Praça Tahrir tornava-se o local de um plebiscito vivo e continuado. Ou, até mesmo, em estratégias de mobilização, do que fosse a massa, no contra ou pró-Mubarak. Esta, indiscutivelmente, nascida de organizações governamentais, apostando, inclusive, num primeiro cansaço do povo na Praça. O estopim recrudesceu, pela retórica de novos protagonistas, liberado das prisões iniciais, pelo jogo continuado do não-intervencionismo das forças armadas. Deixou-se à perseverança da presença popular o desfecho final, do que fosse o sustento do regime para a mantença da ordem.

  • Uns tirinhos no Egito

    Neste mundo globalizado, de informação em tempo real, o contágio e a imitação fazem com que nada fique isolado e tudo se propague, se expanda como um rastilho de fogo. A internet livre e sem fronteiras fez com que o desejo de sacudir o jugo dos domínios partisse da Tunísia para Egito, Argélia, Jordânia, Barein, lêmen e agora Líbia. Não sendo profeta, apenas vejo que a Arábia Saudita é a próxima vítima ou protagonista.

  • Um pé de amoreira

    As fábulas podem ou não nos trazer lições.Mas, como nos adverte Jorge Luís Borges, bastam as fábulas, por nos levarem as lições de um inadequado moralismo.Pois a fábula já é a lição. Como não há que falar na ponte, se estamos no rio.

  • Estipular, definir e delimitar a ação do Estado

    Por que alguns governos democráticos têm bom desempenho e outros não?, indaga o cientista político Robert Putman na obra "Comunidade e democracia", cujo objetivo é contribuir para a compreensão do modo como as instituições formais influenciam a prática da política e do governo. Disso decorrem outras perguntas: "Mudando-se as instituições mudam-se também as práticas? O desempenho de uma instituição depende do contexto social, econômico e cultural? Se transplantarmos as instituições democráticas, elas se desenvolverão no novo ambiente, tal como no antigo? Ou seria que a qualidade de uma democracia depende da qualidade de seus cidadãos e, portanto, cada povo tem o governo que merece"?

  • Sobre o Holocausto

    Em 1/11/2005 a Assembleia-Geral da ONU aprovou por consenso resolução copatrocinada pelo Brasil que criou o dia internacional da comemoração das vítimas do Holocausto. Designou 27 de janeiro como a data para essa celebração, dia em que, no ano de 1945, as tropas soviéticas libertaram Auschwitz. A visualização dos horrores desse campo de concentração fez do nome de Auschwitz o símbolo do ineditismo do mal que o Holocausto, promovido pelo regime nazista, encarnou ao levar adiante, de forma organizada e deliberada, a preconceituosa e gratuita descartabilidade, em larga escala, de seres humanos (judeus, mas também ciganos, homossexuais, doentes mentais e deficientes).

  • Sobre as dez razões de um cronista

    Numa primorosa crônica, Luiz Fernando Veríssimo apresentou dez razões para aceitar de conhecido empresário um milhão de dólares. No meu caso, ouso apresentar dez razões para a rejeição dessa oferta:

  • O fogo se espalha

    "A ideia da liberdade não morre nunca" - esta frase foi do herói grego Leônidas, que, mesmo morto, indagado pelo seu inimigo Xerxes, disse esta eterna verdade. Oriente Médio, Golfo Pérsico, Mar Vermelho, Mediterrâneo - diga-se Egito, Líbia, Iêmen, Tunísia, Argélia, Bahrein, Marrocos - há muito tempo preocupam o Ocidente.